Depois de dezoito meses em que, junto com sua família e com o apoio de sua igreja e de comunidade de amigos, lutou contra o câncer no peritônio (“membrana que recobre as paredes do abdome e a superfície dos órgãos digestivos”), descansou o pastor Manoel XAVIER dos Santos Filho, há quase 17 anos na liderança da Igreja Batista Memorial da Tijuca, na cidade de do Rio de Janeiro. Ele tinha 52 anos e deixa a esposa, Clenir, com quem se casou em Curitiba, e os filhos Felipe, Luana e Fábio.Xavier se converteu aos 17 anos de idade, tendo sido batizado pelo pastor Hélcio da Silva Lessa, na Igreja Batista Itacuruçá. Nesta igreja foi chamado para o Ministério Pastoral e recomendado ao Seminário Teológico do Sul do Brasil. Como parte de sua formação, atuou como seminarista na Igreja Batista de Cordovil (Rio de Janeiro, RJ). Depois de formado, serviu pioneiramente junto à população que construiu a hidrelétrica de Itaipu. Em seguida, foi, por quatro anos, pastor de jovens na Primeira Igreja Batista de Curitiba, pastoreada então por Marcílio Gomes Teixeira. Nesta mesma cidade, assumiu o pastorado da Igreja Batista do Bacacheri, onde conheceu Clenir, com quem se casou em 31 de maio de 1986. Após sua pós-graduação na Inglaterra (Spurgeon’s College) e no País de Gales (Cardiff University), foi eleito para para a Memorial da Tijuca, onde, a partir de 31 de março de 1991, construiu uma igreja e um templo, erguido sobre o anterior à Rua Conde de Bonfim, 789 (Tijuca, Rio de Janeiro, RJ). SUAS IGREJASSobre cada uma das igrejas, pelas quais passou como seminarista e pastor, deixou um testemunho.Sobre a Igreja Batista Itacuruçá, escreveu: “Foi a igreja onde se deu a minha conversão, através do clube bíblico que ali funcionava; a minha chamada para o Ministério que é a base da minha formação como crente em Jesus, isto devido a uma sólida e inesquecível Escola Bíblica Dominical. Preguei naquela igreja o meu primeiro sermão, e aqueles irmãos, acostumados a ouvirem o Pr. Hélcio Lessa, um grande expositor da Palavra de Deus, me ouviam atentamente e balançavam a sua cabeça me apoiando, ou talvez, tentando não dormir. (… ) Esta igreja suportou as minhas instabilidades, meus altos e baixos. Reconheceu a minha chamada para o Ministério, deu-me oportunidades para pregar nos cultos ao ar livre nas praças e para ajudar no trabalho dos presídios e ainda me ajudou financeiramente no curso no Seminário Teológico Batista do Sul do Brasil. O Pastor Hélcio Lessa foi o meu pastor durante todos aqueles anos. (…) Aprendi ali que a igreja é um dos instrumentos de Deus para a conversão e a firmeza doutrinária, além de fonte das vocações.Sobre a Igreja Batista de Cordovil, testemunhou: “Fiquei ali os dois últimos anos do Seminário. Uma igreja sólida doutrinariamente, pastoreada à época, pelo Pastor Jonas Lisboa. Uma igreja composta de gente simples, cujas casas estavam sempre abertas para receber. Fiz as minhas refeições dominicais, enquanto seminarista, nas casas de vários irmãos. (…) Muitos domingos almocei na casa do Pastor Jonas e de sua família. Com ele aprendi muito. As coisas práticas que não se aprende no seminário. Ele também é um excelente expositor da Palavra de Deus e um homem muito ciente de suas funções pastorais. (…) Aprendi ali a lidar com as diferenças, a viver um cristianismo mais simples, a ser mais humilde e compromissado com o Senhor. Aprendi ali que a igreja é um lugar de descoberta e desenvolvimento dos dons espirituais”.Sobre a Primeira Igreja Batista de Curitiba, anotou: “Ali foi a minha pós-graduação no pastorado. Aprendi na prática muitas coisas com o Pastor Marcilio e com os membros da PIB que me acolheram como filho. Na verdade fui verdadeiramente “adotado” pelo casal Sofonias e Janety, que substituíram os meus pais no meu casamento. A igreja é verdadeiramente uma família. Sempre experimentei isto por onde passei. Ali aprendi a importância do mentoreamento, quando esta prática nem existia. O pastor Marcilio pacientemente sentava comigo e me orientava em muitas áreas do ministério e a esposa dele, a irmã Helena, era a minha conselheira sentimental, uma vez que eu era um pastor solteiro. (…) Aprendi ali o valor do discipulado contínuo como compartilhamento de vida.Sobre a Igreja Batista do Bacacheri, registrou: “Uma igreja muito querida. Quantas experiências eu tive ali. (…) A igreja do Bacacheri foi também muito paciente e amorosa comigo. Até hoje, passados tantos anos, ainda temos ali muitos amigos que deixamos. Gente que chegava junto.Sobre a Igreja Batista Memorial da Tijuca, desabafou: “É a igreja da minha maturidade ministerial. Tenho aprendido muito nesta igreja. A igreja onde fiquei mais tempo como pastor até aqui. (…) Tem sido também uma igreja especial, porque tem sido a igreja com a qual tenho crescido através do sofrimento. A Memorial é uma igreja que tem sabido não apenas se alegrar comigo, mas também chorar. E como já choramos juntos. E como temos crescido juntos. Uma igreja que tem sido paciente comigo, me acolhido nas minhas enfermidades, sabido esperar o tempo de Deus com relação à minha saúde. Igreja que tem acolhido a minha família e nos oferecido todo o tipo de apoio que se pode imaginar, em especial, nestes últimos tempos. Às vezes não sei se sou eu que os pastoreio ou se são eles que me pastoreiam. Penso que são as duas coisas. ENFERMIDADEEm 2006, foi-lhe diagnosticado um câncer, que acabaria por levá-lo. Nesse período submeteu-se a algumas cirurgias. Em janeiro de 2007, pregou um dos sermões da Assembléia da Convenção Batista Brasileira em Florianópolis. Em julho ele explicou, mesmo desejoso de tirar o foco da sua pessoa, a sua condição: “A minha situação atual é a seguinte: os tumores que ainda estão no abdômen são de um tipo raro, cujo tratamento é cirúrgico. O cirurgião que me operou entendeu que não deveria tentar tirar todas as lesões, especialmente da parte posterior, pois poderia colocar em risco a minha vida”.Surgiu a possibilidade de uma viagem aos Estados Unidos para a consulta a outro especialista.