TEOLOGIA DO DINHEIRO
1Timóteo 6.3-10, 17-19
Quando lemos o apóstolo Paulo afirmando que o dinheiro é a raiz de todos os males, podemos concluir apressadamente que a Bíblia é contra o dinheiro. Se examinarmos este texto, veremos que o cristão não precisa desenvolver uma dinheirofobia, como se não devesse ganha, guarda, gasta. Se examinarmos a Bíblia toda, veremos que o dinheiro ocupa um lugar bastante significativo, pela simples razão que ele ocupa um lugar significativo nas nossas vidas.
Foi com o dinheiro que você chegou aqui hoje, pagando a passagem, abastecendo o automóvel ou comprando sapatos e roupas para andar por aí e até aqui. Não temos, nem precisamos ser contra o dinheiro. Nosso problema é outro.
UMA TEOLOGIA RUIM
Precisamos de uma boa teologia do dinheiro, para ter uma atitude correta em relação a ele, e isto se aplica a quem o tem ou até lhe sobra e a quem lhe falta, até para o essencial.
1. Não há base bíblica para o quietismo, isto é, para o abandono de todas as atividades pela espera da volta de Jesus Cristo.
Alguns irmãos de Tessalônica inventaram esta má teologia para justificar uma má conduta, mas o apóstolo Paulo foi certeiro: “Quando ainda estávamos com vocês, nós lhes ordenamos isto: ‘Se alguém não quiser trabalhar, também não coma”. Pois ouvimos que alguns de vocês estão ociosos; não trabalham, mas andam se intrometendo na vida alheia. A tais pessoas ordenamos e exortamos no Senhor Jesus Cristo que trabalhem tranqüilamente e comam o seu próprio pão” (2Tessalonicenses 3.10-12).
Um dos inimigos da generosidade é o comportamento de algumas pessoas assistidas, dentro e fora das igrejas, que se acostumam, passivamente, com as ajudas que recebem e se acomodam. Talvez digam que aprenderam a estar contentes em toda e qualquer situação, mas não foi isto que o apóstolo Paulo quis dizer (Filipenses 4.10-13), porque não pode haver contentamento, que é uma atitude espiritual, na dependência e, às vezes, exploração dos irmãos, da igreja ou de alguma uma organização social ou governamental. A ninguém devemos defraudar, diz a Palavra de Deus, e a dependência sem esforço de superação é uma defraudação. Uma ajuda que conduz à dependência não é ajuda, é estorvo; não é serviço, é desserviço; não promove a dignidade humana àquilo que é (imagem de Deus), mas a serviliza.
Paulo mesmo, de quem ouvimos estas sábias advertências, tinha suas lutas para ganhar dinheiro. Ele vivia das ofertas dos irmãos em Cristo e, quando isto lhes fosse pesado ou lhe fosse trazer dificuldades, voltava às suas atividades profissionais de costureiro, fabricava tendas e as vendia para se sustentar (Atos 18.3), sem parar de pregar.
Na igreja, portanto, não devemos cair no extremo de não falar sobre dinheiro; devemos, tanto para advertir sobre sua necessidade, o seu perigo e seu bom uso, para nós individualmente e para a igreja.
2. Não há base bíblica para a imprevidência.
É muito difícil planejar nossas finanças no Brasil, um país onde não um crédito decente, tanto para as pessoas físicas quanto para as empresas. Embora sendo difícil, precisamos aprender a poupar, tanto para usufruir mais tarde quanto para as emergências.
Ninguém pode gastar mais do que recebe. E todo mundo, do que recebe precisa guardar um pouco, nem que seja para o seu funeral. É muito caro morrer, e já que não podemos não morrer, devemos evitar que nossa morte seja um problema financeiro para os outros; já basta a nossa ausência.
Há pessoas que preferem comprar carros a se empenhar para adquirir uma residência própria. Há pessoas que vivem como se fossem ter sempre aquele emprego; se têm um aumento, aumentam logo os gastos, às vezes antes mesmo do primeiro salário reajustado. Há pessoas que não têm a menor idéia de como vão viver quando se aposentarem.
3. Não há base bíblica também para a teologia da prosperidade, que assola páginas e telas quase irresistivelmente.
O argumento que ouvimos soa assim: se você se tornar um cristão, Deus vai trabalhar para que você enriqueça; se você é cristão e não é rico, tem algo errado com a sua fé, porque a prosperidade é um sinal da bênção de Deus.
Recentemente um líder de uma denominação evangélica brasileira afirmou o seguinte: “Jesus veio para trazer libertação, salvação aos cativos. Ele veio pregar o Evangelho aos pobres. E para que? Para que os pobres fossem para o céu pobres?” Mais: “Para mim, pregar que o crente deve ser feliz mesmo ganhando salário mínimo, é uma heresia, além de uma agressão ao ser humano”. E mais: “Jesus tinha uma roupa tão bonita, tão cara, que os soldados disputaram para ver quem ficaria com ela. Outra coisa: Jesus era acompanhado por mulheres ricas que o serviam. Ele tinha seus doze discípulos e mais um grupo de 20 a 30 pessoas para alimentar diariamente. Quanto custo isto? (…) Eu não vejo Jesus pobre, mas vejo que ele demonstrava, no seu estilo de vida, excelência, tinha uma vida abençoada”. (RODOVALHO, Robson. “Deus não criou o ser humano para a pobreza”. Entrevista a
Esse líder não leu que Jesus não tinha onde reclinar a sua cabeça, mesmo tendo participado episodicamente de jantares em casas de pessoas da classe média ou alta do seu tempo. Esse líder ignorou que as mulheres que o sustentavam, faziam isto porque ele não tinha onde reclinar a sua cabeça e dependia da ajuda dos seus seguidores, mas nada tinha de si. Esse líder Esse líder se serviu da imaginação para afirmar que o rabi, que não tinha sequer um túmulo próprio, tinha roupas caras, num atentado à história.
Esse líder passou por cima da declaração de Jó: “Saí nu do ventre da minha mãe, e nu partirei. O Senhor o deu, o Senhor o levou; louvado seja o nome do Senhor” (Jó 1.21). Ninguém morre milionário. Todo mundo morre pobre. Em outros termos, “nada temos ao nascer; nada teremos ao partir. Tudo o que possuímos neste mundo nos é dado pelo Doador da vida. Tudo o que temos são ossos envoltos em pele, órgãos, nervos e músculos, junto com uma alma pela qual devemos prestar contas a Deus”.
Na verdade, é como se Jó estivesse dizendo: “Aquele que me deu vida e concedeu tudo por empréstimo durante essa vida decidiu tirar tudo. Afinal, Ele tem esse direito. Não vou levar mesmo nada comigo. Então, bendito seja o Seu nome por esse empréstimo enquanto o tive. E também bendito seja o Seu nome por decidir tira”. [SWINDOLL, Charles.
Esse líder se esqueceu do que leu numa das cartas de Paulo: devemos estar contentes em toda e qualquer situação, o que significa que a felicidade não está na dimensão do ganho financeiro, embora todos devamos nos esforçar, pelo estudo e pelo trabalho, a ganhar o que precisamos; somos chamados a isto na Bíblia. Quem está contente com Deus não se apega ao dinheiro como se fosse um deus.
4. Não há base bíblica para a mercantilização da fé.
Uma igreja precisa de recursos financeiros para cumprir a sua missão, não para enriquecer seus donos. Uma igreja não pode ter donos, porque só Jesus é seu Senhor. Ele é o cabeça da igreja. Os líderes são apenas servos, e nada mais que isto, trabalhando para um Senhor, não para si mesmos. É por isto que a liderança espiritual deve ficar à margem do manuseio do dinheiro na igreja. Sua tarefa deve ser convidar à generosidade e à responsabilidade e vigiar pela boa destinação dos recursos que ajudou a levantar.
A fé pode ser um bom negócio se pessoas com más intenções se acercam da sua linguagem e dos seus meios para explorar, mesmo sem a ter, a fé nutrida pelos outros. Desde os tempos apostólicos o problema existe no meio cristão e quaisquer outros meios. Infelizmente.
Para os que procedem assim, usando o dinheiro de Deus como se fossem seus, está reservado uma dura recompensa, a ser vista por nós ou não. Quando os crentes descobrem a manipulação, tropeçam; muitos perdem até a fé, mas esta perda lhe será cobrada. A palavra de Jesus é clara e aplicável também a esta situação: aquele que faz tropeçar um pequenino que crê nEle, a este melhor seria amarrar uma pedra no pescoço para ser afogado nas profundezas do mar (Mateus 18.6). Este é o destino dos industriais e comerciantes da fé, se não se arrependerem. Pedro os chama de “malditos” porque “iludem os instáveis e têm o coração exercitado na ganância”, desviando-se pelo “caminho de Balaão, filho de Beor, que amou o salário da injustiça” (2Pedro 2.14-15). Para estes mestres, que exploram os pequenos “com histórias que inventaram”, “há muito tempo a condenação [divina] paira sobre eles, e a sua destruição não tarda” (2Pedro 2.3), vejamo-la ou não.
Em nossa relação pessoal com o nosso Senhor, devemos ter cuidado para não nos tornarmos mercantilistas. Embora inutilmente, porque Deus não se deixa enganar (Gálatas 6.7), alguns tendemos a pensar em nossa relação com Ele como fonte de lucro.
O lucro que nos deve interessar é o conhecimento de Deus.
UMA BOA TEOLOGIA
Uma boa teologia acerca do dinheiro nos leva a uma atitude saudável: devemos todos nos esforçar para ganhar, guardar e gastar dinheiro.
Ganhar dinheiro faz parte de nossa realidade e fomos feitos com esta condição. Sem ele, não nos alimentamos, a menos que nos dêem, o que se aplica a crianças e aos incapazes de suar. Se ele, não nos realizamos como pessoas, porque faz parte de nossa natureza o desenvolvimento profissional. Fora do trabalho o homem, em condições produtivas, não se encontra em sua plenitude.
A Bíblia não é contra o dinheiro, mas à sua divinização, como se fosse fonte de todo o bem. A Bíblia é contra o culto ao dinheiro. O apóstolo Paulo nos adverte que a paixão por ele está na raiz de todos os problemas da humanidade. Podemos ser destruídos não pelo dinheiro mas pelo que fazemos com o dinheiro e isto inclui o que alguns fazem conosco com o dinheiro que têm.
A síntese, portanto, é simples: todos devemos nos esforçar para ganhar, guardar e gastar dinheiro.
Devemos olhar para o dinheiro com a visão da eternidade. Só levamos para lá o que estiver guardado no nosso coração, não no banco.
Devemos olhar para o dinheiro na certeza de que Deus, que está conosco, provê as nossas necessidades. Isto significa que devemos viver e ganhar dinheiro, não viver para ganhar dinheiro. Nisto não há real contentamento. Como diz o slogan do Credicard, há coisas que o dinheiro não compra; no caso, sabemos todos, as mais significativas. O dinheiro não altera o que somos, embora possamos pensar o contrário. Ele apenas um meio para satisfazer nossas necessidades essenciais.
Apesar do nosso hedonismo, ou melhor, por causa do nosso hedonismo, nunca estamos satisfeitos com o que temos. Queremos mais, porque estamos insatisfeitos com o que temos.
Garante-se, contudo, o apóstolo que o contentamento é a verdadeira riqueza, não bens, não carros novos, não casas novas, não um ambiente agradável, mas contentamento, que vem de uma vida íntegra e equilibrada. É a integridade que produz um coração contente..
Aprendemos com Paulo em Filipenses a atitude correta em relação ao dinheiro, seja sua presença, seja sua ausência. Ele diz que aprendeu, não importava como estivesse, a estar contente. Ele aprendeu a viver contente quando nada tinha e estar feliz quando tinha abundância de bens. Seu segredo? Tudo podia naquele que o fortalecia, dando coisas ou não. (Filipenses 4.11-13).
É uma vida íntegra diante de Deus que nos traz contentamento. Contentamento vem do conhecimento cada vez mais pleno de Deus. Ser contente é compreender que ter Deus e ter satisfeitas nossas necessidades básicas (tipificadas como roupa e alimento na literatura bíblica), é tudo o que precisamos para sermos ricos e plenos, satisfeitos e contentes. Afinal, Jesus não nos ensinou que a vida de uma pessoa não consiste de abundância das coisas que possui (Lucas 12.25)? É a comunhão com Deus que faz nosso coração se alegrar, dando paz e um sentido de valor e segurança.
Sabemos, como o sábio bíblico, que “o homem sai nu do ventre de sua mãe, e como vem, assim vai. De todo o trabalho em que se esforçou nada levará consigo” (Eclesiastes 5.15). O dinheiro não acrescenta nada ao que somos.
Muitos cremos nisto e desejamos ver esta verdade aplicada na vida… dos outros.
Apesar do nosso desejo puro, caímos e nos distanciamos de uma boa teologia do dinheiro para uma prática péssima. Afinal, o amor ao dinheiro provoca uma paixão por mais dinheiro. O amor ao dinheiro provoca desvio da fé. O amor ao dinheiro produz aflições… se não em nossas vidas, nas dos outros. O amor ao dinheiro produz orgulho. Quem ama o dinheiro tende a pôr sua esperança no dinheiro. A avareza, que não é marca apenas dos ricos, não produz satisfação; por isto, é porta para outros pecados.
A adesão ao deu dinheiro (ou ao amor ao dinheiro) tem dois estágios: a tentação e a queda.
Quando caímos em tentação, criamos ciladas para nós mesmos. O dinheiro muda nossos relacionamentos com os outros. É por isto que é a raiz de todos os males: da injustiça, da guerra, da violência e da fome. A paixão pelo dinheiro transforma nossas vidas. A maioria das brigas familiares tem no dinheiro a sua fonte. O dinheiro está na gênese da maiores das crueldades. Quem o adora precisa eliminar aqueles que atrapalham sua adoração.
Nada é mais universal do que a publicidade para possuirmos mais coisas. Os cristãos tomam a contramão quando são chamados a não fazer do dinheiro o objetivo de suas vidas.
Por isto, no primeiro estágio, somos tentados. Não a acreditar que as coisas são mais importantes do que Deus. Não cairíamos numa tentação desta. Mas a acreditar que precisamos das coisas, mesmo aquelas de que não precisamos. A tentação vem com o desejo de ter uma coisa de que gostamos, não de que precisamos.
No segundo estágio, caímos na armadilha, na armadilha de amar o dinheiro, que é bom, não o amor a ele; não podemos viver sem dinheiro.
Quando caímos em tentação, damos lugar à cobiça por mais coisas e criamos uma armadilha para nós mesmos. Nossas posses começam a nos possuir.
Os bens também mudam nossa forma de nos relacionar com os outros e dos outros se relacionarem conosco. Nesta hora, podemos descobrir que as pessoas nos tratam diferentemente por causa dos nossos bens, pelo que eventualmente temos. Pelo menos, que não façamos o mesmo…
UMA ATITUDE RADICAL
Diante do perigo do amor ao dinheiro, precisamos de uma atitude radical: precisamos desmagnetiza, esteja ele em forma de moeda, de cartão magnético ou de dinheiro virtual. Jesus nos convida a fazer o que pudermos para nos libertarmos do poder do dinheiro, inclusive distribuí-lo.
Philip Yancey conta de sua estupefação que sentiu quando Jacques Ellul, um cristão francês, propôs que devemos profanar o dinheiro, para desmagnetizar sua força espiritual. Ellul propunha jogar bolos de notas ao ar numa rua movimentada. Para levar o programa adiante, poderíamos rasgar notas, se não fosse o ato considerado loucura pelas pessoas em geral e tratado como crime na legislação federal brasileira. Olha como a sabedoria popular se rende ao poder do dinheiro. Olha como a legislação diviniza a moeda.
Yancey encontrou uma forma: doar anonimamente sem ter a certeza de que o dinheiro seria corretamente utilizado e sem receber, como troca, um recibo dedutível do imposto de renda. Ele fala dos Estados Unidos, porque no Brasil o Estado praticamente não premia os que fazem doações. Alguns poderão achar estranho o comportamento de Philip Yancey, mas só assim ele aprendeu a ver o dinheiro, ganho com seus livros, como um empréstimo que Deus lhe fazia para investir no Reino de Deus. (YANCEY, Philip.
Quem tem dinheiro talvez tenha que destruí-lo para não ser destruído. Que adianta o homem ganhar o mundo inteiro e perder a sua alma? (Mateus 16.26).
Contra cobiça, que é idolatria (Colossenses 3.5), melhor, no entanto, que destruir é distribuir o dinheiro.
Segundo o Instituto Barna, em 2004, nos Estados Unidos 83% dos adultos deram dinheiro para uma ou mais organizações sem fins lucrativos. Ainda segundo o mesmo instituto, 23% dos evangélicos afirmaram ter dado o dízimo regularmente.
E no Brasil, como estamos? Tenho ouvido que o brasileiro não tem a cultura da doação. Com certeza os ricos não têm esta cultura. Não se vê por aqui um fundo generoso para a pesquisa científica, um prédio de universidade pública doado por um ricaço…
Eis a difícil lição, mais bem aprendida no Brasil pelos pobres. “Mais bem-aventurado é dar do que receber”, ensinou Jesus (Atos 20.35).
Doa quem não se curva diante do dinheiro. Jesus sabia que o nosso coração estariam onde estivesse o nosso dinheiro (Mateus 6.21).
Doa quem entende que o dinheiro que tem está apenas emprestado: é de Deus.
Doa quem não quer que a arrogância domine as suas relações.
Doa quem não firma sua esperança no dinheiro.
Doa quem quer manter a fé em Deus.
Doa quem sabe que nada levará daqui.
Doa quem é inteligente no uso do seu dinheiro. Há um ditado popular que nos recorda: “doe seu dinheiro enquanto está vivo, pois você saberá para onde ele está indo”. [SWINDOLL, Charles.
Doa quem sabe que são melhores as coisas que são de cima do que as que são aqui de baixo, como o dinheiro.
Doa quem não espera ter muito para então distribuir. O exemplo dos cristãos antigos é extraordinário: “No meio da mais severa tribulação, a grande alegria e a extrema pobreza deles transbordaram em rica generosidade” (2Coríntios 8.2).
Doa quem não conta com as suas riquezas, sabendo que elas podem desaparecer de um dia para o outro.
Doa quem está contente com o seu Deus. É o contentamos com o que temos que abre o caminho para a generosidade.
CONCLUSÃO
Ganhe. Guarde. Gaste.
Seja generoso. Ser generoso é para quem tem e para quem não tem. Use seu dinheiro para ajudar outras pessoas. Envolva-se com aqueles a quem ajuda financeiramente. Quem tem, porque recebeu pela graça, de graça dê. Jesus disse aos seus discípulos, referindo-se não ao dinheiro, mas a outras bênçãos recebidas: “Vocês receberam de graça; dêem também de graça.” (Mateus 10.8b) (STEDMAN, Ray C. The cost of riches.)