Título: 1º e 2º Livro das Crônicas Total de capítulos dos dois livros: 65 Versículos de 1Crônicas: 942 Versículos de 2Crônicas: 813 Total de versículos: 1.755 Tempo aproximado de leitura: 270 minutos INTRODUÇÃO A leitura do livros históricos da Bíblia, como os das Crônicas, por vezes nos deixa perplexos. Ao lê-los, contudo, devem ficar claros para nós alguns princípios, para que a leitura seja ao mesmo tempo informativa e inspirativa. 1. Os livros de Crônicas fazem parte da revelação progressiva de Deus. Naquele momento da história do povo, era aquilo que devia ser dito, de uma maneira que pudesse ser compreendida. Agora, que temos o Novo Testamento (que completa a revelação), devemos fazer uma leitura mais completa. 2. A presença de alguns registros não indica que Deus aprovou o comportamento de algumas pessoas. É muito proveitoso ler, às vezes no início, às vezes no final, que Deus aprovou ou reprovou determinado rei. 3. Há uma teologia clara acompanhando os registros históricos. Desde Samuel, fica claro que Deus é o Senhor da história. Por isto, alguns comportamentos são atribuídos a Deus, porque, para o autor, tudo o que acontece na história está sob a vontade de Deus, mesmo as ruins por causa da maldade humana. Deus age de modo direto e indireto. 4. As histórias são muito inspiradoras. Quando olhamos para o mundo político de hoje, notamos que os governantes não mudaram. Esta percepção deve nos levar a uma pergunta: e nós? Nós mudamos? Esses retratos cronísticos são um convite a que nos vejamos no espelho. O TÍTULO Seu nome em hebraico, dibrê hayyãmmim (= anais), indica que são dois livros históricos do Antigo Testamento que tem este nome. A LXX (Septuaginta – Versão grega preparada por Setenta estudiosos) dividiu-o em dois, denominando-os Paralipômenos, que significa “coisas omitidas”, e esta divisão foi bem aceita em todas as edições. A palavra Crônicas deriva-se de Chronicon, com que Jerônimo nomeou estes escritos que ele descreveu como sendo “Crônica de toda a história sagrada”. FONTES Assim como nos livros dos Reis, o autor das Crônicas é de igual modo desconhecido. Apesar do Talmude e a maioria dos escritores judaicos, bem como os Pais da Igreja Cristã, atribuir a Esdras a autoria do livro, esta tradição carece de provas, apesar de existir uma semelhança muito grande entre a linguagem de Crônicas e Esdras. O fato de que as Crônicas são uma compilação de documentos antigos, que certamente foram obra dos profetas, evidentemente se deduz dos livros. Por outro lado, os livros de Crônicas estão incluídos na seção Hagiógrafo, a terceira e última divisão do cânon hebraico, e não entre os livros proféticos, o que nos leva a crer que provavelmente o autor não era profeta. Esses documentos são, segundo parece, muitas vezes citados literalmente (cf. 2Crônicas 5.8, 8.8), sendo a finalidade do compilador estabelecer uma relação entre os documentos e a sua própria narrativa, e não modificá-los. Além disso, muitas passagens são idênticas, ou quase idênticas, a outras do livro dos Reis, revelando isso que tanto umas como outras foram tiradas dos mesmos anais. HISTORICIDADE Durante muito tempo, a fidedignidade histórica de Crônicas foi posta seriamente em dúvida. Acusava-se o autor de ter projetado no passado a situação e as idéias do seu próprio tempo, a fim de escrever assim uma historia ideal. Até certo ponto, isso é verdade, como em qualquer livro de história; muitas vezes o cronista, implicitamente, nos informa mais sobre o seu próprio tempo do que sobre o passado… Lendo Crônicas, devemos ter sempre diante dos olhos as intenções do autor, lembrando-nos que ele quer fazer em primeiro lugar história religiosa. Este seu método fica bem evidente quando nos dá alguma informação não conhecida por outras fontes. Quanto à fidedignidade, as pesquisas históricas e arqueológicas vão sempre confirmando os relatos. É verdade que ainda temos informações que outras fontes não confirmaram, mas isto é uma questão de tempo. Assim mesmo, o que deve nos interessar mais, como leitores de hoje, não é este tipo de fidedignidade, mas a natureza didática do livro. Crônicas são uma escola de vida. Na verdade, a idéia central de toda a obra é o templo, lugar destinado a adoração cuja fonte de inspiração estava em Davi. Ele desejou no seu coração construí-lo, mas foi impedido por Deus por ter suas mãos manchadas de sangue pelas muitas guerras que realizou, passando este legado ao seu filho e sucessor Salomão (1Crônicas 28.2-5). Não obstante ser o lugar da adoração, toda a vida de Israel palpita em torno do templo; ele é o centro vital de Jerusalém e Jerusalém é o centro de todo o Judá, que é a parte vital do povo eleito. Apesar do edifício ter um caráter simbólico, não deixa de ser um verdadeiro fator de unidade religiosa de todo o Israel. Podem nos parecer desinteressante nos dias de hoje, por exemplo, detalhes de uma lista em cuja genealogia se indicam nomes de sucessivas gerações, mas que constituíam o fundamento da vida coletiva, sendo, portanto, verdadeiros documentos oficiais para provar o direito que todo o levita tinha de exercer os atos de culto. Assim podem nos soar também as minuciosas normas litúrgicas, as amplas descrições de solenidades (sobretudo, a Páscoa), inclusive, com a descrição dos animais imolados em todos os trabalhos executados no templo, o que demonstra o cuidado do cronista, desde os preparativos feitos por Davi até à restauração por Josias. Paralelamente, mas subordinada a esta idéia principal, desenvolve-se outra, a da dinastia davídica. A família davídica é a única depositária do poder legítimo sobre Israel. Os seus membros, portanto, são os principais servos de Javé, e os reis que dela descendem têm como dever primordial o cuidado do templo, pois a sua autoridade régia é um reflexo da autoridade divina, que brilha no templo. (BÍBLIA SAGRADA. Rio de Janeiro: Edições Paulinas, p. 396.) ESBOÇO DOS LIVROS O período pré-davídico é dado na forma de genealogias, com algumas particularidades históricas (1Crônicas 1-9). Esses