Boaz ainda lhe falou: — Minha filha, fique aqui o resto da noite. Levante-se de madrugada, ainda escuro, e vá embora. Não quero que ninguém saiba que uma mulher esteve aqui. Ele falou ainda de suas intenções: — Pela manhã, irei até ao centro da cidade para procurar o resgatador mais jovem. Falarei da situação. Se ele quiser casar com você, é o que vai acontecer. Se ele não quiser, prometo que me casarei com você com muito prazer. Eu prometo diante do Deus Eterno que vive para sempre. (3.14-15) “Então, Rute voltou para a sua casa”. Antes de amanhecer, Rute se levantou. E antes que saísse, Boaz lhe disse: — Tire a manta que você está usando e a segure. Ela segurou sua manta diante de Boaz. O homem encheu a manta com uma boa quantidade de cevada moída e pôs nas costas de Rute, como se fosse uma trouxa. Então, Rute voltou para sua casa, na cidade. (3.16-18) “Boaz não vai sossegar até resolver o problema”. Quando Rute chegou em casa, Noemi lhe perguntou: — E aí: como foi? Rute contou detalhadamente o que acontecera e como Boaz a tratara. — E ele ainda me deu esta enorme trouxa de cevada, com as seguintes palavras: ‘Não volte para Noemi com as mãos vazias’. Então Noemi disse: — Agora, minha filha, basta esperar para ver o que vai acontecer. Boaz não vai sossegar até resolver o problema e vai ser hoje. Rute 4 (4.1-7) “É pegar ou largar”. No mesmo dia, Boaz foi para a entrada da cidade, onde os líderes se reuniam para tomar decisões. Sentou-se e esperou. Não demorou muito para que o resgatador mais jovem passasse. Boaz o chamou: — Olá, como vai? Vem aqui porque temos uma pendência para resolver. Boaz explicou do que se tratava e o homem concordou em participar da reunião. Com o pessoal reunido, Boaz expôs o caso ao homem, diante dos dez líderes da cidade: — Você bem sabe que Noemi voltou de Moabe e colocou à venda a propriedade que pertencia ao nosso parente Elimeleque. Eu estou aqui para lhe dizer que a prioridade na compra desse terreno é sua. Compre essa propriedade, que passará a lhe pertencer, nesse negócio que estamos aqui, diante dos líderes da cidade, para legalizar. Se quer comprar essa terra, a hora é agora. Se não quer, diga agora também. É pegar ou largar. Se você não quiser fazer o negócio, fique sabendo que eu comprarei a propriedade. O homem respondeu: — Eu compro. Boaz, no entanto, lhe informou: — Agora, tem um problema. Segundo a nossa lei, ao comprar a terra da mão de Noemi, a viúva de Elimeleque, você terá que receber como esposa a nora dela, Rute, a moabita. Casando-se com a viúva, você perpetuará o nome do falecido marido dela. O homem, então, mudou de ideia: — Nesse caso, não quero. Se eu fizer o resgate, vou pôr meus bens em risco, porque, segundo nossa lei, se Rute tiver um filho comigo, tudo o que eu adquiri antes do casamento vai para ele. Depois de explicar, o homem abriu mão do negócio, deixando Boaz à vontade: — Transfiro-lhe o meu direito. Não posso ser o resgatador. Em seguida, pegou sua sandália e a entregou a Boaz. (Acontecia assim em Israel, quando se fazia um negócio. Para confirmá-lo, um vendedor tinha que tirar a sandália do pé e entregá-la ao comprador. Era desse modo que um negócio era oficializado em Israel.) (4.8-12) “Saibam também que me casarei com a moabita Rute“. Quando o resgatador prioritário desistiu, Boaz pediu a palavra e disse aos líderes, na presença de outras pessoas: — Hoje todos vocês aqui são testemunhas de que comprei de Noemi a propriedade que pertencia a seu marido Elimeleque e seus filhos Quiliom e Malom. Saibam também que me casarei com a moabita Rute, viúva de Malom. Assim, o nome de Malom permanecerá para sempre. Que isto fique registrado e valha para sempre. A resposta de todos os presentes foi uníssona: — Sim, nós somos testemunhas. Em seguida, vieram os cumprimentos. Um disse: — Boaz, que o Deus Eterno abençoe Rute, que agora fará parte de sua família. Que ela seja abençoada como Raquel e Lia, que deram origem ao povo de Israel. Outro acrescentou: — Que o Deus Eterno faça de você, Boaz, um homem poderoso entre nós. Outro ainda desejou: — Parabéns, Boaz! Que o Deus Eterno dê ao casal filhos de tal modo que sua família seja tão abençoada como no passado abençoou Perez, o filho que Tamar deu ao nosso ancestral Judá. (4.13-15) “Noemi pegou o menino no colo e passou a cuidar dele”. Boaz se casou com Rute. Algum tempo depois, o Deus Eterno abençoou Rute e ela ficou grávida. Assim que a criança nasceu, algumas mulheres da cidade foram visitar a família e conversaram com a avó. Uma disse: — Louvado seja o Deus Eterno que lhe deu um neto, Noemi. Ele vai cuidar de você. Outra falou do seu desejo: — Espero que ele seja famoso em Israel. Outra falou: — Noemi, este neto é a vida que se renova para você. Ele é um presente de Rute para você. Ela a ama, Noemi. Ter uma nora assim é melhor do que ter muitos filhos. (4.16-17) “Noemi teve um filho”. Noemi pôs o neto no colo e passou a cuidar dele. Vendo tanta felicidade, as vizinhas perceberam que o bebê era como um filho para Noemi. Elas brincavam: — Noemi teve um filho. O menino recebeu o nome de “Obede” (aquele que está a serviço de Deus). Obede acabou se tornando o pai de Jessé, que seria o pai de Davi. (4.18-22) “Tudo começou com Perez”. Tudo começou com Perez, séculos antes. Perez teve os seguintes descendentes: Esron, Rão, Aminadabe, Naassom, Salmom, Boaz, Obede, Jessé e Davi. (Uma paráfrase por Israel Belo de Azevedo)