APESAR DE TUDO, HÁ BOAS NOTÍCIAS (Sylvio Macri)

APESAR DE TUDO, HÁ BOAS NOTÍCIAS

Em 1977 Raul Seixas compôs um rock cujo título era “O dia em que o mundo parou”, em que fala de várias situações totalmente inusitadas que aconteceriam nesse dia. Por exemplo, que o trabalhador não iria trabalhar, porque sabia que o patrão não estaria lá. Li, agora há pouco, que a Índia resolveu isolar seus um milhão e trezentos mil habitantes. De repente, empresários, governantes, políticos e líderes de todo o mundo descobriram que a vida é mais importante que a economia, que a política, que os esportes, que o entretenimento. E isto é uma boa notícia, nunca é tarde para descobrir que vidas humanas importam mais que qualquer outra coisa.

O covid-19 é um vírus democrático: atinge igualmente ricos e pobres, doutores e analfabetos, humildes e poderosos, negros, brancos, vermelhos e amarelos, crianças, jovens, adultos e velhos, de qualquer nação. Esta é outra boa notícia: o vírus nos trouxe de volta, infelizmente de forma brutal, à verdade de que não existe ninguém melhor ou maior que o outro.Somos todos iguais, somos todos frágeis seres humanos lutando contra um único e invisível inimigo. Como disse o sociólogo italiano Domenico di Masi: “Subitamente nos descobrimos frágeis pigmeus diante da onipotência imaterial de um vírus que, por vias misteriosas, escapou de um morcego chinês para vir matar homens e mulheres em nossas cidades.

O vírus também fez o bem de nos lembrar que o que afeta um ser humano afeta todos os demais. Como se costuma dizer: não é sobre mim, é sobre o outro. Então, espontaneamente, vemos cenas lindas como os italianos indo para suas janelas e sacadas para cantarem juntos. Vemos uma rede de solidariedade gigantesca se formando em todo o mundo, entre vizinhos de prédio que se oferecem para ajudar os idosos em suas necessidades, de médicos que vão a outros lugares para ajudar os doentes, do astro de basquete americano que está doando um milhão de refeições para crianças que não podem ir à escola, de gente rica que está doando milhões de dólares. Aliás, entre esses ricos doadores, com cem milhões de dólares, está Bill Gates, e que em 2015 já dissera que o próximo grande desastre mundial seria provocado por um vírus e não por armas de guerra.

E não é que, de repente, também descobrimos que enfermeiros e médicos são mais importantes do que jogadores de futebol, cientistas são mais decisivos do que líderes políticos, hospitais são mais importantes do que estádios de futebol e ginásios esportivos. Portanto, a boa notícia é perceber que o importante é valorizar o que realmente importa. O vírus nos levou a redescobrir e admirar heróis anônimos que estão nos hospitais, lutando titanicamente para salvar vidas, que estão nos laboratórios das universidades, trabalhando incansavelmente para descobrir vacinas e antivirais contra essa praga que mata nossos familiares e amigos.

Outra grande boa notícia é que a poluição da natureza diminuiu drasticamente em várias partes do mundo, a ponto de, por exemplo, as águas dos canais de Veneza, na Itália, se tornarem cristalinas.

Isso tudo aconteceu porque o mundo parou. Os seres humanos se tornaram mais humanos, o próximo se tornou mais visível, nossa escala de valores mudou e a natureza tornou-se mais bela e mais limpa.

Pr. Sylvio Macri                         

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