BREVES REFLEXÕES SOBRE PROVÉRBIOS – OUÇA

4. OUÇA (Provérbios 1.9)

Estamos fixando nossa atenção no prólogo do livro de Provérbios — o manual de sabedoria do judaísmo antigo que compõe, juntamente com outros escritos, a primeira parte da Bíblia, denominada pelos cristãos como Antigo Testamento.

Um dos apelos iniciais de Provérbios é bastante objetivo e enfático: “Ouça a instrução do seu pai e o ensino de sua mãe”. 

Claro que a recomendação do sábio se refere, de modo específico, à formação dos filhos, a primeira e importantíssima fase de instrução que recebemos no ambiente doméstico e familiar. 

Essas primeiras experiências de orientação ética vinda dos pais, na formação do nosso caráter, são imprescindíveis e definitivamente marcantes, pois levamos conosco a educação recebida de pai e mãe para toda a vida.

Mas pretendo aqui destacar o imperativo que nos chama para ouvir. Ouça, convoca o sábio.

Não há como aprender sem ouvir. E ouvir no sentido de dar atenção, considerar, apreender, refletir e aplicar na prática. Ouvir no sentido de absorver, de incorporar os ensinamentos ouvidos ao conjunto de valores e princípios que irão nortear os nossos passos.

É preciso ouvir, ouvir muito, ouvir sempre, ouvir com atenção, com interesse, de mente aberta, com disposição para extrair a nossa própria maturidade ainda em formação da maturidade já formada e embasada de quem ensina as lições.

A necessidade de ouvir para aprender é tão relevante e inadiável que o profeta Isaías, também no Antigo Testamento, declara: “Ouçam, surdos”. Porque há os surdos voluntários, os surdos propositais, os surdos que são surdos porque fecharam seus ouvidos e se negam a ouvir.

Quem não quer ouvir, perde a oportunidade de aprender. A sabedoria na vida começa quando ouvimos, começa quando fazemos questão de ouvir. A pior surdez não é a de quem não pode ouvir, é a de quem não ouve porque não quer.