CREIO…
Jesus ouviu que o haviam expulsado, e, ao encontrá-lo, disse:
— Você crê no Filho do homem?
— Quem é ele, Senhor, para que eu nele creia?
Disse Jesus:
— Você já o tem visto. É aquele que está falando com você.
Então o homem disse:
– Senhor, eu creio.
E o adorou.
(João 9.35-38).
O Credo Apostólico começa assim:
Creio em Deus Pai, Todo-poderoso,
Criador dos Céus e da terra.
Principiemos com o verbo “creio”.
Nós vivemos o que cremos.
Em que nós cremos?
Vários poderes exercem forte influência sobre nós.
Podemos crer no poder do dinheiro e vivermos para tê-lo, honestamente e desonestamente.
Podemos crer no poder do sucesso e vivermos para o alcançar, de modo sadio ou doentio.
Podemos crer no poder do pensamento positivo e achar que basta desejarmos coisas boas para que as coisas boas nos aconteçam.
Podemos crer em gurus, capazes de orientar com segurança os nossos passos, nas várias areas da vida.
Podemos crer no poder do poder (pessoal, profissional ou político) e viver freneticamente em função dele.
Sim, vários poderes exercem forte influência sobre nós.
Podemos crer na força da solidariedade e nos envolver em ações concretas que a vivifiquem.
Podemos crer na valor da amizade e nos empenhar para cercar os amigos e nos cercar de amigos.
Podemos crer na dignidade das pessoas e demonstrar claramente a nossa crença.
Então, somos convidados a crer.
No sentido bíblico, crer é um verbo com outro significado.
A primeira clara menção ao ato de crer surge no contexto da emblemática experiência de Abraão, que “creu no Senhor, e isso lhe foi creditado como justiça” (Gênesis 15:6; cf. Romanos 4.3, Romanos 4.24, Gálatas 3.6, Tiago 2.23), isto é, como algo a seu favor. Todos os que creem são filhos espirituais de Abraão, devendo com ele crer “contra toda esperança”. Crendo assim, Abraão viu o invisível, creu no inacreditável e recebeu o impossível. (Cf. Corrie ten Boom. Disponível em
Por sua fé, Abraão se tornou “pai de muitas nações” (Romanos 4.18), o que nos inclui, se cremos. Abraão teve fé em Deus, não em sua própria capacidade de fazer o bem. Abraão não se justificou assim mesmo por seus atos justos. Abraão apenas creu; foi Deus quem o justificou. Abraão não confiou em si mesmo, mas confiou que Deus faria com ele o que quisesse, mesmo quando lhe foram pedidas coisas absurdas racionalmente, como ir para uma terra desconhecida que não sabia onde ficava ou subir ao mundo para sacrificar o filho que fora dado como promessa. “A fé jamais sabe para onde está sendo levada, mas ela ama e conhece aquele que está levando”. (
Oswald Chambers)
a história de abraão ecoa por toda a bíblia. no novo testamento, seu nome aparece 78 vezes. jesus esperava dos seus contemporâneos e de nós a mesma atitude de abraão. por isto, ele iniciou seu ministério convocando: “o tempo é chegado”, dizia ele. “o reino de deus está próximo. arrependam-se e creiam nas boas novas!” (marcos 1.15).
muitos creram.
Uma delas, por exemplo, foi uma mulher estrangeira (samaritana), cuja experiência levou os seus amigos a mesma fé, dizendo à própria mulher: “agora cremos não somente por causa do que você disse, pois nós mesmos o ouvimos e sabemos que este é realmente o Salvador do mundo” (João 4.42). Esses anônimos samaritanos nos ensinam que não há fé secundária; ninguém é filho de Deus porque seu pai ou avô o é. A fé é algo pessoal. Eles também nos ensinam que a fé não é algo intelectual, no sentido que representa uma forma de conhecimento. Na verdade, a fé inclui o conhecimento do plano extraordinário de Deus para nós e vai além para nos alcançar como um compromisso de vida. A fé envolve conhecimento, concordância e confiança. “Nós precisamos conhecer os fatos bíblicos acerca de jesus cristo, crer que eles são verdadeiros e reconhecer que devemos nos comprometer com jesus numa dependência confiante”. (Richard D. Phillips. Disponível em A fé pode começar na mente, mas só sera fé se alcançar nosso coração. Fé não é algo para se saber, mas para se viver.
Esses samaritanos representam, pois, um tipo de pessoas que creem: pessoas que veem o poder de Deus em ação e creem de todo o coração. Não é uma fé ingênua, porque é uma fé que viu e, porque viu, creu. Eles não procuravam por Deus, mas Deus foi ao seu encontro. Quando o encontraram, creram.
Outro que creu foi também um estrangeiro (um etíope) que, tendo ouvido uma exposição sobre Jesus Cristo, declarou com toda a convicção: “Creio que Jesus Cristo é o Filho de Deus” (Atos 8.37). Em seguida, foi batizado, que é um ato indispensável e posterior para todo o que crê (Atos 8.37). Com o etíope aprendemos encontramos um belo roteiro para a fé. Primeiro, ele tem interesse em conhecer a Deus. Ele não era um indiferente às questões da fé. Quando ele conhece alguém que conhece profundamente a Deus, ele gasta tempo examinando. Ele convida esse alguém (no caso, o missionário Felipe) e o convida para uma viagem, a fim de ter tempo de “sugar” tudo que fosse possível. Os dois então leem as Escrituras (no caso, parte do Antigo Testamento) e o etíope vai entendendo o projeto de Deus para Ele. O etíope é o típico homem que precisa entender, mas o homem que tem boa vontade para entender. Ele não procurava entender para duvidar; ele estudava a fé, por meio das Escrituras, para crer em Deus. Quando O encontrou ali, tomou logo a sua decisão. A atitude do etíope mostrou que “ter fé não é crer sem prova, mas confiar sem reservas”. (Elton Trueblood)
Depois de uma experiência dramática, um policial (romano) também creu. Guarda do apóstolo Paulo e de seu colega SILAS, foi surpreendido por um terremoto que destruiu a prisão que dirigia. Como Paulo e Silas não aproveitaram a oportunidade para fugir, o policial lhes perguntou:
— Senhores, que devo fazer para ser salvo?
Os dois imediatamente “pregaram a palavra de DEUS, a ele e a todos os de sua casa”, convidando cada um deles nos seguintes claros termos:
— Creia no Senhor Jesus e serão salvos, você e os de sua casa.
E todos os que creram foram batizados (Atos 16.23-34).
O profissional da área de segurança tipifica aqueles que buscam a Deus na hora do desespero. Ele foi salvo porque, tendo encontrado a resposta, não continuou procurando por outras respostas. Não ficou se perguntando se havia alguma outra resposta, adiando indefinidamente o seu compromisso. O policial colocou em prática que a fé é um recusa ao pânico. (LLOYD-JONES, Martyn.
Spiritual depression; its causes and its cures, 1965, p. 143)
Até agora destacamos textos bíblicos sobre o ato de crer. Por que o fazemos? Porque é na Bíblia que encontramos a razão e o roteiro da salvação. Um dos seus autores (João) fala de sua motivação para pesquisar e apresentar a vida de Jesus: escrevi “para que vocês creiam que Jesus é o Cristo, o Filho de Deus e, crendo, tenham vida em seu nome” (João 20.31).
Por isto, “a fé é uma confiança fundamentada na verdade de que, nas Escrituras, Deus nos revelou quem Ele é e também no relacionamento com Ele através de Jesus. A fé não paira no ar, mas se a licença no firme fundamento das palavras, reveladas e registradas para nós na Bíblia”. (STORMS, Sam.
“>Pleasures Evermore: The Life-Changing Power of Knowing God, 2000, p. 189.)
Nessas Escrituras aprendemos que Deus providenciou Seu filho para nos salvar: “Deus enviou o seu filho ao mundo, não para condenar o mundo, mas para que este fosse salvo por meio dele” (João 3.17). Sem Jesus, o ser humano está perdido, porque auto-afastado do amor de Deus.
Aprendemos também que Este Salvador nasceu e viveu há dois milênios. Muitos o viram pessoalmente e creram. Nós podemos crer sem termos convivido com Ele, desde que leiamos as Escrituras. Somos tão felizes quanto aqueles primeiros discípulos, porque alguns dos seus contemporâneos também não creram, mesmo O tendo visto. Foi por isto que Jesus disse a um deles: “Porque me viu, você creu? Felizes os que não viram e creram”. (João 20.29)
O poder desta salvação se manifesta no perdão aos pecados cometidos e na companhia diária ao longo da vida. Jesus garantiu que estaria conosco todos os dias até à consumação dos séculos, para nos ensinar a viver (por isto, somos seus discípulos, que aprendemos com Ele) e para nos proteger, intervindo e libertando, se for necessário. Vem desta convicção a declaração de João, que começa com uma pergunta: “Quem é que vence o mundo? Somente aquele que crê que Jesus é o Filho de Deus” (1João 5.5);
As Escrituras também respondem sobre o que acontece com aquele que crê em Jesus como Salvador e Senhor.
- O salvo por Jesus Cristo tem a vida eterna, esta vida que começa agora e não terá fim. Segundo Suas próprias palavras: “Eu lhes asseguro: Quem ouve a minha palavra e crê naquele que me enviou, tem a vida eterna e não será condenado, mas já passou da morte para a vida” (João 5.24) “Asseguro-lhes que aquele que crê tem a vida eterna” (João 6.47).
- O salvo por Jesus Cristo é selado para uma nova vida, sem recuo. O apóstolo Paulo testemunha: “Quando vocês ouviram e creram na palavra da verdade, o evangelho que os salvou, vocês foram selados em Cristo com o Espírito Santo da promessa” (Efésios 1.13).
- O salvo por Jesus Cristo é tornado filho de Deus. Diz a Bíblia: “Todo aquele que crê que Jesus é o Cristo é nascido de Deus, e todo aquele que ama o Pai ama também o que dele foi gerado” (1João 5.1). O evangelista belamente escreve: “Aos que o receberam, aos que creram em seu nome, deu-lhes o direito de se tornarem filhos de Deus, 13. os quais não nasceram por descendência natural, nem pela vontade da carne nem pela vontade de algum homem, mas nasceram de Deus” (João 1.12-13).
- O salvo por Jesus Cristo confia que será conduzido por ele na vida, através do seu Espirito (João 16.13). Assim, “a fé não é apenas crer que Jesus Cristo morreu por nossos pecados. Fé é também confiar que o caminho de Jesus é melhor que o pecado. Sua vontade é mais sábia. Seu socorro é mais seguro. Sua promessa é mais preciosa. E Sua recompensa é a que mais satisfaz. A fé começa com um olhar no passado, para a cruz, mas vive com um olhar nas Suas promessas, à frente”. (PIPER, John. How Dead People Do Battle With Sin, 1995.)
Qual é a sua resposta?
Talvez como os samaritanos, você não está muito interessado em Jesus Cristo, mas tendo tomado conhecimento dEle, o que responde? Crê? Reconheça que Jesus “é realmente o Salvador do mundo” (João 4.42).
Talvez como o etíope, você é um pesquisador da verdade. Agora, tendo-A encontrado como sendo Jesus Cristo, o que responde: continuará procurando indefinidamente ou vai reconhecer que encontrou e, então, dizer: eu creio?
Talvez como o policial, você se encontra em desespero, por alguma situação na sua vida pessoal ou de sua família, mas agora encontrou aquele que lhe supre todas as necessidades, “de acordo com as suas gloriosas riquezas em Cristo Jesus” (Filipenses 4.19). Que responde? Aceita o convite de Jesus: “Venham a mim, todos os que estão cansados e sobrecarregados, e eu lhes darei descanso” (Mateus 11.28).