HOJE VEJA O AMANHÃ (1Reis 17.1; 18.1-2a; 18.41-46)

Quem tem fé vê o que as pessoas normalmente não vêm.
Este é o caso de Elias, um profeta do norte de Israel, que obedeceu a Deus no século 9 antes de Cristo, tendo que enfrentar um rei que decidira seguir a um deus fenício da fertilidade, chamado Baal. O preço que pagou foi alto por ficar ao lado de Deus.
Elias foi tão marcante na história bíblica que Jesus se comparou a ele, quando disse metaforicamente: "Elias já veio, e eles não o reconheceram, mas fizeram com ele tudo o que quiseram. Da mesma forma o Filho do homem será maltratado por eles” (Mateus 17.12).
Somos apresentados ao profeta no contexto de uma seca, que Elias garantiu que duraria alguns anos. Nesse período duro nada lhe faltou, nem água nem comida.
O cronista conta assim a história:
 
"Ora, Elias, de Tisbe, em Gileade, disse a Acabe:
— Juro pelo nome do Senhor, o Deus de Israel, a quem sirvo, que não cairá orvalho nem chuva nos anos seguintes, exceto mediante a minha palavra".
(1Reis 17.1)
 
"Depois de um longo tempo, no terceiro ano da seca, a palavra do Senhor veio a Elias.
— Vá apresentar-se a Acabe, pois enviarei chuva sobre a terra.
E Elias foi".
(1Reis 18.1-2a)
 
Pouco depois,
 
"Elias disse a Acabe:
— Vá comer e beber, pois já ouço o barulho de chuva pesada.
Então Acabe foi comer e beber, mas Elias subiu até o alto do Carmelo,
dobrou-se até o chão e pôs o rosto entre os joelhos.
— Vá e olhe na direção do mar –, disse ao seu servo. E ele foi e olhou.
— Não há nada lá –, disse ele.
Sete vezes Elias mandou:
— Volte para ver.
Na sétima vez o servo disse:
— Uma nuvem tão pequena quanto a mão de um homem está se levantando do mar.
Então Elias disse:
— Vá dizer a Acabe: "Prepare o seu carro e desça, antes que a chuva o impeça”.
Enquanto isso, nuvens escuras apareceram no céu, começou a ventar e a chover forte, e Acabe partiu de carro para Jezreel.
O poder do Senhor veio sobre Elias, e ele, prendendo a capa com o cinto,
correu à frente de Acabe por todo o caminho até Jezreel".
(1 Reis 18.41-46)
 
1. Com Elias, aprendemos que podemos viver pela fé, que nos faz ver além do que os olhos naturais enxergam.
 
"Ora, Elias, de Tisbe, em Gileade, disse a Acabe:
— Juro pelo nome do Senhor, o Deus de Israel, a quem sirvo, que não cairá orvalho nem chuva nos anos seguintes, exceto mediante a minha palavra".
(1Reis 17.1)
 
Precisamos saber que Deus é o Senhor da chuva e do sol, fenômenos naturais que ocorrem por razões naturais. Atrás da natureza das coisas, está, no entanto, o Senhor Deus. Quando as coisas naturais acontecem naturalmente, é por causa da intervenção fundadora de Deus. Quando as coisas naturais têm seu funcionamento alterado, é por causa da intervenção realizadora de Deus, seja por sua vontade permissiva ou por sua vontade proativa.
A natureza não é divina, nem Deus se esgota nela. Contudo, Deus fala através dela e as chamadas leis naturais foram dadas por Deus. Devemos respeitar essas leis como mandamentos fixos de Deus. Quando pedimos a Deus um milagre, devemos saber que estamos rogando que Ele quebre as leis que criou. Devemos ser parcimoniosos neste tipo de pedido. Devemos até verificar se não infringimos conscientemente as leis. Devemos aceitar quando Deus decide deixar as leis livres para produzir as suas consequências. Devemos pensar nas leis como coisas boas de Deus, logo como manifestações do seu amor para conosco.
Elias sabia que a chuva caía sobre a terra por causa dessa vontade de Deus, mesmo que invisível, mesmo que funcionando sob leis espirituais, embora aparentemente naturais. Elias confiava inteiramente no poder deste Deus soberano e sábio.
O rei de Israel, Acabe, acreditava no seu próprio poder, ao ponto de acreditar que havia deuses a seu serviço, os quais ele controlava. Acabe é o protótipo daqueles que acham que seguem os padrões vigentes, como se fossem certos só porque todos acham certo. Diferentemente, Elias não segue a multidão; Elias segue a Deus. Ele buscou, como ensinaria Jesus, o reino de Deus em primeiro lugar (Mateus 6.33).
Acabe é o protótipo daqueles que acham que as soluções para seus problemas, sejam quais forem, estão na manipulação de pessoas e coisas. Para isto, ele mantinha um séquito de profetas, que se diziam capazes de fazer os deuses estrangeiros Baal e Asera agir conforme a vontade do rei de Israel. Estes assessores montavam a 850, coordenados por sua própria esposa, a fenícia Jezabel. Elias acreditava que só podia contar com o Senhor Deus, único e imanipulável. Elias acreditava que as soluções para os seus problemas, e os da nação, vinham do Deus único, a quem pedia e em quem esperava, confiando que agiria em seu favor, pela fé.
Na verdade, os dois estilos de vida nos mostram que "temos que escolher, todos os dias, se queremos seguir Acabe ou Elias".  
Acabe achava que podia fazer chover. Elias acreditava que Deus podia fazer chover, mandando ou retendo a chuva.
Acabe se comunicava com seus deuses por meio de profetas e artifícios. Acabe é o protótipo das pessoas amarradas à superstição, da qual dependia. Elias se comunicava com Deus por meio da oração e se submetia a Deus.
Quando o autor do primeiro livro de Reis apresenta sua biografia de Elias, ele começa por mostrar que era um homem de oração. Este homem de oração foi comissionado por Deus para trazer o povo de Israel ao bom caminho de novo, do qual estava afastado por escolha própria e pela influência do sistema comandado por Acabe e Jezabel. 
O autor deixa implícito que Deus ia usar as condições naturais para fazer o provo refletir e se arrepender. O povo estava satisfeito com seu sistema, sistema que dizia quando ia chover e quando não ia chover, esquecido que era Deus quem controlava a natureza. Deus disse a Elias que não iria chover por três anos seguidos. Por sua comunhão com Deus, Elias sabia e revelou ao povo a vontade de Deus.
Todos duvidaram. Acabe duvidou de Elias. Jezabel duvidou do profeta de Deus. Os 850 profetas do seu palácio duvidaram dos minguados profetas fieis a Deus, entre os quais Elias. Eles garantiam que, ao seu grito, ao seu comando de ordem, os deuses estrangeiros da fertilidade fariam a chuva regar a terra.
Elias não duvidou de Deus. Elias acreditava que a seca era uma realidade, embora ninguém a notasse ainda. Elias acreditava que a estação da seca acabaria quando Deus assim o determinasse. Elias acreditava que a vontade de Deus lhe seria revelada e, por seu intermédio, todos saberiam que Deus é Deus e que os deuses não invenções surdas e mudas dos seres humanos.
Elias faz uma notável declaração de fé.
 
— Juro pelo nome do Senhor, o Deus de Israel, a quem sirvo, que não cairá orvalho nem chuva nos anos seguintes, exceto mediante a minha palavra.
 
Elias servia (obedecia, seguia, amava) o Senhor Deus, revelado na história do povo de Israel. Sua confissão nos convida a pensar em quem servimos: é mesmo ao Deus da Bíblia, a quem também conhecemos como o Pai de Jesus Cristo? Com quem temos assinado nossas alianças: com o deus do consumo, com o deus do egoísmo, com o deus da corrupção, com o deus do prazer a qualquer preço, com o deus do sucesso, com o deus da fama? Estamos prontos a ficar sozinhos, quando todos louvam a estes deuses, perigos porque não se apresentam como deuses, embora nos exijam fidelidade?
A vida de Elias mostra que sua confissão estava entranhada no seu coração. Não vinha de algum interesse. Vinha do seu amor por ele. Não vinha por causa de algum benefício esperado. Vinha do seu amor para com ele. Era um amor disposto a pagar o preço da obediência, mesmo que custoso. Era um amor a toda prova. Era um amor confiante, mesmo quando tudo parecia conspirar, mesmo quando Deus parecia inerte. Sua aliança era com Deus, mesmo que Este parecesse falhar.
Olhamos para um gigante da fé, como Elias, e dizemos: não conseguimos ser como ele. Contudo, Tiago nos lembra que o profeta "era humano como nós". O que ele fez for orar "fervorosamente para que não chovesse". Nossa causa pode ser outra, mas aprendemos com ele que podemos orar ao mesmo poderoso Deus, que nos responde (Tiago 5.17).
 
2. Com Elias, precisamos aprender que a fé em Deus nos nutre de coragem.
 
"Depois de um longo tempo, no terceiro ano da seca, a palavra do Senhor veio a Elias.
— Vá apresentar-se a Acabe, pois enviarei chuva sobre a terra.
E Elias foi".
(1 Reis 18.1-2a)
 
O amor de Elias por Deus era de um tipo pronto a obedecer.
Deus era poderoso, mas invisível.
Acabe era visível e poderoso. 
Acabe não amava a Deus e lhe declarou guerra. Elias era o representante do Deus ameaçado. Elias seria a vítima. Punindo Elias, Acabe puniria a Deus. Punindo Deus, Baal e Aserá seriam reconhecidos com os deuses absolutos.
Quando a chuva não veio e a seca chegou até ao palácio real, Acabe não reconheceu que Deus é o Deus da chuva. Acabe não admitiu que estava errado. Acabe não aprendeu nada. Ele era rei, pronto para ensinar, nunca para aprender.
Diz a sabedoria popular cristã que quem não vem a Deus pelo amor vem pela dor. Devemos tomar cuidado para não confundir as coisas e imaginar que Deus fique urdindo coisas para nos convencer a amá-lo. Devemos estar atentos para fazer da vida uma escola: quando estamos cheios de nós mesmos e Deus permite que sejamos humilhados, devemos agradecer a Deus porque ter permitido que a tempestade nos encurralasse e mudar os nossos corações.
Acabe nada aprendeu com a dor. Acabe é o protótipo dos arrogantes, alguns até autodeclarados cristãos, que não tomam o sofrimento permitido por Deus como um convite à santidade e à humildade. 
Nossa busca deve ser: amemos tanto a Deus, que o amaremos ainda mais quando o sofrimento vier; amemos agora tanto a Deus, que estaremos mais fortes quando a dor vier, da qual sairemos ainda mais firmes. Quando Paulo ouve de Jesus "a minha graça te basta" (2Coríntios 12.9), ele aprendeu buscar força em sua fraqueza, alegria em sua dor, comunhão em sua solidão.
Três anos se passaram. Três anos de solidão para Elias, exceto por alguns poucos encontros com aqueles que não se dobraram a Baal. Três anos de certeza que Deus estava cumprindo o que prometera. Três anos de seca e de espera. Três anos de espera pela palavra de Deus. 
E Deus falou. Vai chover. Diga a Acabe que vai chover.
Mas Acabe queria matar Elias. Ele se sentia perturbado por Elias. Elias o incomodava. Era preciso eliminá-lo. Elias não era controlável. Elias só ouvia a voz de Deus. Elias não recebia presentes para mudar de lado. Elias não pregava o que o povo queria ouvir. 
Acabe podia matar Elias, mas Deus disse a Elias para ir ao encontro de Acabe.
E Elias foi. 
Elias foi a Acabe com a palavra de Deus.
Se tremeu, Acabe não o soube. 
Se tremeu, ainda assim obedeceu.
O Deus de Elias era maior que o seu medo. O Deus de Elias era maior que Acabe.
O Deus de Elias era maior que a seca. O Deus de Elias estava acima da natureza. O Deus de Elias fazia a natureza seguir seu curso.
O Deus de Elias tinha palavra. Elias podia confiar em Deus.
Elias confiava em Deus.
Elias não tinha medo das coisas e pessoas. Elias não confiava nas coisas e pessoas. Elias confiava em Deus.
A confiança de Elias em Deus imprimia-lhe coragem.
Também, como Elias, temos coisas e pessoas que nos metem medo. E o medo se vence com coragem. A fé em Deus não é irresponsável, mas nos nutre de coragem. Para vencer uma doença, precisamos dos cuidados dos profissionais da saúde, com seus remédios e orientações, mas precisamos de coragem.
A fé, na verdade, é para quem tem coragem. Coragem de admitir sua fraqueza e limitação. Para afirmar nossa força e competência, não precisamos de fé. Reconhecer que somos pecadores e que precisamos de Deus não é fraqueza; é força, no sentido da coragem que demanda em renunciar ao que ninguém renuncia.
Paradoxalmente, fé é coragem e renúncia. A fé nos infunde coragem por nos mostrar que Deus está ao nosso lado, nas nossas lutas. Pela fé, admitimos que precisamos dele. Pela fé, lutamos tendo-O conosco.
É por isto que Jesus nos oferece a seguinte orientação, na hora da adversidade:
 
“Eu lhes disse essas coisas para que em mim vocês tenham paz. Neste mundo vocês terão aflições; contudo, tenham ânimo! Eu venci o mundo” (João 16,33).
 
Um discípulo de Jesus repercutiu estas palavras, animando-nos do seguinte modo, como lemos em (1João 2.14):
 
"Filhinhos, eu lhes escrevi porque vocês conhecem o Pai.
(Quando Elias enfrentou um momento de depressão, Deus lhe falou. Ele reconheceu a voz de Deus, como um filho sabe que está ouvindo o chamado do seu pai.)
 
Pais, eu lhes escrevi porque vocês conhecem aquele que é desde o princípio.
(Quando Elias contende com Acabe e seus profetas, ele pede para que escolham entre os seus deuses e o Deus verdadeiro. Sua oração foi vazada nas seguintes palavras: “Ó Senhor, Deus de Abraão, de Isaque e de Israel, que hoje fique conhecido que tu és Deus em Israel e que sou o teu servo e que fiz todas estas coisas por ordem tua. Responde-me, ó Senhor, responde-me, para que este povo saiba que tu, ó Senhor, és Deus, e que fazes o coração deles voltar para ti”  — 1 Reis 18.36-37)
 
Jovens, eu lhes escrevi, porque vocês são fortes, e em vocês a Palavra de Deus permanece
e vocês venceram o Maligno".
(Elias venceu inimigos poderosos, não por seu poder, porque ele era fraco, como nós. Quando um de seus inimigos cresceu, o casal Acabe-Jezabel, ele se acovardou. No entanto, a palavra de Deus o alcançou e ele se agigantou.)
 
A nossa força vem de Deus. Somente somos fortes se fortalecidos por Deus. 
A nossa vitória está fundamentada pela vitória de Jesus. Ele derrotou o pior dos inimigos, que é a morte. Por isto, o apóstolo Paulo cantou (citando Oseias 13.14):
 
“Onde está, ó morte, a sua vitória?
Onde está, ó morte, o seu aguilhão?”
O aguilhão da morte é o pecado, e a força do pecado é a Lei.
Mas graças a Deus, que nos dá a vitória por meio de nosso Senhor Jesus Cristo".
(1 Coríntios 15.55-57)
 
 
3. Com Elias, aprendemos que devemos caminhar à frente do nosso tempo.
 
"Elias disse a Acabe:
— Vá comer e beber, pois já ouço o barulho de chuva pesada.
Então Acabe foi comer e beber, mas Elias subiu até o alto do Carmelo, dobrou-se até o chão e pôs o rosto entre os joelhos.
— Vá e olhe na direção do mar –, disse ao seu servo. E ele foi e olhou.
— Não há nada lá –, disse ele.
Sete vezes Elias mandou:
— Volte para ver.
Na sétima vez o servo disse:
— Uma nuvem tão pequena quanto a mão de um homem está se levantando do mar.
Então Elias disse:
— Vá dizer a Acabe: 'Prepare o seu carro e desça, antes que a chuva o impeça'.
Enquanto isso, nuvens escuras apareceram no céu, começou a ventar e a chover forte, e Acabe partiu de carro para Jezreel.
O poder do Senhor veio sobre Elias, e ele, prendendo a capa com o cinto, correu à frente de Acabe por todo o caminho até Jezreel".
(1 Reis 18.41-46)
 
 
Elias é um homem de fé, logo um homem confiante. Elias é um homem de fé em Deus, logo um homem confiante no poder de Deus.
Ele vai esmorecer em sua confiança, como fica registrado no capítulo 19, com aconteceu com Pedro. Pedro era um homem de fé e caminhou sobre as águas de um lago. Mas o homem-de-fé-Pedro esmoreceu em sua fé e foi salvo por Jesus, que o segurou pelas mãos. Antes dele, Elias também esmoreceu e se afundou na caverna, mas Deus o arrancou de lá, como Jesus tirou Pedro das águas.
Aprendemos com a fraqueza de Elias, mas agora é hora de aprendermos com a sua força.
A fé-coragem de Elias é também sua fé-visão.
A fé nos faz ver o que ninguém vê.
Deus diz a Elias: vai chover.
Mesmo quando a meteorologia nos diz que vai chover, nós olhamos para o céu. Se não há indícios que via chover, perguntamos: "será?"
Quando Acabe ouve que vai chover, espantosamente Acabe acredita que vai chover.
Talvez Acabe seja como aqueles que fazem suas preces a todos os deuses, para ver se algum vai responder.
Talvez Acabe, embora seguisse outros deuses, sabia que o Deus de Elias era o único. Não o queria como seu Deus exatamente porque sabia que Ele não se deixava manipular. Publicamente o rei seguia outros deuses, mas, no fundo, sabia que poderoso mesmo era o Deus de Elias. Ele não queria acreditar, mas seus olhos viam quem Deus era.
(Quantas vezes sabemos de pessoas que, embora não creiam em nada, pedem os que creem para orar por elas!)
Elias falou grosso com Elias:
— Já ouço o barulho de chuva pesada.
Teria Elias blefado para convencer o rei Acabe?
Com seus ouvidos naturais, Elias não ouviu trovão algum. No entanto, com seus ouvidos espirituais, escutou os trovões e, com os olhos espirituais, viu os relâmpagos cruzando os céus antes das águas que chegariam.
Mas o que é a fé?
A fé não é precisamente "a certeza daquilo que esperamos e a prova das coisas que não vemos" (Hebreus 11.1)?
Pela fé, Noé viu o dilúvio e a sua arca pairando sobre as águas, meses antes os fatos.
Pela fé, Abraão viu a terra prometida e na qual nunca estivera.
Pela fé, Moisés viu seu povo chegando ao fim da caminhada, embora não tenha atravessado o rio que dividia a terra percorrida e a terra a ser conquistada.
Pela fé, Davi viu o templo de Jerusalém construído sob a liderança do seu filho Salomão.
Pela fé, Ezequias viu respondida a sua oração por mais dias de vida.
Pela fé, Isaías viu o fim do cativeiro de sua gente.
Pela fé, Maria de Nazaré viu o Messias, quando o bebê sequer se movimentasse no seu ventre.
Pela fé, José de Belém viu que estava participando da história da salvação do mundo.
Pela fé, os pastores de Belém viram chegar a alegria dos homens e contemplaram o Messias ainda menino.
Pela fé, Simeão de Jerusalém viu no seu colo o Salvador do mundo.
Pela fé, Maria Madalena viu a ressurreição de Jesus.
Pela fé, Pedro viu o judaísmo, dos judeus, se transformar no cristianismo, para todos.
Pela fé, Paulo viu o evangelho alcançando todo o mundo com a graça de Jesus Cristo.
Pela fé, em Patmos, João viu o novo céu e a nova terra, onde todos vamos morar, pela fé, um dia, terminada a vida aqui.
Pela fé, Lutero viu o cristianismo voltando para a Bíblia.
Pela fé, William Carey viu o evangelho sendo pregado fora da Europa.
Pela fé, Martin Luther King Jr. viu que brancos e negros eram iguais em seu país que os segregava.
Pela fé, Martin Niemoeller viu Adolf Hitler derrotado.
Pela fé, William Entzminger, L.M. Bratcher, David Gomes, Bill Ichter e Mário Barreto França viram a pátria brasileira amando a Jesus Cristo.
Pela fé, Elias viu a chuva chegando sobre o reino de Israel, embora a seca crepitasse.
Deus não disse que choveria? Elias creu que choveria.
Se Deus diz que vai chover, peguemos o guarda-chuva, embora o sol brilhe.
Por que tinha fé em Deus, tendo-O ouvido, Elias procurou um lugar para orar; encontrando esse lugar, ajoelhou-se, como uma forma de reconhecer a sua limitação e, com ela, a grandeza de Deus. Em sua oração, pediu a Deus que cumprisse a sua Palavra.
Quando saiu da oração, viu a chuva chegando, embora ninguém visse.
Ele teve que crer sozinho. Com os olhos naturais, seu assistente foi convocado a ver a chuva e nada viu. Muitas vezes, olhou e nada viu.
Os dois estavam no alto do Monte Carmelo. O monte Carmelo, ao norte de Israel, descortina uma das mais lindas vistas do mundo. Dele se pode ver, de um lado, as campinhas e montanhas em direção ao rio Jordão, e, de outro, o mar Mediterrâneo chegando de longe a Israel, com parte da Europa ao fundo. As nuvens sobre o mar podem ser vistas bem ao longe.
O assistente de Elias procurou uma posição panorâmica e a única que viu foi um céu límpido. Por seis vezes, ele não viu nada. Em todas, Elias viu as nuvens que ninguém via.
Contudo, na sétima tentativa, o rapaz viu sobre as águas do mar Mediterrâneo "uma nuvem tão pequena quanto a mão de um homem" (1Reis 18.44).
O rosto de Elias deve ter brilhado. Finalmente, deve ter pensado. Chegou a hora. Acabe vai ver quem é Deus.
Imediatamente, deu ao seu assistente uma tarefa. Ele deveria descer do monte Carmelo, tomar o caminho em direção ao mar da Galileia e, no caminho, 30 quilômetros, chegar a Jezreel (na Samaria) e dar o recado ao rei Acabe, de que poderia celebrar o fim da seca e anunciar bons tempos para o seu povo. 
O recado foi dado e Acabe agiu rápido para não ser surpreendido pela chuva, que poderia atolar seu carro puxado a bois.
Elias precisava lhe dizer mais e, pela fé, acreditou que poderia alcançar a carruagem do rei, embora estivesse a pé.
Ele correu à frente do veículo (1Reis 18.46), como se fosse um batedor de automóvel.
Pela fé, Elias era um homem de visão e uma pessoa de visão caminha à frente do seu tempo.
Uma pessoa de visão espera no Senhor, de que lhe renova as forças. Uma pessoa de visão corre e não desanima; anda e não se cansa; corre e não desanima. Uma pessoa de visão voa alto como as águias (Isaías 40.31).
Deus nos capacita para ver à frente das pessoas que só confiam em si mesmas, sem fruir a realidade de que Deus nos quer ver além de onde estamos.
Este projeto de Deus se aplica a todas as áreas da vida.
Deus capacita a nossa família para ir além dos horizontes anteriores, com seus membros estudando mais, conquistando mais. E isto começa quando o pai e a mãe de hoje percebem que podem ser mais e fazer que o seu pai e sua mãe. E isto continua quando os filhos abraçam a mesma visão e dão os passos necessários para realizar a visão, através do estudo sério e da preparação adequada para um concurso, por exemplo.
Deus nos capacita para, diante de um relacionamento quebrado, na família e fora dela, vermos a restauração e nos empenharmos em ações que nos permitam reajuntar o que estava separado.
Deus capacita um missionário transcultural que precisa passar vários anos estudando um idioma que um dia — eis o que vê — vai usar para anunciar Jesus Cristo para os habitantes do país em que serve. O apóstolo Paulo olhava para o mapa da Europa e vi os lugares onde deseja ir apresentar a Jesus como o Senhor. Numa de suas cartas, escrita aos coríntios, vemos o poder da visão em sua vida:
 
"Depois de passar pela Macedônia irei visitá-los, já que passarei por lá. Talvez eu permaneça com vocês durante algum tempo, ou até mesmo passe o inverno com vocês, para que me ajudem na viagem, aonde quer que eu vá. Desta vez não quero apenas vê-los e fazer uma visita de passagem; espero ficar algum tempo com vocês, se o Senhor permitir. Mas permanecerei em Éfeso até o Pentecoste, porque se abriu para mim uma porta ampla e promissora; e há muitos adversários". (1Coríntios 16.5-9)
 
Deus capacita um cristão que, diante do seu pecado e dos hábitos rejeitáveis, projeta para si uma vida de santidade e antevê este tempo em que a mente de Cristo é a sua mente.
A Bíblia tem um programa de vida para nós:
 
"livremo-nos de tudo o que nos atrapalha e do pecado que nos envolve,
e corramos com perseverança a corrida que nos é proposta,
tendo os olhos fitos em Jesus, autor e consumador da nossa fé.
Ele, pela alegria que lhe fora proposta, suportou a cruz, 
desprezando a vergonha, e assentou- se à direita do trono de Deus".
(Hebreus 12.1-2)
 
Jesus cumpriu sua missão olhando para a alegria que resultaria dela.
Jesus viveu sua visão.
 
ISRAEL BELO DE AZEVEDO
 
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