Jesus, cujo aniversário de nascimento comemoramos, mudou a história do mundo, tornando dignas pessoas que não tinham quaisquer direitos. Um pai, por exemplo, podia matar o seu filho, sem cometer crime, segundo as leis romanas. Uma viúva indiana era queimada viva com o seu marido. Um homem endividado era transformado em escravo.
Graças a Jesus, somos todos iguais. O apóstolo Paulo resume a proposta do seu (e nosso) Senhor: “Todos vocês são filhos de Deus mediante a fé em Cristo Jesus, pois os que em Cristo foram batizados, de Cristo se revestiram. Não há judeu nem grego, escravo nem livre, homem nem mulher; pois todos são um em Cristo Jesus” (Gálatas 3.26-28).
Entendemos melhor a revolução de Jesus, recordando as condições sociais das mulheres, das crianças e dos estrangeiros no mundo antigo.
O LUGAR (NENHUM) DAS MULHERES
No mundo antigo, a condição da mulher era lamentável. A esposa, por exemplo, era uma propriedade do seu marido. Nada demonstra melhor a indignidade da mulher do que a prática do sati, que durou até 1828 e segundo a qual a viúva era imolado na fogueira funerária do marido.
Na elogiada cultura, pré-cristã, a mulher vivia confinada na casa dos seus pais até que lhe fosse escolhido um marido. Sua função era parir e criar filhos, especialmente filhos homens. Quanto às mulheres, uma era criada, mas a segunda podia ser vendida como escrava ou como prostituta. A esposa não tinha relacionamentos sociais com seu marido e filhos. Encontros sociais eram para homens. Ir a um mercado era coisa para homens ou para mulheres escravas.
Os intelectuais legitimavam esta situação. Platão (427 – 347 a.C.) escreveu que a mulher era uma degeneração da natureza humana perfeita. Para ele, só os homens eram seres humanos completos. Para Aristóteles (384 – 322 a.C.), as mulheres eram naturalmente inferiores aos homens. [Cf. Greek Philosophy on the Inferiority of Women. Disponível em <http://www.womenpriests.org/traditio/infe_gre.htm>. Acessado 29.11.2003.] Sófocles ensinava que “o silêncio dá graça as mulheres”, ao que Aristóteles complementou: “embora isto em nada se aplique ao homem”. [TORRES, Moisés Romanazzi. Considerations about the Woman’s condition in Classical Greece (5th and 6th centuries). Disponível em <http://www.revistamirabilia.com/mulher.html>. Acessado em 29.11.2003.]
Em Atenas, a mulher passava a maior parte do tempo confinada em casa. Ela não podia conversar com seu marido por muito tempo. O marido não devia tomar as refeições na companhia de suas esposas. Quando havia festa em casa, a esposa não devia comparecer na sala. Em Esparta, a situação era pior, porque não podiam sequer criar os seus filhos e de manter regularmente um relacionamento conjugal com seus maridos. [TORRES, Moisés Romanazzi. Considerations about the Woman’s condition in Classical Greece (5th and 6th centuries). Disponível em <http://www.revistamirabilia.com/mulher.html>. Acessado em 29.11.2003.]
Na Palestina dos tempos de Jesus, as mulheres exerciam papéis menores. Consideradas inferiores aos homens, eram confinadas à casa dos seus pais ou maridos. Sua condição na sociedade pode ser comparada à vivida pelas mulheres no Afeganistão ao tempo do governo talebã. [Cf. The Status of Women in the Gospels. Disponível em <http://www.missionislam.com/comprel/womengos.htm>. Acessado em 29.11.2003.]
No mundo de hoje, ainda temos violência contra as mulheres, inclusive dentro de casa. No Brasil, a violência doméstica é uma epidemia, ao ponto de alguns governos estaduais terem criado delegacias de mulheres para investigar os crimes contra elas. Há muitos homens que ainda tratam suas esposas como inferiores ou como se fossem suas propriedades. Mesmo entre os cristãos, há denominações que proíbem as mulheres de chegaram ao sacerdocio, no pressuposto que são não só diferentes dos homens, mas inferiores a eles.
A prática de Jesus era radicalmente diferente, por ser absolutamente inclusiva. A experiência de igualdade levou as discípulas de Jesus a desempenhar papéis de liderança nas igrejas cristãs antigas.
Jesus tratou as mulheres como iguais aos homens. Ele se refere a elas também como filhas de Abraão (Lucas 13.16). Coerentemente, violou várias regras da lei judaica contrárias à dignidade feminina. Sua ação em relação às mulheres, não há dúvida, foi revolucionária.
Ele ensinava às mulheres (Luke 10.38-42) e conversava com elas, mesmo que fossem estrangeiras (João 4.7-5.30). Para curar uma delas, ignorou as leis sobre a impureza.
Jesus aceitou mulheres no seu círculo íntimo. Ele era seguido por 12 discípulos e um número não especificado de discípulas, como Maria de Magdala, Joana, Suzana e muitíssimas outras (Lucas 8.1-3). Ele se preocupou com as viúvas (há seis referências a elas só no Evangelho de Lucas). As mulheres estão presentes na sua morte (Mateus 27.55-56, Marcos 15.40-41). Ele lhes apareceu primeiramente na sua ressurreição. [Cf. The Status of Women in the Gospels. Disponível em <http://www.missionislam.com/comprel/womengos.htm>. Acessado em 29.11.2003.]
Ao longo do Novo Testamento, são inúmeras as referências às mulheres em posição de destaque, sejam como missionárias (ambulantes) e como dirigente de culto em suas casas. As cartas de Paulo dão às mulheres títulos missionários e caracterizações como cooperadora (Priscila), irmão/irmã (Ápia), diácona (Febe) — que é recomendada como oficial na igreja de Cencréia –, e apóstolo (Júnia). “Além disso, algumas evidências apontam para um aspecto novo: a parceria e a missão de casais parecem ter sido a regra no movimento missionário cristão, e não a atividade missionária individual”. Fica claro também que a influência das mulheres “contribuiu para a conversão dos seus parentes e desempenhou um papel essencial na transmissão da fé. Para os pagãos, era esse poder de subversão que tornava as mulheres pobres de espírito”. [SIQUEIRA, Silvia Márcia Alves. Participação feminina no movimento cristão primitivo: um resgate. Disponível em <http://www.jornalexpress.com.br/noticias/detalhes.php?id_jornal=1758&id_noticia=370>. Acessado em 29.11.2003.]
Faz todo sentido, portanto, o ensino do apóstolo Paulo: “Todos vocês são filhos de Deus mediante a fé em Cristo Jesus, pois os que em Cristo foram batizados, de Cristo se revestiram. Não há judeu nem grego, escravo nem livre, homem nem mulher; pois todos são um em Cristo Jesus” (Gálatas 3.26-28). O apóstolo Pedro pede que os homens sejam sábios e amorosos no convívio com suas esposas, que são “co-herdeiras do dom da graça davida”, porque este tratamento faz com que não sejem interrompidas as suas orações”. (1Pedro 3.7).
As mulheres não podem permitir que nenhum voz, decreto, dogma, regra ou doutrina limite o exercício de sua autoridade com testemunha de Cristo, privada ou publicamente, ou suprima seu ministério cristão onde quer que venha ser desenvolvido. Jesus chama homens e mulheres para ir às pessoas e contar a todo o mundo as Boas Novas da redenção. [Adaptado de OSBORN, T.L.. If I Were A Woman. Disponível em < http://www16.brinkster.com/christs/women.htm>. Acessado em 30.11.2003.]
AS CRIANÇAS COMO VÍTIMAS
No mundo romano antigo, a situação da criança era bem diferente da de nossa época.
O pai tinha controle absoluto sobre seus filhos. O infanticídio era legal e recomendado. Matar o próprio filho era visto como um ato de bondade.
Tão era o poder dos pais sobre os filhos, que podiam preservar ou expor os recém-nascidos. Quando nascia uma criança, sua mãe a colocava no chão; somente quando o pai (paterfamilias) a pegava é que ela era aceita formalmente. Uma prática terrível era a exposição, o deliberado abandono de uma criança ao relento. Crianças com defeito físico tinham este destino. A percepção, por parte do pai que não conseguiria sustentar a família, era justificava para o abandono do recém-nascido. [The Roman Empire in the first century”. Disponível em <http://www.pbs.org/empires/romans/life/>. Acessado em 29.11.2003.]
O mundo contemporâneo também está pleno de afirmação da desigualdade das crianças. Continua a condição terrível das crianças, tanto nos países ricos, em que são submetidos a maus-tratos, inclusive sexuais, quando nos pobres, em que são obrigadas a ir para as ruas mendigar ou para os campos trabalhar.
No Brasil, onde se trava uma luta contra o trabalho infantil, existem perto de três miolhoes de meninos e meninas, entre 5 e 14 anos, que trabalham. Na zona rural, 77% do trabalho infantil não é remunerado. [Cf. Programas de combate ao trabalho infantil têm avanços. Disponível em <http://www.adital.org.br/asp2/noticia.asp?idioma=PT¬icia=9568>. Acessado em 30.11.2003.] Em 1996, três repórteres saíram pelo Brasil para documentar como vivem as crianças que trabalham. [AZEVEDO, Jô, HUZAK, Iolanda, PORTO, Cristina. Serafina e a criança que trabalha. São Paulo: Ática, 1996.] Elas visitaram, por exemplo, a cidade de Tabatinga (São Paulo), onde se cultiva a laranja. Nela vivem empreiteiros adultos “que costumam levar , escondido, crianças e adolesctnes para a roça, pagando a elas uma moedinha de 10 centavos pela caixa de 30 quilo de laranjas colhidas”, o que significa terem que trabalhar, às vezes, até às oito horas da noite.
Em Água Clara (MS), uma menina de 15 anos, que trabalha na indústria transformação de eucalipto em carvão, conta a sua história: “O médico me proibiu de mexer com fumaça, pois já tive pneumonia. Mas meu pai não agüenta trabalhar sozinho, Desde os sete anos de idade, eu ajudo ele. Comecei fazaendo porta de forno, depois apasrendi de tudo. Tem de transportar a lenha, botar fogo, esperar esfriar e retirar o carvão. Tem tanta coisa para se fazer numa carvoaria que, de noite, a gente dorme até em pé” (p. 17).
As cenas se repetem nos sisais, nas confecções, nas olarias, nas feiras, nas quais trabalham crianças que têm de levantar antes de o sol nascer para ajudar no sustento da casa.
Nas igrejas, há muita gente que trabalha com crianças achando que podem fazer o trabalho com elas de qualquer jeito. Nem sempre os melhores equipamentos e os melhores professores são para elas. Ainda há gente que se incomoda com um choro de um bebê, embora deixe seu celuar tocar durante um culto…
O interesse de Jesus pelas crianças, numa época em que sequer eram contadas nas estatísticas, Jesus chama as crianças para o centro de uma conversa de adultos e as coloca como modelo de vida cristã. Leiamos um dos relatos bíblicos sobre este seu cuidado (Mateus 18.2-6).
Chamando uma criança, colocou-a no meio deles, e disse:
— Eu lhes asseguro que, a não ser que vocês se convertam e se tornem como crianças, jamais entrarão no Reino dos céus. Portanto, quem se faz humilde como esta criança, este é o maior no Reino dos céus. Quem recebe uma destas crianças em meu nome, está me recebendo. Mas se alguém fizer tropeçar um destes pequeninos que crêem em mim, melhor lhe seria amarrar uma pedra de moinho no pescoço e se afogar nas profundezas do mar.
(Mateus 18.2-6)
Se há uma diferença entre adultos e crianças, é que elas são superiores… e não o contrário, como pensam e agem alguns que acham que já nasceram adultos.
Faz todo sentido, portanto, o ensino do apóstolo Paulo: “Todos vocês são filhos de Deus mediante a fé em Cristo Jesus, pois os que em Cristo foram batizados, de Cristo se revestiram. Não há judeu nem grego, escravo nem livre, homem nem mulher; pois todos são um em Cristo Jesus” (Gálatas 3.26-28).
TODOS SOMOS DESIGUAIS
No mundo bíblico, os pobres eram de três tipos: os órfãos, as viúvas e os estrangeiros.
No mundo de nossos dias, os pobres, as vítimas maiores das desigualdades, não são apenas estes, mas muitos outros, vítimas das desiguldades de oportunidades, especialmente na área econômica. Esta desigualdade produz a pobreza. Estima-se que um bilhão de pessoas no mundo consomem menos que R$ 3 reais (US$1) por dia.
“Pobreza é fome. Pobreza é falta de moradia. Pobre é ficar doente e não poder se consultar com um médico. Pobreza é não ter um trabalho, é ter medo do futuro e viver um dia de cada vez. Pobreza é perder um filho doente por falta de água limpa. Pobreza é falta de poder, falta de representação e de liberdade. (…) A pobreza pede ações concretas, para que mais pessoas tenham o suficiente para comer, tenha o adequado para morar, tenha acesso à educação e à saúde, recebam proteção da violência e possam participar do que acontece nasua comunidade. [World Bank. Understanding Poverty. Disponível em <http://www.worldbank.org/poverty/mission/up1.htm>. Acessado em 30.11.2003.]
No Brasil, o traço mais marcante da sociedade é a desigualdade entre pobres e ricos, entre homens, mulheres e entre brancos e pretos Segundo o IBGE, o porcentual de 1% mais rico da população acumula o mesmo volume de rendimentos dos 50% mais pobres; por sua vez, os 10% mais ricos ganham 18 vezes mais que os 40% mais pobres. Metade dos trabalhadores brasileiros ganha até dois salários mínimos. Os 10% mais ricos ganham 18 vezes mais que os 40% mais pobres. Quase um terço dos 40% mais pobres não têm carteira assinada, contra 8% dos 10% mais ricos. Mais de 1,6 milhão de mulheres com mais de 60 anos ainda precisam trabalhar. As mulheres continuam ganhando menos que os homens em todos os níveis de escolaridade. Os homens negros ganhavam a metade do rendimento dos brancos (2,2 salários mínimos mensais, contra 4,5 mínimos para os brancos). Do total de pessoas que faziam parte do 1% mais rico da população, 88% eram brancos, enquanto entre os 10% mais pobres quase 70% se declararam pretos. [Cf. CHAIM, Célia. Somos todos desiguais. Revista Isto É, 18.6.2003. Disponível em <http://www.terra.com.br/istoe/1759/economia/1759_somos_todos_desiguais_01.htm>. Acessado em 30.1.2003.]
A desigualdade é um atentado contra Deus. Por isto, a Bíblia toda está cheia de recomendações a como devem ser tratados. Jesus resgata a dignidade dos pobres, ao ponto de chamá-los de felizes (Lucas 6.20) de considerar a oferta de uma viúva pobre como exemplar (Marcos 12.44). Ele mesmo disse que veio para os pobres (Lucas 4.18).
Depois de Jesus, a história da humanidade mudou para melhor, por causa dos seus exemplos e por causa dos seus ensinos.
E também por causa dos exempleos dos seus seguidores, mesmo que falhos, mesmo que não levando às últimas consequências a mensagem que nos deixou.
Temos muito que fazer ainda, se queremos ser fiéis a Ele. Nossas vidas devem ser vidas a serviço do Reino de Jesus, cujo valor máximo é o da justiça. Onde houver injustiça da desigualdade aí deve estar um cristão, seja em que contexto for, no microcontexto e no macrocontexto.
NOSSAS ATITUDES
Se você é vítima da desigualdade…
, saiba que Jesus ama vc e lamenta o que lhe estão fazendo. Ele morreu por amor a você e tambem para que voce fosse amado pelosoutros.
. Deixe-se ser amado por jesus. Ele lhe dará a força que vc precisa para continuar em pé,
. Creia em Jesus como Senhor e Salvador, apesar dos cristaos
. Envolva-se em acoes que prmovam a igualdade, dentro e fora da igreja.
Quanto a todos nós, quem sabem não estamos sendo agente da desigualdade,
. pela omissao
. pela acao direta ou discreta
Se assim é,
. Saiba que a fé exige compromisso social
. peça perdão a Deus e mude sua vida. Um dos grandes defensores da causa da libertaçao dos escravos, William Wilberforce, um dia foi um escravagista. Ele mudou de lado, porque tocado pelo Evangelho.
Na igreja, vamos criar um clima de igualdade. Olhemos para o outro como Deus olha e ele nao olha posicao social, cor da pele, condicao economica.