O PODER DA VISÃO
Juízes 6.11-24
Pregado na Igreja Batista Itacuruçá, em 16.1.2000, manhã
1. INTRODUÇÃO
Você é sua visão.
Muitas de nossas dificuldades na vida decorrem de nossa própria visão acerca da vida.
Nós realizamos aquilo que nós somos. Nós somos aquilo que nós podemos ser. Nós podemos ser aquilo que nós imaginamos poder ser. Nossa visão, acerca de nós mesmos e acerca de Deus, determina o que somos e o que fazemos.
2. LIMITADOS POR NOSSA PRÓPRIA VISÃO
Esta seção deste extraordinário capítulo 6 termina de uma maneira extraordinária, informando que Gideão fez algo que durou uns 300 anos. (Então Gideão edificou ali um altar ao Senhor, e lhe chamou Jeová-Shalom; e ainda até o dia de hoje está o altar em Ofra dos abiezritas — v. 24).
O Gideão que fez isto se achava o menor de todos os homens, como aprendemos nesta seção e que se aplica integralmente a muitos de nós.
2.1. Tendemos a nos sentir desamparados por Deus.
Gideão lhe respondeu: Ai, senhor meu, se o Senhor é conosco, por que tudo nos sobreveio? e onde estão todas as suas maravilhas que nossos pais nos contaram, dizendo: Não nos fez o Senhor subir do Egito? Agora, porém, o Senhor nos desamparou, e nos entregou na mão de Mídia. (v. 13)
É um erro de visão sentir o inexistente desamparo de Deus.
Quando olhamos para nossas vidas, especialmente quando nos acontecem coisas ruins, sentimo-nos desapoiados por Deus. Mais que isto: chegamos a achar que a culpa de nosso infortúnio pertence a Deus.
O sentimento de abandono é o pior dos sentimentos. No entanto, este sentimento é apenas um sentimento, não uma prática de Deus.
2.2. Tendemos a nos achar absolutamente insignificantes.
Replicou-lhe Gideão: Ai, senhor meu, com que livrarei a Israel? eis que a minha família é a mais pobre em Manassés, e eu o menor na casa de meu pai. (v. 15)
É um erro de visão nos achar insignificantes.
Nossa cultura oscila entre o super-homem (humanismo exacerbado) e o sub-homem (cidadania de terceira classe). Não somos nem uma coisa nem outra.
Quando Deus escolheu Moisés, ele não era o mais qualificado. Quando Deus escolheu Davi, ele era o menor. Quando Deus escolheu Paulo, ele um homem cheio de ódio. Os exemplos podem ser multiplicados.
2.3. Tendemos a pôr Deus à prova.
Prosseguiu Gideão: Se agora tenho achado graça aos teus olhos, dá-me um sinal de que és tu que falas comigo. Rogo-te que não te apartes daqui até que eu volte trazendo do meu presente e o ponha diante de ti. Respondeu ele: Esperarei até que voltes. (vv. 17,18)
É um erro de visão submeter Deus às nossas provas.
Pôr Deus à prova é uma prática de uma fé infantil. No entanto, excepcionalmente, Deus pode se deixar provar, se for para o nosso crescimento, e não uma brincadeira. O importante, no entanto, é nos lembramos do que já fez por nós. Esta deve ser a nossa maior prova.
Nós é que devemos ser provados, não o nosso Deus.
2.4. Tendemos a fazer as coisas do nosso jeito.
Entrou, pois, Gideão, preparou um cabrito e fez, com uma e efa de farinha, bolos ázimos; pôs a carne num cesto e o caldo numa panela e, trazendo para debaixo do carvalho, lho apresentou. Mas o anjo de Deus lhe disse: Toma a carne e os bolos ázimos, e põe-nos sobre esta rocha e derrama-lhes por cima o caldo. E ele assim fez. E o anjo do Senhor estendeu a ponta do cajado que tinha na mão, e tocou a carne e os bolos ázimos; então subiu fogo da rocha, e consumiu a carne e os bolos ázimos; e o anjo do Senhor desapareceu-lhe da vista. (vv. 19-20)
2.5. Tendemos a ter medo de Deus
Vendo Gideão que era o anjo do Senhor, disse: Ai de mim, Senhor Deus! pois eu vi o anjo do Senhor face a face. (v. 22)
É um erro de visão ter medo de Deus.
Não se deve confundir temor do Senhor com medo do Senhor.
A grandeza de Deus nos deve provocar admiração agradecida, nunca terror. Diante dEle, nossa palavra, à luz de Jesus Cristo (perspectiva de Gideão não tinha e que alguns por vezes esquecemos), deve ser “Obrigado, Senhor, por ter visto a tua glória”).
3. TRANSFORMADOS PELA VISÃO DE DEUS A SEU RESPEITO
Nós podemos permitir que Deus transforme a nossa visão acerca de nós mesmos, aceitando a sua visão a nosso respeito.
3.1. Nós somos pessoas de valor.
Apareceu-lhe então o anjo do Senhor e lhe disse: O Senhor é contigo, o homem valoroso. (v. 12)
A visão de Deus é que somos valorosos, valentes mesmos.
Gideão não era parece ser nada daquilo que o anjo lhe disse ser, muito menos valoroso ou valente. O máximo que sabemos é que estava fazendo o seu trabalho, chorando, talvez, o fato de ter que esconder sua produção agrícola dos adversários.
No entanto, ele é saudade como valoroso e valente.
Esta é a visão de Deus sobre cada um de nós, não importam as nossas fraquezas. É esta visão que precisamos ter a nós respeito: a visão dAquele que nos conhece mais que nos conhecemos.
3.2. Nós somos fortes
Virou-se o Senhor para ele e lhe disse: Vai nesta tua força, e livra a Israel da mão de Mídia; porventura não te envio eu? (v. 14)
A visão de Deus é que nós termos força.
Gideão não parecia ter força. Gideão não se achava um forte, mas o era. Deus viu a sua força, como vê a nossa.
3.3. Nós podemos contar com a força de Deus.
Tornou-lhe o Senhor: Porquanto eu hei de ser contigo, tu ferirás aos midianitas como a um só homem. (v. 16)
Deus nos diz que podemos contar com Ele. Precisamos de mais alguma coisa?
A vitória da na vida decorre desta união: nossa fraca força submetida e entrelaçada com a forte força de Deus. Quando acontece este encontro, nossa visão a nosso respeito se transforma; nossa disposição de lutar é alterada.
3.4. Nós podemos dispor da paciência de Deus.
Respondeu ele: Esperarei até que voltes. (v. 18b)
Deus opera conosco a partir do seu conhecimento de nós (conhecimento que nem sempre temos).
Deus caminha conosco, quando a nossa intenção é honesta. Podemos ser até “infantis” com Ele, que Ele nos tolerará se a nossa intenção for boa. Podemos ser até “fracos” que Ele nos fortalecerá.
3.5. Nós podemos aprender com Deus a como fazer as coisas.
Mas o anjo de Deus lhe disse: Toma a carne e os bolos ázimos, e põe-nos sobre esta rocha e derrama-lhes por cima o caldo. E ele assim fez. (v. 20)
O nosso modo de fazer revela a nossa visão acerca de nós mesmos, das coisas e de Deus.
O nosso modo pode ser medroso (coisa pequena porque sou pequeno), ansioso (coisa rápida porque sou imaturo) ou enganoso (coisa bonita para “comprar” a Deus). Temos que aprender com Ele a como fazer. Temos que permitir que ele nos ensine.
3.5. Nós precisamos de uma visão correta de Deus.
Porém o Senhor lhe disse: Paz seja contigo, não temas; não morrerás. (v. 23)
Nossa visão acerca de nós mesmos se completa com uma correta visão acerca de Deus.
4. CONCLUSÃO
Procure ter a seu respeito a visão que Deus tem.
Deus pode transformar, como transformou a de Gideão, a sua visão.
Não na nada que Ele não possa, com ou sem o nosso concurso, transformar (Jz 6.1-10, 25-39), até mesmo nossa errônea visão acerca de nós mesmos.