BOA MÚSICA

Ouvimos sempre que louvar é fazer músicas de amor para o Deus Senhor de nossas vidas.

Ao mesmo tempo, discutimos como deve ser o nosso louvor.

Se cantamos ou tocamos para Deus, não deveria vir dele a apreciação?

Quando executamos bem as peças de louvor e somos aplaudidos, não há nisto um contrassenso?

Devemos distinguir a oração que fazemos sozinhos, em que derramamos palavras sem preocupação com a pronúncia e com a organização, e aquela que fazemos diante do público, que precisa entender, acompanhar e concordar (dizendo “Amém” e “Aleluia").

Devemos igualmente distinguir o louvor particular, em que importa sobretudo a intenção, e o louvor comunitário, em que o repertório e a performance são importantes.

No entanto, a qualidade do louvor comunitário não deve ser medida pelo desempenho, mas pela intenção. Neste sentido, o louvor em público, individual, coral ou congregacional, deve ser uma extensão do louvor solitário, aquele em que o auditório é formado apenas por três pessoas: o Pai, o Filho e Espírito Santo.

O louvor solitário é encontro. Por ele, nós nos encontramos diante de Deus como somos. Por ele, exaltamos o nosso Criador. Por ele, fazemos nossas declarações de afeto ao nosso Salvador. Por ele, conversamos com o nosso Confortador. Por meio do louvor, experimentamos o imenso amor de Deus para conosco.

O louvor comunitário deve ser encontro, encontro organizado mas encontro.

O louvor comunitário deve ser uma expressão de amizade para com Deus, expressão bonita mas amorosa.

O louvor comunitário, mesmo que realizado por um cantor ou por um instrumentista, por um solista ou por um grupo, é sempre uma representação do louvor solitário, nascido do secreto amor presente nos corações dos que cultuam.

Neste sentido, numa celebração de amor a Deus, idealmente não deveria haver plateia, só louvadores.

Na realidade, contudo, cantamos ou tocamos e amamos ser elogiados.

Gostamos ou não gostamos do que escutamos, numa especie de julgamento que deveria ser feito apenas pelo auditório celestial.

Como assim são as coisas, devemos ter a coragem de admitir que os nossos gostos participam do nosso louvor a Deus, mas devemos pedir humildade a Ele para não fazer de nossas preferências o critério que define o que é uma boa música, porque uma música boa é aquela que não aborrece, mas alegra a Deus e isto, no fundo, só Ele sabe, embora deixe pistas precisas.

Para mencionarmos um só texto da Palavra de Deus (Amós 5.21-24), nosso culto precisa estar em conexão com nossa vida fora do período de louvor. Uma vida suja parece que louva, mas não louva. Nosso louvor deve estar em sintonia com o amor ao próximo. Junto com o nosso louvor, deve correr “a justiça, como um ribeiro perene”.

 

Israel Belo de Azevedo