Total de capítulos: 8 Total de versículos: 117 Tempo aproximado de leitura: 30 minutos O LIVRO O título do livro no texto hebraico é “Cântico dos Cânticos de Salomão”, o que pode significar um cântico composto por Salomão, para ele ou a respeito dele. A expressão “Cântico dos Cânticos”, seria, portanto, o melhor dos cânticos, como encontramos em Deuteronômio 10.17, o Deus dos deuses e o Soberano dos soberanos. AUTOR E DATA O livro declara ser de autoria de Salomão (seu nome é mencionado várias vezes cf. 1.1,5; 3.7,9,11; 8.11,12), e não há porque se duvidar disso. Mesmo assim, alguns estudiosos, com base em características pessoais e linguísticas, sugerem outros autores. Um dos questionamentos diz respeito a Salomão ter tido mil esposas durante a vida, o que certamente o constrangeria de ter escrito um livro cujo tema principal é o amor exclusivo, sendo ele um homem que praticava a poligamia. Uma das hipóteses é que o livro tenha sido escrito no período de sua juventude, antes de tornar-se rei, ou no século X a.C, já durante o seu reinado. TEMA E MENSAGEM No antigo Israel, tudo o que era humano se expressava em palavras, como por exemplo, a gratidão, a ira, a tristeza, o sofrimento, a confiança, a amizade, etc. Nos CÂNTICOS, o amor encontra o seu lugar de destaque; é o amor que encontra o que dizer através de palavras inspiradas. A primeira pergunta que nos vêm à mente quando lemos esse livro é: Por que razão um poema descritivo do amor de homem e uma mulher, numa linguagem carregada de erotismo, está incluído nas páginas da Bíblia? É simples. Deus viu a relevância do tema e providenciou um livro inteiro sobre o assunto. Deus se interessa pelo aspecto físico do nosso relacionamento. Foi ele que uniu o primeiro casal lá no Jardim do Éden e recomendou que eles se relacionassem sexualmente e pudessem procriar (cf. Gênesis 1.28). O poema descreve o amor conjugal entre dois personagens: um é Salomão (Selomon, o pacífico) e o outro é a Sulamita (Sulammith) uma donzela que ele desposa. Os jardins de Salomão servem de cenário (cena I) para descrever o início da relação que passa pela Sulamita sozinha (cena II), as núpcias reais (cena III), pelo palácio (cena IV e V) e pela casa da Sulamita (cena VI). O consenso atual entre os estudiosos é de que devemos estudar o livro procurando compreender literalmente seu conteúdo, embora, ao longo dos séculos, pessoas que têm advogado uma interpretação literal, acabaram pagando um elevado preço por suas opiniões. A Igreja, até o século XVI, insistiu por uma interpretação alegórica. Entre os reformadores, Calvino foi um deles, ao passo que Lutero, tentou seguir o sentido literal, embora não consistentemente. As posições são e sempre serão divergentes no que diz respeito ao assunto sexo na Bíblia. Um aspecto interessante ressaltado por um comentarista bíblico, é que a ênfase do poema, é o amor conjugal exclusivo entre marido e mulher (4.12), como um jardim fechado e uma fonte selada (metáforas usadas pelo autor para descrever a restrição dessa relação). Para o poeta, cada vida é uma vinha privada para o outro: “Quanto à minha própria vinha, essa está no meu poder” (8.12). Assim como Salomão é dono da vinha dele, também a amada é dona dos atrativos dela para compartilhá-los com quem quiser. ESBOÇO DO LIVRO I. Título (1.1) II. Primeiro encontro (1.2 – 2.7) III. Segundo encontro (2.8 – 3.5) IV. Terceiro encontro (3.6 – 5.1) V. Quarto encontro (5.2 – 6.3) VI. Quinto encontro (6.4 – 8.4) VII. Ápice literário (8.5-7) VIII. Conclusão (8.8-14) O TEXTO MAIS DIFÍCIL Sempre que ouvimos mensagens nos CÂNTICOS, elas acontecem quase que exclusivamente, nas celebrações de cerimônias de casamento. O pregadores preferem evitá-lo como fonte de inspiração para falar sobre a relação sexual saudável e monogâmica que precisa existir entre marido e mulher. São tabus que precisam ser superados. A Bíblia é um livro completo e que fala sobre o tema sexo, de forma natural. Nós é que, muitas vezes, formulamos preconceitos sobre o assunto. Vivemos num tempo em que a instituição do matrimônio e da fidelidade conjugal, tem sido cada vez mais atacada por todos os lados, onde a promiscuidade sexual tem ocupado o lugar da pureza no casamento: “Digno de honra entre todos seja o matrimônio, bem como o leito sem mácula; porque Deus julgará os impuros e adúlteros” (Hebreus 13.4). A instrução familiar é muito importante para que se tenha relacionamentos saudáveis. Vemos hoje, como os casais correm um sério risco ao deixar de apreciar o valor outro. Como cristãos que seguem os preceitos estabelecidos na Palavra de Deus, não podemos nos descuidar do casamento (para aqueles que são casados) e de uma vida de pureza (para aqueles que som solteiros). A Bíblia é bastante clara sobre o assunto nas recomendações de Paulo (ver 1Coríntios 7). O TEXTO QUE MAIS TOCOU O MEU CORAÇÃO O livro é muito rico em poemas que exaltam a beleza do relacionamento do casal. Escolhi um dos textos, dentre tantos, em que o esposo coteja a esposa e vice-versa: “Eis que és formosa, ó querida minha, eis que és formosa, os teus olhos são como os das pombas. Como és formoso, amado meu, como és amável! O nosso leito é de viçosas folhas” (Cânticos 1.15,16). Para o rei ela é linda, por isso, ele não se cansa de repetir. Além do mais, os cônjuges estão com o olhar fixado um no outro como parte importante da intimidade do casal. A expressão pombas, usada esposo, sugere ternura, pureza e simplicidade. Não podemos esquecer que toda a linguagem poética aponta para a relação de uma donzela que está sendo cotejada pelo esposo para ser por ele possuída. De igual modo, ela retribui, com o mesmo olhar de admiração por aquele que é o homem de sua vida. Aos seus olhos ele também é belo. Primeiro ela o chama de formoso para depois chamá-lo de amável, demonstrando que a beleza não deve sobrepujar