Pregada na Igreja Batista Itacuruçá em 06/01/2007 1. Pais, seus filhos nasceram numa época diferente da sua. Filhos, seus pais nasceram numa época diferente da sua. Essas são épocas não podem ser consideradas como melhores, nem piores. Respeitosamente, devem ser vistas como diferentes. Cada época tem suas qualidades e seus defeitos. Tendemos, com o tempo, a olhar para o passado e ver apenas as suas qualidades. Os pais não podem esperar o mesmo dos filhos, pelo simples fato de não o terem conhecido. Pelo menos 20 anos, em média, separam os tempos que viram nascer pais e filhos. É o tempo de uma geração e ele faz muita diferença. Para exemplificar, tomemos uma criança nascida em 2007 e outra nascida 20 anos antes. Tratemos apenas de artefatos tecnológicos. Seus pais, se fossem de classe média, tinham um fusca. Nesta classe, ninguém tinha celular (inventado na Suécia em 1979 e desembarcado no Brasil em 1990) ou microcomputador, que usava disquetes grandes (depois substituídos por disquetes menores, mídias hoje não mais empregadas). Não se falava em internet. Alguns sonhavam em ter um aparelho de transmissão de fax. Ter um aparelho de videocassete era um belo sonho, comprado a prestação ou no estrangeiro; os amigos iam nas casas uns dos outros para ver fitas gravadas, porque as locadoras estavam apenas querendo começar. Ainda não tinham sido inventados o walkman (que já não mais existe), o CD player, o DVD (que será substituído brevemente), o MP3, o iPod e o computador de mão (palmtop e outras marcas), entre outros equipamentos. Em outras áreas, podemos anotar diferenças. Os chamados shopping centers eram poucos e distantes. No Rio de Janeiro, o primeiro shopping surgiu em 1980 (Rio Sul) e o segundo um ano depois (Barra Shopping). A rede de lanchonetes McDonald’s, que chegou ao Rio de Janeiro, em 1979, tinha poucas lojas pela cidade. Era frequentado por famílias. Por essa mesma época (1979), o metrô carioca, o primeiro do país, começava suas atividades com poucas estações. No plano político, não se podia eleger o presidente da República, o que só aconteceria no final de 1989. Quanto aos costumes, o divórcio (aprovado em 1977) começava a ser implantado, ainda com algumas restrições; não era celebrado em cartórios como agora. Quanto a escolas, eram poucas as universidades privadas. As escolhas profissionais eram feitas entre menos opções. A ideia de empregos longevos começava a perder lugar. Nas igrejas, a bateria começava a entrar. O surgimento dos “Atletas de Cristo” foi visto com desconfiança. Para os cânticos congregacionais, o hinário usado era o Cantor Cristão, porque não surgira ainda o Hinário para o Culto Cristão (HCC). Equipes de louvor (ou bandas) ainda não existiam, senão em igrejas alternativas, ainda poucas. Grupos como “Vencedores por Cristo” provocavam discórdias. Os chamados “corinhos” tinham vida mais longa que hoje. Todos os pastores usavam ternos obrigatoriamente. Uma revista batista com fotos de pessoas barbudas era alvo de críticas. As diferenças entre as duas gerações estão, portanto, associados à quantidade e à velocidade das informações e das mudanças, bem como a liberdade, todas enfeixávis numa só palavra: liberdade. Assim, os pais de filhos com 20 anos viram o mundo se transformando junto com os corpos e mentes de suas crianças. Os filhos aprenderam nesta época a não chamarem mais de “senhor” ao seu pai. Os pais de filhos nascendo por estes dias educarão de modo diferente do que foram porque as mentes mudaram. Como os filhos de hoje tratarão seus pais ainda não sabemos. Parte da falta de diálogo entre as gerações advém da falta de compreensão destas diferenças, sejam elas tecnológicas ou culturais. 2. Além das diferenças geracionais em função da época, há características atemporais constituindo também pais e filhos de modos diferentes. Os pais têm uma experiência que os filhos não têm. Em muitos pais, isto faz muita diferença, embora alguns pareçam não ter aprendido. Os pais podem ter experiência e não tirar o máximo delas. Os filhos nunca poderão tirar de sua própria experiência de vida, porque é escassa ainda. Devem, então, os filhos ter a humildade de se assentar aos pés dos pais para lhes ouvir. Os pais são mais cautelosos e, às vezes, medrosos mesmos. Marcados por vitórias e fracassos, deixam-se os pais levar pelo medo, como se o passado fosse se repetir. A cautela é bem-vinda, mas o medo é inimigo da conquista. Os filhos devem tomar cuidado para não serem demasiadamente influenciados pelo medo que, por ventura, domine seus pais. Cautela precisam aprender a ter. Medo não lhes cai bem; não é da sua geração. Os pais pensam a longo prazo, mensurando custo e benefício. Os filhos devem ouvir os pais, devem planejar com eles, devem compartilhar seus sonhos com eles. Os pais já viveram para saber o quanto custa o prazer. Os pais sabem que as verdadeiras vitórias são urdidas no túnel do tempo, não na claridade da montanha. Os filhos são mais rápidos, porque são mais fortes, estão mais atualizados com a linguagem contemporânea e são mais ousados. Eles sonham mais. Os pais precisam entender que é importantes que os filhos cresçam e eles diminuam, que podem contar com a força deles e que devem incentivar os sonhos deles. O bem dos filhos são o bem dos pais. 3. Se estas variações são constitutivas do ser humanos, Deus não muda, não mudou e não mudará. Mudam o mundo. Mudamos nós. Muda nossa compreensão de Deus. Muda nossa interpretação da Sua Palavra, não Sua Palavra. Seus princípios, portanto, permanecem inabaláveis. Os princípios dEle ainda são válidos e bons. É sábio ouvir o Conselho destes princípios. Um deles é o da mutualidade nos relacionamentos, que alcança, não só os cônjuges, mas também pais e filhos. O princípio da mutualidade está na gênese dos conselhos para a vida familiar (“Sujeitem-se uns aos outros, por temor a Cristo, afirmado em Efésios 5.21), desenvolve-se nos deveres conjugais e envolve o relacionamento entre pais e filhos: “Filhos, obedeçam a seus pais no Senhor, pois isso é justo. “Honra teu pai e