A trama que atrai a atenção da mídia e das massas em nossos dias, envolvendo o camisa 1 do Mengão como provável protagonista de um enredo no mínimo fétido, precisa ensejar uma reflexão bem mais abrangente. Volta e meia, a mídia exibe pessoas, militantes em diversas áreas (políticos, atletas, médicos, advogados, líderes religiosos, professores, empresários, juristas, atores, enfim), todo tipo de gente muito boa nas profissões que escolheram; gente imbatível nas arenas onde exercem suas profissões. Pessoas muito bem preparadas, formadas, treinadas; gente que já não precisa mais provar nada a ninguém. Mas gente que não está sabendo jogar o jogo da vida de acordo com as regras. É professor “cobra”, performático e supereficaz em sala de aula. Mas quando sai da sala, longe da ribalta, aí é que a coisa pega. É um juiz rigoroso e justo, implacável e perspicaz no tribunal. O problema é depois que sai do Fórum… E por aí vai… O caso, em curso, do goleiro Bruno nem inaugura nem encerra a galeria dos excelentes dentro de campo e deploráveis fora. Numa livraria vi um livro, certa vez, com o título: Não basta ser excelente. Confesso que desse livro, só li mesmo o título. Do ponto de vista ético e à luz dos fatos que motivam este texto, é um título bem interessante. Vejam bem, de que adiantaram tantas belas defesas, tantos gols de adversários evitados, tanta fama e tanto dinheiro ganho pela destreza profissional. Se fora do campo de futebol o goleiro famoso freqüentava orgias, mantinha envolvimentos episódicos e irresponsáveis? Não basta ser excelente goleiro. Precisamos de excelentes pessoas. Precisamos de gente do bem. Gente que erra, mas que aprende com o erro, que cresce e melhora como ser humano. Precisamos de gente solidária, sensível; de gente saudável, que não admite prejudicar o outro, gente que ajuda que coopera; gente que soma que não compete e que agrega. Gente que não usa o outro. Precisamos de gente que ama e que não titubeia em estender a mão. De fato, o ser um profissional de destaque, famoso e midiático, surge ou não como adjunto da pessoa e não como sua identidade. Se for excelente, a pessoa o será sempre e em todo lugar, mesmo que não chegue a ser focalizada pelos holofotes da fama e da mídia. Precisamos focar a nossa Educação na formação de pessoas. É necessário valorizar e fortalecer a família como agência de formação do caráter e dos valores das pessoas. Chegou a hora de, corajosamente, tirarmos o foco da indústria de ídolos, nos preocuparmos menos em gerar reis, artilheiros, destaques e gênios; procurando antes formar pessoas saudáveis. Quando Jesus Cristo disse que veio para que tivéssemos vida e a tivéssemos em abundância, sem dúvida que o alvo nada tinha a ver com a fabricação de ídolos, mas sim com a geração de pessoas servas, pessoas sãs, bondosas e misericordiosas. Pessoas corajosas protegidas por sua integridade. Pessoas com senso de justiça, equilíbrio e do lado da verdade. Pessoas nutridas e movidas pelo Evangelho da graça de Deus. Gente do bem. O médico que abusava das pacientes, o professor que vendia droga para os alunos, o atleta que se perdia em orgias, o líder religioso que se tornou milionário à custa da simplicidade das pessoas etc. Essa gente toda mais cedo ou mais tarde é desmascarada e pode parar atrás das grades. Tudo porque foram excelentes… profissionais, mas não conseguiram ser gente do bem. É tão triste ter Bruno com aquele uniforme de presidiário, tão diferente do que usava nos campos e nos dava tanta alegria. Precisamos cuidar dos nossos filhos, orientá-los a serem pessoas do bem, promotoras da paz e da harmonia. Precisamos fazer isso enquanto nossos filhos ainda estão conosco dentro de casa. Um dia poderemos vê-los com o jaleco dos médicos, a toga dos juízes, o uniforme dos atletas, mas nunca com o roupão do presídio. Precisamos ser pessoas excelentes. Precisamos ser gente do bem. Precisamos ser como Jesus. (LÉCIO DORNAS)