Há algumas semanas assisti a um vídeo gravado por um pastor do Sul do Brasil, em que mostrava um salão de cultos vazio. Era uma queixa contra as regras de isolamento social. Apresentando-se, disse: “Sou pastor dessa igreja que está aqui atrás de mim, vazia, porque estamos sendo impedidos de nos reunirmos.” Mas atrás dele somente se viam cadeiras vazias, em um salão adaptado, que nem era um templo propriamente dito.
Pois bem, a boa notícia é que a irrupção violenta do Covid-19, provocando um isolamento sem precedentes, contribuiu para demolir essa ideia tão arraigada na mente cristã de que igreja é o local em que nos reunimos. Infelizmente, não para todos os cristãos; alguns pastores se desesperam porque não podem “abrir a igreja”, e alguns fiéis se frustram e se deprimem porque não podem “ir à igreja”.
Foi preciso algo assim tão drástico para que milhões de crentes aprendessem a verdade de que “Deus não habita em templos feitos por mãos humanas.” (At.17.24). O templo feito por ele é o ser humano, de quem o Pai ouve as orações (Mt.6.9), em quem o Filho vive (Gl.2.20) e o Espírito Santo habita (Rm.8.11). Somos templos que andam, templos vivos. Locais de culto funcionam em um determinado endereço, em determinados dias, tendo hora para começar e terminar, mas o coração humano está 24 horas por dia aberto à comunhão com o Todo-Poderoso. A verdadeira igreja está o tempo todo reunida.
É claro, devemos dar graças a Deus pelo progresso tecnológico que nos permite realizar cultos on-line, aos quais podemos assistir até por um telefone celular. E aqui temos duas outras boas notícias: 1. Como os cultos transmitidos pela internet ficam na rede, podemos passar horas e horas assistindo inúmeros cultos e ouvindo pregadores que amamos ouvir; 2. Os jovens crentes que dominam as tecnologias midiáticas estão tendo uma grande oportunidade de servir ao Senhor, no apoio às transmissões.
E não é que os templos foram fechados, mas as igrejas continuam existindo?
Pr. Sylvio Macri
