A VERDADEIRA LIBERDADE (Sylvio Macri)

“Irmãos, vocês foram chamados à liberdade. Mas não usem a liberdade para dar ocasião à vontade da carne, ao contrário, sirvam uns aos outros mediante o amor.” (Gl.5:13).

A verdadeira liberdade está fundamentada no amor, conforme ensina o texto acima. Cristo disse que, ao conhecer a verdade, seremos verdadeiramente libertados (João 8:32). Ora, Jesus é a verdade (João 14:6); portanto, quando somos salvos por ele é que experimentamos a liberdade. Mas, que liberdade é essa? É a liberdade para amar e salvar, para fazer o bem e servir, para usar nossas potencialidades pessoais numa perspectiva de compartilhamento. Para quem segue a Jesus não existe liberdade para odiar e matar, para fazer o mal, ou somente para ser servido e para viver de maneira egocêntrica.

Jesus foi o supremo exemplo deste tipo de liberdade. Sem que ninguém exigisse, ele renunciou aos seus mais preciosos direitos e tornou-se um de nós. Aqui vivendo, sofreu humilhação e desprezo; e padeceu, sem culpa, como o pior dos criminosos, por amor de nós. Ele não era obrigado a isto, mas viu a nossa miséria e perdição e fez o que só ele poderia fazer para resolver o nosso problema.   

A verdadeira liberdade é aquela que, antes de estabelecer direitos e prerrogativas, procura identificar e satisfazer as necessidades de todos. A verdadeira liberdade é aquela que visa primeiro o legítimo interesse dos outros. Não seremos livres para adquirir e acumular bens enquanto houver pessoas que não têm o que comer ao nosso lado. Não seremos livres para ir e vir, enquanto houver pessoas injustamente impedidas do mesmo direito. Não seremos livres para falar e fazer o que quisermos enquanto nossas ações prejudicarem os direitos e ofenderem a consciência de outras pessoas.

Há um tempo ouvimos o sociólogo italiano Domenico di Masi dizer, numa entrevista na TV, que a diferença entre as grandes cidades brasileiras e as italianas, em termos de segurança pública, é que na Itália praticamente não há pobreza absoluta, mas no Brasil há imensas diferenças entre as classes sociais. A riqueza de alguns poucos torna-se extremamente ofensiva em relação à pobreza de muitos, o que leva à extinção do princípio de liberdade, porque, se por um lado, os pobres são escravos de uma condição de miséria, por outro lado, os ricos se vêem obrigados a trancar-se dentro de casa, por causa da violência provocada por essa mesma miséria.
    
A verdadeira liberdade é exercida com responsabilidade. Os que são livres de fato, não procuram fugir, esquivar-se e dividir culpas. Temos capacidade, dada por Deus, de livremente decidirmos se queremos praticar o mal ou o bem. Portanto não há desculpas. A Bíblia afirma claramente que o ser humano será responsabilizado por suas escolhas (Pv.22:8;Gl.6:7).

Não temos liberdade para nos omitirmos diante do mal e do sofrimento. Não temos liberdade para sermos egoístas. Não temos liberdade para somente sentir prazer. Ao contrário, é preciso também chorar com os que choram, isto é, compartilhar da dor alheia, e alegrar-se com os que se alegram, quer dizer, compartilhar dos triunfos alheios (Romanos 12:15). A Bíblia diz que quando um membro padece, todo o corpo sofre com ele (I Coríntios 12:26). Da mesma maneira, quando um membro é curado, todos devem participar da cura.

Somos livres para amar, mas este amor é aquele sentimento que houve em Cristo Jesus e que deve haver em todo cristão (Filipenses 2:5). “Aquele que diz estar nele também deve andar como ele andou” (I Jo.1:6). Cristo deixou-nos exemplo para sigamos as suas pisadas. (I Pedro 2:21).