CONVITE À PROFUNDIDADE
Salmo 130
Pregado na Igreja Batista Itacuruçá, em 19.5.2002 (noite)
1. INTRODUÇÃO
Eu poderia começar este meu CONVITE À PROFUNDIDADE, lamentando que a superficialidade venha marcando as ações humanas. Não o faço porque, lendo a Bíblia, noto que a superficialidade é uma marca natural do ser humano desde quando renunciou à companhia de Deus e este foi o pecado primeiro (original) da espécie.
Eu poderia também insistir que o território em que o mal da superficialidade mais nos pega é o dos relacionamentos, grandemente por causa de nossas decepções com os seres humanos, porque estas decepções nos afastam do desejo e da prática de continuar insistindo num estilo de vida que busque relacionar-se.
Eu poderia ainda relembrar como Jesus agia. Quando Ele fazia um milagre, poucos voltaram para Lhe agradecer; assim mesmo, Ele continuava a curar. Nós não temos a mesma competência. Quando seus discípulos O decepcionavam ou traíam, Cristo ainda assim contava com eles, ao ponto de pedir a um deles, que o decepcionara e magoara pesadamente, que pastoreasse a Sua igreja, quando tivesse partido. Nós nem sempre (para não dizer: quase nunca) temos este mesmo sentimento do Messias.
Eu poderia também dizer que dá para entender as defesas dos homens para com os seus semelhantes, mas não dá para entender a mesma recusa diante do Totalmente Outro. Não dá para entender por que boa parte dos cristãos vive um relacionamento tão superficial com o seu Senhor. Não dá para entender porque para boa parte dos cristãos Deus não habita as suas vidas, constituindo-se apenas num Ser a que se busca na hora da dificuldade. Não dá para entender porque boa parte dos cristãos não permite que Deus habita em suas casas, preferindo que Ele more nos templos aonde comparecem uma vez por semana, por mês ou de vez em quando, para participarem de cultos em que não se dispõem a obedecer a Palavra ouvida. Não dá para entender porque boa parte dos cristãos, que freqüentam jornais regularmente ou se grudam em programas de televisão diariamente, não permitem que a Palavra de Deus alcance o lugar que verdadeiramente importa: o coração.
Eu poderia, de igual modo, gritar que o resultado da prática deste tipo de cristianismo são corpos que se satisfazem os seus corações no culto, mas não alegram ao coração de Deus. O resultado são até vida corretas, mas não vidas que pulsam a alegria do Espírito Santo. O resultado são vidas medíocres, sem vibração, sem compromisso, até mesmo sem tristeza e sem amargura. E a mediocridade é mãe de vidas cristãs miseráveis, boas enquanto achando que estão sendo abençoadas e tristes enquanto se acham esquecidas pelo Pai Eterno.
Eu poderia ainda acrescentar que a superficialidade tem também produzido vidas cínicas, com pessoas que justificam suas experiências, com a desculpa de que todo mundo faz aquilo que elas fazem, o que apenas mostra como estão cegas pelos prazeres temporários que suas experiências devassam produzem e também como, mesmo que pareçam espirituais, elas se encontram totalmente dominadas pelo Senhor das paixões, vivendo ou acobertadas pela escuridão do anonimato ou até mesmo arrotando seus prazeres, possivelmente com a intenção de mostrar o quanto é ridículo ser santo.
No entanto, vou seguir o caminho da beleza, para mostrar o prazer de uma vida em profundidade. Para tanto, abro e leio o salmo 130.
[TEXTO BÍBLICO]
SALMO 130
Das profundezas clamo a ti, Senhor.
Escuta, Senhor, a minha voz; estejam alertas os teus ouvidos às minhas súplicas.
Se observares, Senhor, iniqüidades, quem, Senhor, subsistirá?
Contigo, porém, está o perdão, para que te temam.
Aguardo o Senhor, a minha alma o aguarda; eu espero na sua palavra.
A minha alma anseia pelo Senhor mais do que os guardas pelo romper da manhã.
Mais do que os guardas pelo romper da manhã, espere Israel no Senhor,
pois no Senhor há misericórdia; nele, copiosa redenção.
É ele quem redime a Israel de todas as suas iniqüidades.
2. A PROFUNDIDADE É POSSÍVEL POR CAUSA DO PERDÃO DIVINO (versos 1-4)
Nossa vida cristã pode ser profunda, eis o convite.
Das profundezas clamo a ti, Senhor.
Escuta, Senhor, a minha voz; estejam alertas os teus ouvidos às minhas súplicas.
Se observares, Senhor, iniqüidades, quem, Senhor, subsistirá?
Contigo, porém, está o perdão, para que te temam.
(versos 1-4)
A profundidade advém, não de nossa bondade, mas da percepção de nossa iniqüidade (verso 3) e da experiência do perdão (verso 4). É o perdão divino que torna possível a profundidade humana, porque o perdão permite o encontro do homem com Deus.
O nome desta experiência é conversão, mas conversão verdadeira, com arrependimento verdadeiro, que tem pouco a ver com “conversões” espirituais, quem sabe produzidas por shows de música e testemunho triunfais, com pouco lugar para o arrependimento verdadeiramente, este sentimento de profundo mal-estar diante do pecado.
Quando pediu ao povo que se santificasse e subisse ao monte para se encontrar com Ele,Deus pôs limites (Êxodo 19.23-25) que não poderiam ser ultrapassados. Podemos pensar nestes limites, no entanto, como sendo móveis. O perdão divino vai enrolando as cordas e abrindo caminho para passarmos, até o próximo limite. Quanto mais Deus nos perdoa, mais nos aproximamos dEle. Quanto mais nos fechamos em nossos pecados, mas nos afastamos dEle. Nós sabemos que é esta a nossa escolha, por mais que fujamos dela.
O Senhor se dá a encontrar a quem afasta o sangue da sua mão (tendo expulso o ódio do seu coração, manifesto em forma de julgamentos raivosos, em palavras ásperas, em desejos de mal; ou em forma de cobiça e manipulação de coisas e pessoas; ou em forma de mentiras suaves ou pesadas). Deus observa as nossas iniqüidades e quer observar também as disposições de nossos corações em mudar. Quando permitimos que o Espírito Santo nos convença do nosso pecado, habilitamo-nos a receber o perdão. É nele que a vida recomeça.
Podemos esconder o nosso pecado daqueles que nos cercam. Podemos nos enganar a nós mesmos, afirmando que os nossos padrões são válidos. Enquanto o fizermos, estaremos na superfície, a(pro)fundando-nos mais ainda numa vida que não vale a pena. Nós sabemos que não podemos esconder o nosso pecado de Deus e sabemos que, enquanto (nos) escondemos dEle, podemos até posar de santos, podemos até nos deixar fotografar como entusiasmados adoradores, podemos até fazer parecer que estamos muito bem, mas sabemos que Deus está à nossa espera, espera que nos arrependamos, clamando das profundezas por Sua graça. Das profundezas do pecado. Do fundo do poço, só se pode sair com clamor e o clamor só é validado pelo arrependimento.
Foi o que o poeta hebreu relatou estar fazendo: Das profundezas clamo a ti, Senhor (verso 1).
Será que precisamos passar pela experiência do sofrimento para clamarmos das profundezas ao nosso Deus? Será que a profundidade é filha do sofrimento?
Bom seria que não esperássemos sofrer para desejarmos um relacionamento de profundidade com o nosso Senhor. Aprendemos que a experiência do sofrimento nos mostra a nossa impotência e nos obriga a clamar das profundezas, indicando-nos a nossa necessidade de uma caminhada em profundidade. Sabemos que uma vida cristã superficial é inútil diante da realidade do sofrimento, tome ele a forma que tomar.
No furacão da dor ou na alegria de a ter vencido, a experiência de profundidade significa querer ser ouvido por Deus (verso 2). Isto implica em orar, de forma que vençamos o nível do ritual ou do protocolo ou da obrigação. Oremos para ser ouvidos, até sermos ouvidos. Não desistamos de orar até sermos escutados por Aquele que escuta.
Ao orarmos, estejamos conscientes que Deus vê a nossa iniqüidade (verso 3), mas, antes de nos aniquilar, espera misericordiosamente que peçamos perdão. Diferentemente de nós, paciência é algo natural nele, embora um esforço tremendo em nós, tremendo e, por vezes, frustrado.
Lembremo-nos que perdoar também faz parte do conjunto dos verbos de Deus (verso 4). Em nossa caminhada de profundidade com Ele, coloquemos o verbo “temer” em nosso acervo.
Se queremos uma vida cristã longe da superficialidade, oremos como o salmista:
Eis-me, Senhor, habitante do escuro e sombrio poço do pecado.
E é daqui que eu te peço perdão por meu caminho errado.
Eu sei que os meus passos não são os teus,
como sei que teus olhos condenam os atos meus.
Mas daqui rogo a tua misericórdia, para notar,
esperançoso, as tuas mãos estendidas para me resgatar.
(Salmo 130.1-4)
3. A PROFUNDIDADE É POSSÍVEL QUANDO HÁ UMA DISPOSIÇÃO PARA A CAMINHADA COM O SENHOR (versos 5-6a)
A Bíblia deixa bem claro que um relacionamento de profundidade com Deus só se alcança na caminhada. Os verbos do desejo do poeta são claros e crescentes: aguardar, esperar, ansiar.
Aguardo o Senhor, a minha alma o aguarda; eu espero na sua palavra.
A minha alma anseia pelo Senhor mais do que os guardas pelo romper da manhã.
(versos 5.6a)
O que fazem os vigias de nossos prédios durante a noite? O que esperam as sentinelas nas guaritas militares? Eles aguardam chegar a manhã, para poderem descansar e dormir. Eles não pensam em outra coisa, senão no amanhecer. Quanto mais se aproxima a hora esperada, maior é o palpitar dos corações.
É assim que devemos desejar a presença de Deus. Como os guardas da noite, devemos esperar em Deus para descansar.
Estamos acostumados apenas a orar, em momentos do dia, quando deveríamos estar desejosos de sentir a sua presença conosco, sim, sentir, porque conosco Ele sempre está, percebamos ou não. Talvez o poeta se referisse ao desejo de estar no templo para adorar, mas, graças ao Espírito Santo, podemos pensar no mundo como o cenário da oração e da adoração. Deus nos acompanha ao trabalho, e sua presença nos ajuda a tomar decisões, fáceis e difíceis. Deus passeia conosco no shopping, e sua presença torna aqueles momentos mais alegres. Deus se assenta conosco na carteira da escola, e sua presença nos faz ver o sentido de expressões e fórmulas. Deus pula conosco no mar, e sua presença nos ajuda a fruir a força da Sua criação. Deus toma banho conosco no banheiro, e sua presença nos põe de joelhos, levanta as nossas mãos ou aprimora as nossas vozes. Deus fica em pé conosco na fila do banco, e sua presença nos suaviza a irritação.
A esta presença Tiago chama de amizade.
De onde procedem guerras e contendas que há entre vós?
De onde, senão dos prazeres que militam na vossa carne?
Cobiçais e nada tendes; matais, e invejais, e nada podeis obter;
viveis a lutar e a fazer guerras.
Nada tendes, porque não pedis;
pedis e não recebeis, porque pedis mal, para esbanjardes em vossos prazeres.
Infieis, não compreendeis que a amizade do mundo é inimiga de Deus? Aquele, pois, que quiser ser amigo do mundo constitui-se inimigo de Deus.
(Tiago 4.1-4)
Jesus morreu para que nós pudéssemos chamá-Lo de amigo. (Já não vos chamo servos, porque o servo não sabe o que faz o seu senhor; mas chamei-vos amigos, porque tudo quanto ouvi de meu Pai vos dei a conhecer — João 15.15). Paulo nos convida a sermos amigos de Deus, em lugar de sermos traidores, atrevidos, orgulhosos, amigos dos deleites (2Timóteo 3.4). Tiago nos põe como modelo a Abraão, que, por crer, foi chamado amigo de Deus (Tiago 2.23).
Se nós e Deus somos amigos, não seremos escravos dos prazeres de nossa carne, porque experimentaremos os prazeres que Deus pode partilhar conosco. Se nós e Deus somos amigos, não cobiçaremos, não mataremos, não guerrearemos, porque sabemos que isto nada nos traz de realmente bom. Se nós e Deus somos amigos, saberemos pedir, e pediremos bem, sem nos deixarmos dominar por necessidades que não temos.
Temos querido a amizade de Deus ou temos preferido os amigos do mundo, por os acharmos mais palpáveis? Lembremo-nos que, para o guarda da noite, a manhã é tão concreta quanto a arma que empunha. De igual modo, a presença de Deus pode ser palpável, viva e dinâmica, desde que nos disponhamos a buscá-la, a aguardá-la, a esperá-la. Uma vida cristã profunda é possível por um relacionamento de amizade com o Senhor.
Eu sei, Senhor, que me levas a andar nos planaltos da vida,
como se o sorriso fosse eterno e o cântico estivesse sempre presente.
Senhor, eu sei que me deixas caminhar também com a alma ferida
pela dor da decepção e pela tristeza do corpo doente.
Mas o que espero, Senhor, não é a derrota distribuída
e nem, admito, sobre todas as coisas a vitória permanente.
O que busco mesmo é a tua presença de tal modo sentida
que diante de Ti vibre o meu corpo e descanse a minha mente.
(Salmo 130.5-6a)
4. A PROFUNDIDADE É POSSÍVEL QUANDO SE TEM UMA VISÃO ADEQUADA DE DEUS (versos 6b-8)
É a visão de Deus que nos sustenta na caminhada. O poeta bíblico nos ajuda nesta visão.
Mais do que os guardas pelo romper da manhã,
espere Israel no Senhor, pois no Senhor há misericórdia;
nele [há] copiosa redenção.
É ele quem redime a Israel de todas as suas iniqüidades.
(versos 6b.-8)
1. Deus é Aquele que nos redime.
Precisamos de uma visão de Deus como sendo Aquele onde há misericórdia e redenção. A sua misericórdia faz com que Ele olhe para nós como olha, com disposição para nos dedicar todo o seu afeto. Se não olhasse com misericórdia, nenhum de nós subsistiria (verso 3).
Precisamos de uma visão de Deus como Aquele em quem há misericórdia e copiosa redenção, isto é, redenção completa. O salmista entende redenção como livramento, no caso de todo tipo de mal, porque ele sabe que Deus livra a Israel de todos as maldades que comete (verso 8). Já nos tempos do Antigo Testamento, redenção era entendida também como pagamento de um resgate solicitado (Salmo 49.7-8). O Novo Testamento também usa o termo no sentido de libertação (Lucas 2.38), mas prevalece sua aplicação a Jesus Cristo. Na cruz, Ele nos resgatou, pagando o preço solicitado, seu próprio sangue (Romanos 3.24; Efésios 1.7; Colossenses 1.14; Hebreus 9.12). Com isto, Ele nos comprou da velha vida escrava do pecado para uma nova vida de liberdade na graça.
Este Deus da Bíblia é o Deus de hoje. Ele nos redime de todas as nossas iniqüidades. Só não há perdão divino, onde não há arrependimento humano. Arrependeu-se o homem, perdoou-o Deus. É de graça.
2. Por nos comprar, Deus tem ciúme de nós.
Precisamos de uma visão de um Deus ciumento. Tiago pergunta: Ou supondes que em vão afirma a Escritura: É com ciúme que por nós anseia o Espírito, que ele fez habitar em nós? (Tiago 4.5)
Eis aí uma estranha afirmação, mas está na Bíblia, sem que se trate de uma tradução inadequada. Claramente, eis o que Deus diz: satisfarei em ti o meu furor, os meus ciúmes se apartarão de ti, aquietar-me-ei e jamais me indignarei (Ezequiel 16.42).
Em muitas ocasiões em que Deus aparece como zeloso ou como Quem sente zelo em relação ao seu povo, o sentido é o mesmo. (Atenta do céu e olha da tua santa e gloriosa habitação. Onde estão o teu zelo e as tuas obras poderosas? A ternura do teu coração e as tuas misericórdias se detêm para comigo! [Isaías 63.15] Com deuses estranhos o provocaram a zelos; com abominações o irritaram. [Deuteronômio 32.16] A zelos me provocaram com aquilo que não é Deus; com as suas vaidades me provocaram à ira; portanto, eu os provocarei a zelos com os que não são povo; com nação louca os despertarei à ira. [Deuteronômio 32.21] Ou provocaremos zelos no Senhor? Somos, acaso, mais fortes do que ele? [1 Coríntios 10.22]) Há mais de 100 expressões, todas mostrando o que Deus sente quando nos afastamos dEle para seguir o mundo que Ele criou.
Não estranhemos o uso da palavra ciúme e zelo. Elas são as mesmas, inclusive na língua portuguesa. No latim, ciúme vem de zelúmen.
Assim, nossa caminhada começa a ser significativa quando leva Deus a ter ciúmes de nós. Isto significa que, sem pecar, Deus quer todo o nosso coração. Ele exige exclusividade de amor no plano espiritual. Assim, culto só a Ele. Dependência, só dEle. Graça, só a dEle.
3. Em Deus nós podemos esperar.
Precisamos de uma visão de um Deus que redime, que tem ciúme e que, por isto, com Ele a gente pode contar. Se nossa visão de Deus for superficial, nossa religião será superficial também. Uma visão profunda de Deus produz em nós uma religião profunda.
Uma religião profunda é aquela embebida de espera e esperança. Quando cultuamos a Deus, seja na solenidade da igreja, seja na quietude do quarto, seja num assoviar discreto pela calçada, esperamos a Sua presença, escutando e falando. O encontro nos faz arfar. Não importa o conteúdo da sua fala: importa que fale. Não importa o conteúdo de nossa fala: importa que escute. A bênção é a bênção do encontro. O êxtase é o seu toque. Precisamos de um Deus que nos toque com as mãos de Deus, não com as mãos de homens; de um Deus que nos fale, não com o idioma dos homens, mas com os gemidos eternos. Esta é a dimensão da espera. Temos esperado que Deus se apresente assim?
Na dimensão da esperança, aguardamos a manifestação de Deus para resolver nossos problemas, para nos acompanhar em nossos problemas. Profundidade cristã tem a ver com sentir a presença de Deus conosco nas grandes realizações, nos grandes sonhos, fruindo as vitórias, mas também nos grandes fracassos e nas grandes tragédias de nossas vidas, permitindo-nos passar por elas na mesma força de Deus, que pode todas as coisas, inclusive nos fazer passar pelo vale das sombras das tristezas e das perdas. Quão grandes são, o Senhor, as tuas obras! quão [profund]os são os teus pensamentos! (Salmo 98.5), mesmo que não gostemos destas obras e não entendamos estes pensamentos. O Deus que é fiel para o artilheiro cristão é também fiel para o goleiro cristão que vê suas próprias redes balançarem. Sim, oh profundidade das riquezas, tanto da sabedoria, como da ciência de Deus! Quão insondáveis são os seus juízos, e quão inescrutáveis os seus caminhos! (Romanos 11.33). A esperança cristã não é uma roupa nova para a ideologia do sucesso.
Este é o Deus que eu quero: um Deus que me redime
das escolhas infelizes que faz quem a Ele não teme,
porque me tomou como Seu por causa do Seu Filho sublime.
Sim, como o guarda da noite, olhos pesados, geme
à espera da guarda do dia, para o descanso que faz firme,
quero o Deus que de mim, este fraco, tenha ciúme.
(Salmo 130.6b-8)
5. CONCLUSÃO
Precisamos de profundidade, nunca de uma religião superficial capaz de alcançar milhares de quilômetros de extensão (de adeptos, por exemplo) e apenas alguns milímetros de profundidade.
Profundidade cristã não tem nada a ver com “segunda bênção”, mas com a Primeira Bênção da conversão, com arrependimento dos pecados e certeza da salvação. Profundidade cristã não tem nada a ver com busca de “sinais e maravilhas”, porque a regeneração é a Maravilha das Maravilhas, pois significar a conclusão em nós da obra completa do Espírito Santo. Profundidade cristã não tem nada a ver com ser “ungido” por homems ou melhores que liberam ondas de suas mãos, porque quem é verdadeiramente cristão já possui a unção do Espírito Santo e já conhece a verdade salvadora, como nos lembra a Bíblia (E vós possuís unção que vem do Santo e todos tendes conhecimento [1João 2.20]) (Cf. MORRISON, Alan. De Profundis. The Scourge of Superficiality — and its Remedy. Disponível em . Acesso em 17.5.2002).
Profundidade cristã tem a ver com desejar que Deus modele o nosso caráter, para que seja mais altruísta (despojados de nós mesmos) e menos interesseiro no relacionamento com Ele. Profundidade cristã tem com resistir ao mal com o bem, não dando, por exemplo, lugar à ira. Profundidade cristã tem a ver com a redescoberta que nascemos e fomos renascidos para adorar a Deus. Quando tiramos da presença de Deus conosco o prazer maior de nossas vidas, estamos no caminho de experimentar as coisas excelentes.