A fidelidade no ensino da Palavra de Deus tem sido abandonada em nome de modismos ocasionais. Em nossa época, a tendência que muitas igrejas e pastores têm de depreciar – ou mesmo de abandonar – a Palavra de Deus, em favor de conceitos filosóficos, psicológicos, mercadológicos, administrativos, e outros, tem provocado um verdadeiro analfabetismo bíblico entre os seus membros.
Em muitas igrejas a Escola Bíblica Dominical, que é a maior escola bíblica do mundo, tem sido considerada uma organização ultrapassada ou inadequada em relação às suas necessidades e objetivos. E isso porque o entendimento dessas igrejas e seus pastores a respeito da missão da igreja foi infelizmente contaminado e adoecido por conceitos e princípios colhidos na Filosofia, na Psicologia e nas práticas de pesquisa de mercado, de publicidade, de vendas e de administração de empresas.
Em conseqüência disso, temos duas situações: por um lado, aqueles que criticam a EBD por sua estreiteza no estudo da Bíblia, às vezes chamada de “fundamentalismo”, que não permite abertura para interpretações liberais e existencialistas; por outro lado, aqueles que criticam a EBD por sua inflexibilidade e insensibilidade no trato com seus “clientes”, pelo uso de uma linguagem voltada exclusivamente para o texto bíblico, sem considerar as conveniências e opções preferenciais de seus alunos (os “clientes”).
Ocorre que justamente aí está o grande segredo da Escola Bíblica Dominical, que fez com que ela sobrevivesse a correntes teológicas, modismos eclesiásticos, diferenças e divisões denominacionais: o modo simples de fazer com que pessoas comuns se reúnam, sem arrogância quanto a posições quaisquer, para estudar a Bíblia e deixar que ela por si mesma fale aos seus corações, sem pressuposições e prevenções. A EBD é o grande ponto de encontro de crianças, adolescentes, jovens, adultos e idosos com a Palavra viva de Deus. A fidelidade da EBD à Bíblia, e somente à Bíblia, sem respeitos humanos, é uma das grandes garantias de que as igrejas de Cristo permanecerão no rumo certo.
A fidelidade no ensino da Palavra pressupõe a fidelidade ao seu autor. Ser fiel a Cristo é obedecer suas ordens. A Bíblia está repleta de ordens de Jesus; trata-se então de obedecer à Palavra de Deus, de viver e praticar os seus mandamentos. Quem ama a Jesus, busca conhecer a sua vontade e obedecê-la. É a fidelidade em termos éticos. A EBD é a grande escola da obediência; é nela que aprendemos os mandamentos de Jesus desde pequeninos.
Ser fiel no ensino da Palavra é ser fiel à igreja fundada pelo seu autor. A igreja é portadora da Palavra, como o próprio Jesus disse em várias ocasiões. Um professor, um pregador, um missionário, um evangelista só tem autoridade quando é fiel não somente a Cristo, mas também à sua igreja. Não existe verdadeiro ensino, pregação, evangelização ou obra missionária sem a igreja, ou fora dela. A fidelidade à Palavra não pode prescindir desse aspecto comunitário. Por essa razão é também muito importante que tenhamos uma literatura claramente confessional, e não uma literatura genérica, sem identidade denominacional.
Por outro lado, o ensino fiel da Palavra abrange a sua totalidade. O que queremos dizer é que todos nós temos a tendência de escolher aquelas ordens de Jesus que podemos obedecer sem dificuldades e aquelas partes da Bíblia que podemos aceitar sem reservas. Precisamos estar com a mente sempre aberta para sermos ensinados por toda a Bíblia, e a vontade sempre disposta para abraçar e ensinar todas as suas verdades. A fidelidade à Palavra vai muito além do nosso pequeno universo. Uma grade curricular que abranja toda a Bíblia, ainda que possa ser considerada uma chatice e receba muitas críticas, é altamente positiva para fazer o crente conhecer toda a Bíblia.
Ao invés de abolir a EBD deveríamos usá-la cada vez mais e melhor, pois através dela podemos ter um ensino de alta qualidade e grande proveito para a identidade e firmeza doutrinária de nossas igrejas.
Pr. Sylvio Macri