PARA LER JOEL, OBADIAS, JONAS E MALAQUIAS (José Mauricio Cunha do Amaral)

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Total de capítulos: 11
Total de versículos: 196
Tempo aproximado de leitura: 40 minutos 

JOEL
O AUTOR

Não é possível identificar o profeta Joel com nenhuma das outras doze pessoas  que levam o mesmo nome. Seu nome só é citado em seu próprio livro e no livro de Atos (cf. Atos 2.16), mas parece ter sido um nome comum no Antigo Testamento cujo significado é “Javé é Deus”. Nem mesmo Petuel, seu pai, é conhecido (1.1). Alguns comentaristas sugerem que ele tenha vivido em Jerusalém e tenha ministrado no templo.

CONTEXTO HISTÓRICO

É difícil estabelecer uma data para o livro de Joel, pois o texto não contém evidências claras de quando o livro teria sido escrito. O que se sabe, é que o livro foi escrito depois de uma praga de gafanhotos que arruinou as plantações e consequentemente e vida do povo. Mesmo assim, a maioria dos estudiosos hoje em dia, prefere datá-lo após o exílio (aproximadamente 520-500 a.C). 

SUA MENSAGEM

A mensagem ao livro pode ser divida em três partes:

a) Está chegando o “Dia do Senhor”
Este será um grande e terrível dia (2.11,31), quando Deus julgará todos os povos do mundo (3.2), será um dia de destruição e terror (1.15), de escuridão e trevas (2.2).

b) Que todos de Judá voltem para Deus
O Senhor está sempre pronto a receber a pessoa cujo arrependimento é sincero (2.13). A última palavra de Deus não é castigo, mas amor (2.32), ele morará para sempre com o seu povo (3.17,20-21)

c) Deus promete derramar o seu Espírito sobre todas as pessoas
A promessa é para todos, não somente para os poderosos, os profetas e os sacerdotes, mas também para homens e mulheres do povo, para as pessoas jovens e idosas e até para escravos e escravas (2.28-29)

ESBOÇO DO LIVRO

1.1 Título
1.2 – 2.17    Convocações para a oração
 1.2 – 4    A gravidade da situação
 1.5 – 12      Desafios a diferentes grupos
 1.13 – 20    Um chamado à oração pública
 2.1 – 11    Pregando para um veredicto
 2.12 – 17    A única chave

2.18 – 3.21 Respostas de oração
 2.18 – 27    Vitória sobre os gafanhotos
 2.28 – 32    Renovação e proteção para o povo de Deus
 3.1 – 17    Tribulação para as nações e segurança para Israel
 3.18 – 21    Bênção para o povo de Deus

O TEXTO MAIS DIFÍCIL

Um texto que aparentemente pode trazer alguma dificuldade de compreensão é aquele que fala do arrependimento de Deus: “Talvez ele volte atrás, arrependa-se, e ao passar deixe uma bênção” (Joel 2.14). A imutabilidade é um dos atributos do caráter de Deus. O sentido aqui é de que o Senhor poderá prorrogar seu julgamento e se houver arrependimento (v.13), impedir que a catástrofe anunciada se cumpra (cf. Malaquias 3.6-7) 

O TEXTO QUE MAIS TOCOU O MEU CORAÇÃO

O imperativo do Senhor ao arrependimento nos faz lembrar de que ele espera de nós muito mais do que uma atitude exterior: “Rasguem o coração, e não as vestes. Voltem-se para o Senhor, o seu Deus, pois ele é misericordioso e compassivo, muito paciente e cheio de amor; arrepende-se, e não envia a desgraça” (Joel 2.13). Rasgar as vestes e cobrir-se de saco e de cinza significava para o hebreu estar arrependido do seu pecado. Mas Deus só é misericordioso com aquele que de fato rasga o seu coração, aquele que se desnuda na sua presença. 

OBADIAS
O AUTOR

Apesar do seu nome não ser incomum no Antigo Testamento, pouco se sabe, ou melhor, nada se sabe a respeito do profeta além do seu nome, cujo significado é “servo do Senhor”, ou “aquele que serve a Deus”. Nenhuma genealogia, lugar de nascimento ou moradia são indicados. Uma outra curiosidade,  é que, não somente o livro é o mais curto do Antigo Testamento, como também, é o que tem a menor introdução.  

CONTEXTO HISTÓRICO

A geografia e a história desempenham um papel importante nessa profecia, com evidentes hostilidades muito aguçadas entre Israel e Edom, seu vizinho a sudoeste. Edom, era um país onde moravam o edomitas, descendentes de Esaú, irmão de Jacó. Quando Jerusalém, a capital de Judá, foi conquistada pelos babilônios em 586 a.C, os edomitas não somente se alegraram com a derrota dos israelitas, mas também ajudaram o inimigo e aproveitaram a oportunidade para roubar os bens  dos moradores de Jerusalém (v.13).

SUA MENSAGEM

Sua mensagem é clara: Deus é o Senhor de todas as nações. Ele castigará os inimigos do seu povo e abençoará Israel.

ESBOÇO DO LIVRO

1a Introdução
1b – 15    Edom – O protótipo dos inimigos de Deus
 1b – 9    A destruição iminente
 10 – 15     Os crimes de Edom
15 – 21     Israel e as nações – Juízo e livramento
 15 – 18    Israel subjuga os seus próprios opressores
 19 – 21    A restauração de Israel
 
JONAS
O AUTOR

Não se sabe quem escreveu o livro, e nada sabemos a respeito de Jonas, além da citação encontrada em 2Reis 14.25: “Foi ele que restabeleceu as fronteiras de Israel desde Lebo-Hamate até o mar da Arabá, conforme a palavra do Senhor, Deus de Israel, anunciada pelo seu servo Jonas, filho de Amitai, profeta de Gate-Héfer”. Embora o livro não identifique o autor, a tradição atribui ao profeta a autoria do livro (1.1). Seu nome significa “pomba” em hebraico, mas não há nenhum simbolismo nele.     

CONTEXTO HISTÓRICO

O reinado de Jeroboão II estabelece o contexto histórico da história de Jonas. Esse monarca foi um dos grandes líderes militares da história de Israel. De acordo com 2Reis 14. 25-28, ele impôs sua autoridade sobre os territórios de Damasco e Hamate, restaurando assim a fronteira ao norte de Israel dentro dos limites que possuía nos tempos de Salomão (cf. 1Reis 8.65). Deve-se salientar ainda, que a Assíria era muito odiada após 745 a.C, quando Tiglate-Pileser III resgatou e institucionalizou seu imperialismo, começando a ameaçar a Síria e a Palestina, de modo que uma das ênfases do livro (de que Deus ama até mesmo os Assírios) certamente teria sido muito necessária em Israel em qualquer época após essa data.

SUA MENSAGEM

Apesar do foco narrativo fixar-se no profeta, o livro de Jonas é uma história sobre a misericórdia e o amor de Deus. Na realidade o livro apresenta um contraste entre o ódio egoísta de Jonas pelos seus inimigos e a compaixão de Deus por eles.

ESBOÇO DO LIVRO

I. A desobediência de Jonas e seu livramento
 1.1 – 2     O Senhor envia Jonas
 1.3        O profeta foge do Senhor
 1.4 – 16       O Senhor persegue Jonas: a grande tempestade 
 1.17     O Senhor preserva Jonas
 2.        A ação de graças e o livramento de Jonas 
II.        Jonas obediente e libertado
 3.1 – 2     O Senhor envia Jonas pela segunda vez
 3.3         O profeta obedece
 3.4 – 10    A pregação de Jonas; Nínive se converte e é libertada
 4.1 – 4    A ira de Jonas diante da compaixão de Deus
 4.5 – 11    Uma lição do amor de Deus

O TEXTO MAIS DIFÍCIL

“O Senhor fez com que um grande peixe engolisse Jonas e ele ficou dentro do peixe três dias e três noites” (Jonas 1.17). Para muitos estudiosos este texto é uma alegoria, isto é, algo não real. Afinal de contas, admitir que alguém depois de ser engolido por um grande peixe, passar três dias no ventre deste animal,  e ainda sair vivo, parece realmente algo absurdo, não é mesmo? Seria absurdo sim, se o Deus da Bíblia não fosse real. Aprendi quando era ainda muito pequenino numa classe infantil da escola dominical que eu podia confiar no Deus de Jonas.

O TEXTO QUE MAIS TOCOU O MEU CORAÇÃO

“Quando a minha vida já se apagava, eu me lembrei de ti, Senhor, e a minha oração subiu a ti, ao teu santo templo” (Jonas 2.7). Apesar da sua experiência derradeira como missionário ter sido tão amarga, por causa do ódio que Jonas nutria no seu coração contra o povo de Nínive, a sua oração é uma das mais lindas páginas que encontradas na Bíblia. 
 
MALAQUIAS
O AUTOR

O último dos profetas do Antigo Testamento, profetizou depois de Ageu e Zacarias. Nada se sabe além do seu nome. O nome do profeta Malaquias aparece apenas uma vez só (1.1) e é omitido em todo o livro. Seu nome em hebraico significa “meu mensageiro” ou, se Malaquias for uma forma reduzida de Malachiah, talvez “mensageiro do Senhor”.
CONTEXTO HISTÓRICO

O livro não apresenta data alguma, não cita nenhum personagem ou evento histórico definido que nos permita situá-lo em algum momento, mas algumas referências históricas indicam 430 a.C. O ministério de Malaquias se deu quase cem anos após o fim do cativeiro babilônico e do decreto inspirado de Ciro, em 538 a.C, que permitiu que os judeus retornassem à sua terra natal e reconstruíssem o templo (cf. IICrônicas 36.23).

SUA MENSAGEM

O tema central do livro é a grandeza de Iavé. Deus castiga os que lhe desobedecem e abençoa àqueles que lhe são obedientes. Outro assunto tratado no livro é a questão do esfriamento religioso do povo que se caracteriza pela “indiferença”, palavra subjacente a todo o livro. Um terceiro aspecto a ser considerado é a apropriação indébita dos dízimos. A sonegação dos dízimos era vista Iavé como roubo.  A mensagem do livro nos ensina que,   acima de tudo, Deus sempre amou o seu povo escolhido e nunca deixará de amá-lo (1.2;3.6,17). É um Deus que diz ao seu povo em todos os tempos: “Voltem para mim e eu voltarei para vocês, diz o Senhor dos Exércitos” (3.7).

ESBOÇO DO LIVRO

1.1 Introdução
I.    As dúvidas de Israel quanto ao amor de Deus (1.1 – 5)
II.    Degeneração do sacerdócio (1.6 – 2.9)
        Desrespeito de Deus no altar (1.6 – 14)
    Negligência à lei de Deus (2.1 – 9)   
III.    O fracasso de Israel quanto às práticas matrimoniais (2.6 – 10)
    Casamento com mulheres idólatras (2.10 – 12)
    O divórcio de mulheres israelitas (2.13 – 16)
IV.    A resposta de Deus ao pecado (2.17 – 3.5)
    Os culpados enfadam o Senhor com suas desculpas (2.17)
    A missão purificadora do mensageiro (3.1 – 5)
V.    O desejo de Deus de abençoar o povo (3.6 – 12)
    Sua promessa fiel de perdoar o arrependido (3.6 – 7)
    Israel rouba a Deus (3.8 – 12)
VI.    A diferença entre o justo e o perverso (3.13 – 4.6)
    As atitudes e palavras duras dos cínicos (3.13 – 15)
    A conduta piedosa do que é fiel (3.16 – 18)
    O Dia do Senhor (4.1 – 6)

Bibliografia:

Bíblia de Estudo de Genebra. São Paulo e Barueri: Cultura Cristã e Sociedade Bíblica do Brasil, 1999.

Bíblia de Estudo NTLH. Barueri, São Paulo: Sociedade Bíblica do Brasil, 2005.

Bíblia de Estudo NVI / organizador geral Kenneth Backer; co-orgnizadores Donald Burking… [et. Al]. – São Paulo: Editora Vida, 2003.

Coelho Filho, Isaltino Gomes. Os profetas menores (II) – Miquéias, Naum, Habacuque, Sofonias, Ageu, Zacarias, Malaquias. Rio de Janeiro: JUERP, 2002.

Comentário Bíblico: Vida Nova / D. A Carson … [et. Al]. – São Paulo: Vida Nova, 2009.

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