Lucas 1.48a: O OLHAR DE DEUS

O OLHAR DE DEUS
Lucas 1.48a
Pregado na Igreja Batista Itacuruçá, em 5.12.1999 (manhã).)

1
Quando jovens pensam em namorar ou casar, é inevitável a pergunta sobre a família dos dois.
“De que família você é?” — eis a pergunta.
No caso de Maria, não dispomos de muitas informações, embora tenhamos a genealogia completa de seu marido, José, em outro lugar da Bíblia (
A pergunta “de que família você é” tem dois interesses. Um é saber acerca dos padrões morais da família da pessoa em questão, na pressuposição de que ela será igual ao próxima. Outro é conhecer as posses financeiras da família. Nas novelas, especialmente as de época, isto fica bem destacado nos enredos.
Podemos, pois, dizer que não temos informações sobre a família de Maria, e muito menos sobre suas posses.
O modo como Jesus nasceu provoca desconfiança sobre este fato histórico, sobre o qual não há qualquer outro registro.
O fato de ser filho de uma camponesa e de um carpinteiro provoca desconforto em muitas mentes. Já o foi assim ao seu tempo. A esperança davídica [DESENVOLVER] é uma evidência desta realidade.
Este é um grande paradoxo: os pais de Jesus são obscuros e pobres.
Ao longo da história, Jesus já foi objeto de escárnio por sua condição de pobre. Ninguém gosta de pobre. [BRINCAR COM “SAI DE BAIXO” e “JOAOZINHO TRINTA”].
Ninguém também quer a companhia das pessoas obscuras. Em todas as épocas, especialmente nas nossas, há um culto às personalidades. As revistas publicam fotos de casas e “caras” dos “chiques e famosos”. Nunca entramos na casa da Sandy, mas sabemos quantos metros quadrados tem o seu quarto. Está nas capas das revistas.
O nosso é o mundo das modelos e manequins. Nada mais importa que a fama. O negócio é ser famoso.
Vimos como foi o nascimento da Sasha. Logo veremos o nascimento do filho do Ronaldinho. Vai dar ibope. Vai vender revista. Nós gostamos de saber dessas coisas, se estão ligadas aos famosos.
Certamente a gravidez de Maria não daria 1 segundo na televisão e nem uma linha nos jornais e revistas. O interesse seria simplesmente zero.

2
Havia uma família real em Israel. Ela estava a serviço de um império estrangeiro, mas não teve culpa disso. Foi vencida pela força e gostos.
Havia uma família sacerdotal em Israel. Ela também estava a serviço da religião oficial, permitida pelo poder imperial também, mas todas as aristocracias só querem saber de proteger os seus interesses. Isto não é nenhuma novidade.
Havia familias em boas condições financeiras. Como havia muitos pobres, havia uns poucos muito ricos.
Jesus escolheu a família de um Zé Ninguém e de uma Maria Qualquer.
É por isto que Maria celebra a Deus, que atentou para sua condição humilde. Atentou, não para desprezar, mas para prezar. Deus olhou para gostar e gostou. Deus olhou para escolher e escolheu.
Há pessoas que atentam muito para as outras. São observadoras competentes. Elas olham de cima em baixo, para procurar defeito, para ver se podem confiar nelas. Obviamente, há muito preconceito, porque as pessoas são julgados por aquilo que nelas se pode ver.

3
Deus não olha com preconceito. A permanência do preconceito hoje, de cor, de religião, de condição social, de lugar de moradia.
Ele nos olha como gostaria que nós fôssemos, e não como realmente somos.
Olhemos também para os outros do modo como Deus olha. É difícil, mas peçamos a Deus força e sabedoria para isto.

4
Deus não olha em função de quaisquer possibilidades, sejam elas familiares, educacionais, profissionais ou financeiras.
Ele nos ajuda a viver além das possibilidades. Quem era Maria para gestar o Salvador do mundo? Ela foi mais que isto: foi mãe presente e atuante e ajudadora. Porque ela reconheceu o poder de Deus em sua vida e buscou a sua presença, ela pôde ser o que foi e pôde fazer o que fez.

5
Deus olha para os prontos de coração, prontos para viver segundo os seus valores, mesmo que eles se contraponham radicalmente aos nossos.
Nós somos convidados a abrigar o Salvador. Não podemos gestá-lo no ventre, mas podemos guardá-lo no coração.

6
Deus olha para os dispostos a ser servos. Todos queremos ser chefes, não empregados, o que é salutar. Teremos que querer o melhor. Somos educados para comandar, não para ser comandados. No entanto, estamos falando de outra dimensão. No relacionamento com Deus, Ele dirige; nós obedecemos.

CONCLUSÃO
Precisamos de um banho de humildade, de um despertamento de humildade. É com os humildes que Deus conta. É aos humildes que Deus fala. É aos humildes que Deus se revela.