Começo por ler um texto bíblico que fala de Maria e de José como pais preocupados com a saúde espiritual do seu filho Jesus. (21) Completando-se os oito dias para a circuncisão [remoção do prepúcio do pênis] do menino [no oitavo dia], foi-lhe posto o nome de Jesus [Jesus bar José], o qual lhe tinha sido dado pelo anjo [Gabriel] antes de ele nascer. [Isto aconteceu em Jerusalém, distante 10 quilômetros de Belém, onde Jesus nasceu. A viagem demorava algumas horas, durando hoje duas horas e meia.] (22) Completando-se o tempo da purificação deles [no quadragésimo dia do parto], de acordo com a Lei de Moisés, José e Maria o levaram a Jerusalém para apresentá-lo ao Senhor (23) (como está escrito na Lei do Senhor: “Todo primogênito do sexo masculino será consagrado ao Senhor”) [Êxodo 13.2,12] (24) e para oferecer um sacrifício, de acordo com o que diz a Lei do Senhor: “duas rolinhas ou dois pombinhos” [Levítico 12.8]. [Neste dia, houve as participações de Simeão e Ana, como lemos até o versículo 40. Depois foram para Nazaré, 193 quilômetros ao norte, onde Jesus passaria sua infância e adolescência.] Entendamos as regras destas cerimônias (circuncisão e purificação), lendo Levítico 12: Levítico 12 (1) “Disse o Senhor a Moisés [no contexto da outorga da Lei]: (2) ‘Diga aos israelitas: Quando uma mulher engravidar e der à luz um menino, estará impura por sete dias, assim como está impura durante o seu período menstrual. (3) No oitavo dia o menino terá que ser circuncidado. (4) Então a mulher aguardará 33 dias para ser purificada do seu sangramento. Não poderá tocar em nenhuma coisa sagrada e não poderá ir ao santuário, até que se completem os dias da sua purificação. (…) Quando se completarem os dias da sua purificação pelo nascimento de um menino ou de uma menina, ela trará ao sacerdote, à entrada da Tenda do Encontro [ou Tenda da Revelação], um cordeiro de um ano para o holocausto e um pombinho ou uma rolinha como oferta pelo pecado. (7) Ele [o sacerdote] os oferecerá ao Senhor para fazer propiciação [oferta] por ela, que ficará pura do fluxo do seu sangramento. Essa é a regulamentação para a mulher que der à luz um menino ou uma menina. (8) Se ela não tiver recursos para oferecer um cordeiro [como foi o caso da família de Jesus], poderá trazer duas rolinhas ou dois pombinhos, um para o holocausto e o outro para a oferta pelo pecado. Assim o sacerdote fará propiciação por ela e ela ficará pura’”. Da obediência de Maria e José, quero derivar alguns ensinos para nós, primeiramente para os pais e depois para todos. 1. Estamos isentos, porque não somos judeus, de circuncidar nossos filhos. A igreja apostólica entendeu que os não-judeus não estão obrigados a este costume. No entanto, a circuncisão é o símbolo de um pacto, o pacto de Deus com Abraão (Atos 15.20). Nossas famílias devem viver sob o pacto, que é um compromisso que fazemos com Deus. Nossas crianças devem viver sob este pacto, até poderem faze-lo por si mesmas. Fazer e viver o pacto é escolher servir a Deus como Senhor e criar, no lar, uma atmosfera que lhe permita algumas atitudes: Consagre o seu filho ao Senhor, que lhe confiou para amar e cuidar. Consagre-o num culto público. Consagre-o em suas orações particulares e familiares. Consagrar não é impor a fé, mas manifestar a sua escolha de fé e desejar que seu filho faça a mesma escolha. Eduque seu filho na fé em casa e na igreja. Em casa, crie um ambiente em que Deus importa, por meio da leitura da Bíblia (de um modo que a criança receba isto como algo agradável) e da oração. Crie um ambiente favorável para que haja conversa de natureza espiritual, mesmo que venham perguntas difíceis, como, por exemplo, quem criou Deus. Assim como o foi para Maria, educar seu filho na fé importou algum sacrifício. Ela teve que se locomover até Jerusalém apenas oito dias decorrido o parto. Seu corpo talvez não pedisse, como não nos pede por vezes o corpo na manhã de domingo… Muitos pais querem filhos fiéis, embora não o sejam. A educação dos filhos deve incluir uma auto-educação. Há aqui uma senhora, não membro, que traz seus netos a todas as atividades possíveis. Pela sua atitude, vejo que ela tomou uma decisão: educar seus netos na fé por meio da igreja. Traga seu filho para a igreja. Venha porque quer vir. Venha porque quer trazer o seu filho. Se não quiser vir, venha assim mesmo por causa do seu filho. Traga o seu filho, mantendo-o sob os seus olhares. Preste atenção no que está fazendo. Preste atenção no que a igreja lhe oferece. Venha com seu filho para a igreja. Não troque a participação de um culto pela praia, pelo cinema, pelo programa esportivo na televisão. Não aja negligentemente para, depois, chorar o leite derramado. Seja responsável para com as coisas da igreja. Trago um relato comentado do pastor luterano Valdir Steuernagel, que vive com a esposa, Sileda, em Curitiba: “Há em nossa casa uma mesa redonda onde acontece a maioria das nossas conversas. É lá que se fazem planos e se costuram acordos. Um dia, em torno da mesa, estávamos planejando um fim de semana em família. Como éramos seis e o lugar era longe, estava difícil achar uma solução. Quando finalmente as peças pareciam se encaixar, surgiu uma condição: os meninos queriam voltar no domingo à tarde, pois precisavam ir à igreja. Já meio exasperado, eu disse: — Mas não é possível faltar “uma” vez? A resposta veio certeira: — Mas, pai, esse é o nosso ministério! Eles haviam descoberto a palavra mágica: “ministério”. Afinal, era ela que, em nossa casa, tornava os compromissos “imexíveis”. Eles a usaram na hora certa e nós, como pais, entendemos a mensagem… Mas a verdade é que Silêda e eu estávamos muito felizes, pois víamos que eles, em plena adolescência, estavam achando o seu caminho