Começando do começo

Quando olhamos para os valores do mundo, sempre imaginamos o que será de nossas crianças no futuro.  Há quem pense ser possível excluir as crianças deste mundo, como se as colocássemos numa bolha de proteção. Mas isso não é possível. O mundo está aí e, cedo ou tarde, nossas crianças precisarão enfrentá-lo. 

E se eu perguntar quem gostaria de ver seus filhos, netos, sobrinhos, sendo homens e mulheres de Deus? tenho certeza que todos nós diríamos que gostaríamos, mas como podemos contribuir para que isso aconteça? A Bíblia pode nos ajudar a pensar sobre isso. Vamos lá?

Deuteronômio 6.1-9: Esta é a lei, isto é, os decretos e as ordenanças, que o Senhor, o seu Deus, ordenou que eu lhes ensinasse, para que vocês os cumpram na terra para a qual estão indo para dela tomar posse. Desse modo vocês, seus filhos e seus netos temerão o Senhor, o seu Deus, e obedecerão a todos os seus decretos e mandamentos, que eu lhes ordeno, todos os dias da sua vida, para que tenham vida longa. Ouça e obedeça, oh Israel! Assim tudo lhe irá bem e você será muito numeroso numa terra onde manam leite e mel, como lhe prometeu o Senhor, o Deus dos seus antepassados. Ouça, oh Israel: “O Senhor, o nosso Deus, é o único Senhor. (5) Ame o Senhor, o seu Deus, de todo o seu coração, de toda a sua alma e de todas as suas forças”. Que todas estas palavras que hoje lhe ordeno estejam em seu coração. Ensine-as com persistência a seus filhos. Converse sobre elas quando estiver sentado em casa, quando estiver andando pelo caminho, quando se deitar e quando se levantar. Amarre-as como um sinal nos braços e prenda-as na testa. (9) Escreva-as nos batentes das portas de sua casa e em seus portões.



É hora de pensar sobre o que você acabou de ler. E a primeira coisa que precisamos pensar é:

– Pelo menos por enquanto. 

“Esta é a lei, isto é, os decretos e as ordenanças, que o Senhor, o seu Deus, ordenou que eu lhes ensinasse.”

Estas palavras foram proferidas por Moisés. Para quem Moisés está falando isso? Moisés está falando isso para adultos ou para crianças? Para adultos. Quem precisaria colocar em prática estas coisas? Os adultos. Eis o ponto: Nós, adultos, precisamos, então, entender que o trabalho é nosso, todo nosso, pelo menos por enquanto, porque vai chegar o dia em que as crianças vão crescer e farão suas escolhas, mas, por enquanto, o trabalho tem que ser nosso. 

Na vida espiritual a mesma coisa acontece. Queremos que nossas crianças sejam homens e mulheres segundo o coração de Deus, mas queremos que Deus aja num passe de mágica. Queremos que a igreja ensine (e a igreja deve ensinar mesmo), mas não queremos ter o trabalho. 

Então, vamos começar do começo e lembrar que o trabalho é nosso, todo nosso, pelo menos por enquanto. 

Vamos pensar em mais uma coisa muito importante?

– Precisamos ser referência.

“Esta é a lei, isto é, os decretos e as ordenanças, que o Senhor, o seu Deus, ordenou que eu lhes ensinasse.”

Perceba que o Senhor ordenou a Moisés que ensinasse. Moisés não iria ensinar as crianças. Moisés iria ensinar aos adultos e os adultos iriam ensinar às crianças. Nesse trabalho que, por enquanto, é nosso, precisamos aprender que nós precisamos ser referência. 

Moisés estava dizendo ao povo que eles deveriam aprender, porque a verdade é que só podemos ensinar aquilo que conhecemos. 

E, nos versículo seguinte, também lemos:

Desse modo vocês, seus filhos e seus netos temerão o Senhor, o seu Deus, e obedecerão a todos os seus decretos e mandamentos, que eu lhes ordeno, todos os dias da sua vida, para que tenham vida longa. 

O texto segue uma ordem: Vocês, seus filhos, netos. Penso que esta ordem não é por acaso.

Como posso querer que minhas crianças conheçam, se eu não conheço? Como posso querer que minhas crianças sejam de oração, se eu não sou? Como posso querer que minhas crianças valorizem estar na casa de Deus, se eu não valorizo? Como posso querer que minhas crianças sejam cumpridoras da Palavra, se eu não sou? Não dá. A ordem é essa: Vocês, seus filhos, seus netos. Nós precisamos ser referência. 

Mais uma lembrança bíblica, agora no verso 6:

“Que todas estas palavras que hoje lhe ordeno estejam em seu coração.”

Que todas as palavras estejam no seu coração, no nosso coração, dos adultos. 

Nós precisamos ser referência. 

Li uma história que dizia que Betty Carlson, uma autora norte-americana, contou que  um pai estava preparando a lição da Escola Bíblica Dominical sobre o tema “As Marcas de Um Verdadeiro Cristão”.

Antes de ir ensinar sua classe, decidiu rever os pontos principais com a esposa, quando o filho menor estava por perto.

Após ouvir atentamente o pai, o menino, de repente, disse: – Papai, eu acho que nunca vi um cristão em minha vida.

Comecemos do começo. Precisamos ser referência.

Por último, mas não menos importante, mais um ponto para pensarmos:

– Precisamos persistir todos os dias.

Desse modo vocês, seus filhos e seus netos temerão o Senhor, o seu Deus, e obedecerão a todos os seus decretos e mandamentos, que eu lhes ordeno, todos os dias da sua vida, para que tenham vida longa. 

Vamos pensar em “todos os dias da sua vida”. Nada na nossa vida dura apenas um dia. Numa cerimônia de casamento geralmente dizemos que a festa, o dia só de alegria, é aquele, porque o negócio no dia-a-dia é mais difícil. A decisão do casamento, o “sim”, não é apenas no dia em que nos casamos. Precisamos dizer sim todos os dias.

Quem é responsável por uma criança sabe o quão cansativo é.  Há dias em que nós ficamos o dia inteiro brigando com as crianças, chamando atenção delas. Combinamos uma coisa e, dois minutos depois, eles se esquecem ou fingem que esqueceram. Tem hora que avançamos, mas parece que no dia seguinte deram dois passos para trás. O que fazer? Precisamos recomeçar todos os dias. A vida é assim. 

Pense no Batismo. É lindo testemunhar. O batismo é um dia que fica na memória. No batismo das igrejas protestantes o pastor pergunta: “Você crê que Jesus é o único e suficiente salvador da sua vida?” Naquele dia dizemos “SIM”. Mas, fazer com que Jesus seja o nosso Senhor, todos os dias, isso é que é difícil.

Se queremos marcar a vida das nossas crianças, precisamos recomeçar e todos os dias, persistir. Tanto é que dos versículos 7 a 9 lemos o seguinte: 

“Ensine-as com persistência a seus filhos. Converse sobre elas quando estiver sentado em casa, quando estiver andando pelo caminho, quando se deitar e quando se levantar. Amarre-as como um sinal nos braços e prenda-as na testa. “Escreva-as nos batentes das portas de sua casa e em seus portões.

Vejo que Moisés está dizendo para os adultos para eles encherem a mente das crianças com ensinamentos do Senhor. ENSINE COM PERSISTÊNCIA. CONVERSE EM CASA, PELO CAMINHO, QUANDO SE DEITAR, QUANTO SE LEVANTAR. Posso parecer radical, mas parece que Moisés estava propondo uma lavagem cerebral. Não o condeno. Precisamos encher suas mentes com os valores de Deus. 

O que suas crianças têm visto? O que suas crianças têm ouvido? O que estamos oferecendo para as nossas crianças? 

Você está disposto? Então, vamos em frente.

A começar em nós.

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