Marcos 9.14-29: A FÉ QUE SALVA

A FÉ QUE SALVA

Marcos 9.14-29 (Cf Mt 17.14-23; Lc 9.37-45)

Pregado na Igreja Batista Itacuruçá, em 12.12 (noite)

1. UMA TRISTE REPREENSÃO
Por que os nove discípulos  (exceto Pedro, Tiago e João) não curaram o menino doente, deixando-se ridicularizar pelos doutores? É sempre assim: o mundo usa as vidas dos cristãos não para julgá-los mas para julgar o Evangelho.
A atitude dos nove discípulos entristeceu a Jesus, basicamente por causa da imaturidade espiritual deles.

1.1. Faltou-lhes um senso da presença de Deus.
Jesus estava no monte, tendo levado três discípulos para orarem a sós. Enquanto estava lá, seus discípulos se sentiram órfãos e passaram a viver como se Deus não estivesse com eles.
Antes deles, quando Moisés ficava no monte, seu povo fundia jóias para fazer um Deus. Agora os discípulos se envolviam em discussões inúteis, perdendo o poder da presença de Deus em suas vidas.
E o que discutiam?
– Quando Jesus voltaria?
– Se aquele menino não fora predestinado?
– Que tipo de musica deviam cantar quando Jesus voltasse…

1.2. Faltou-lhes compaixão
O texto denuncia a busca humana pelo espetáculo (vv. 37-38). Os cristãos precisam buscar os que estão perdidos, mas deve haver limites no seu marketing.
Naquele caso, sua religião era pródiga em discutir, mas não em transformar, por lhes faltar compaixão. Jesus não perdia tempo diante das necessidades humanas: buscava satisfazê-las. O combustível do Cristianismo tem que ser a compaixão porque o mundo nos faz o mesmo pedido do pai do menino doente: “Tem compaixão de nós e ajuda-nos” (v. 22)

1.3. Faltou-lhes fé
Diante de uma doença que causava dor e vergonha (a exemplo de Machado de Assis, havia uma fé fraca. Uma fé fraca é um impedimento à ação de Deus.
O pai do menino, que não era um seguidor de Jesus, demonstrou ter mais fé que os seus seguidores.
Uma fé fraca não incomoda as pessoas. Nossa fé precisa incomodar. O demônio se agitou diante da presença de Jesus.
Uma fé fraca vive de orações burocráticas, até bonitas, mas sem confiança, sem compromisso.
O caso da China (Rick Watts, em “Jesus, o modelo pastoral” – p. 132-134).

2. A FORÇA DA FÉ
Jesus diz que “tudo é possível àquele que crê.” (v. 23). O evangelista Mateus acrescenta que, pela fé, uma montanha pode ser transportada para o meio dos mares (Mateus 17.20).
O que significa isto? O cantor Roberto Carlos deu a sua resposta: “Eu me considero um cara realista. A fé não remove montanhas. Não muda o curso das coisas, muda você. Mas mover a montanha, não move mesmo. Não me iludo”. (Folha de S. Paulo, 11.12.2004)
Também não me iludo: não temos e não teremos a fé que Jesus teve. Se tivéssemos, transportaríamos montanhas e levantaríamos mortos.
De uma coisa sei, porque são palavras de Jesus: “Tudo é possível àquele que crê”, não por causa do seu poder, mas do poder daquele em Quem cremos.

Resta uma pergunta: O que é possível ao que crê?
Ficar livre da morte e da aflição? Não. Jesus não ficou.
Ser abençoado com intervenções miraculosas de Deus sempre? Não. Jesus não curou todos os doentes que encontrou. A propósito, “não há nada errado com milagres. Milagres de Deus são sempre bem-vindos. Mas Israel viu os milagres e, mesmo assim, rejeitou ter a aparência de Jesus. Homens e mulheres de caráter, parecidos com Jesus, são o grande milagre do Cristianismo”. (WATTS, Rick, p. 134)..

Tomemos cuidado para não ficarmos numa fé imatura, que é a fé que não cresce (os discípulos estavam com Jesus, mas sua fé não resistia a uma “viagem” do Mestre).
Fé imatura é a fé que está sempre pondo Deus à prova. O pai tinha uma fé imatura. “Se podes?” (v. 23) Jesus está diante de uma fé que desafia a Deus é fé imatura; até podemos tê-la, mas não podemos ficar nela. Não precisamos de uma fé que prove Deus, mas de uma fé que se deixe provar por Deus.

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