Pregado na Igreja Batista Itacuruçá, em 12/9/1999 1. INTRODUÇÃO Vivemos uma situação tal em nosso país que uma data cívica como o 7 de Setembro é apenas um feriado para nele se descansar, não um marco para se comemorar e refletir. Os brasileiros não temos orgulho de o sermos. Uma louvação como ao de Afonso Celso (porque me ufano do meu país) seria hoje considerado como algo ridículo. Como soam hoje os versos de Ronald de Carvalho: Mas o que ouço, antes de tudo, nesta hora de sol puro palmas paradas pedras polidas claridades brilhos faíscas cintilações é o canto dos teus berços, Brasil, de todos esses teus berços, onde dorme com a boca escorrendo leite, moreno, confiante, o homem de amanhã! Parece não acreditarmos mais no Brasil. Pouco depois de vencer nas urnas e começar seu mandato, o governo do presidente da República é considerado terminal. Diante do desânimo geral, é bom ter em mente que não há situação nacional que Deus não possa alterar. As condições podem ser as piores possíveis (seja por estar a terra tão seca que não pode produzir, seja porque a praga destrói a produção nacional, seja porque os trabalhadores caiam vítimas de epidemias) que ainda assim ele pode transformar (v. 13). Vê-se um generalizado desânimo diante das perspectivas do país. Violência (medo) e desemprego (falta de perspectiva) são duas largas sombras a nos perturbar. O pessimismo alcança de modo diferente, mais cruel, todas as faixas etárias. Estão tão carentes de lideranças que o ex-presidente Collor, banido do Planalto, está em todos os canais em campanha. Corremos o risco de achá-lo maravilhoso. Estamos sem líderes e sem bandeiras. Há pouco se falou em privatização e os serviços e preços estão como estão. Agora só se fala em ajuste fiscal, que a maioria de nós não sabe o que é. É em meio a este clima de desolação que nós afirmamos que Jesus Cristo é a única esperança. Não estaremos sendo ufanistas cristãos? Vai mudar mesmo o Brasil, se todo ele conhecer o Evangelho de Jesus Cristo? Em Rondônia, 50% da população são evangélicos e não consta que seja um paraíso. Um dos estados (o Espírito Santo) com maior índice de criminalidade no país tem um evangélico por cinco habitantes. 2. ORANDO E OPERANDO No entanto, eis o que lemos na Bíblia: 1Cr 7.13-14. Pelo que lemos, continuamos afirmando que, se o povo brasileiro se humilhar, Deus sarará a nossa terra. Esta Palavra de Deus a Salomão surgiu numa conjuntura promissora. Salomão estava começando seu governo, que seria rico e próspero. O rei de Israel estava globalizando sua economia; não era, como nós, vítima dela. A construção civil (veja-se o capítulo) estava a pleno vapor (8.1-6). Nesta segunda passagem (8.10), vemos que Salomão fez o que lhe competia: edificou um templo para o povo adorar a Deus, preparou um palácio para ele reinar melhor, construiu fortalezas para a segurança do reino. Salomão organizou seu exército. Organizou a religião oficial. Salomão não fez escravos entre seu próprio povo. Ampliou o império. Aprendemos que este homem de oração era um homem de ação. E vice-versa. É assim que devemos proceder também. Como Salomao, precisamos fazer o que nos compete. A advertência de Deus a Salomão se aplica inteiramente aos dias de hoje. Deus lembrava que os estatutos (estatutos fidelidade a Ele e de justiça para com pobres, por exemplo) fossem quebrados, ele liquidaria aquela prosperidade toda. Podemos dizer que o problema do Brasil (e também dos Estados Unidos, da Rússia, de Cuba, da Franca, etc., com seus focos particulares) é o pecado, pecado da corrupção (em todos os níveis, que leva um executivo bem remunerado a aceitar um cargo no governo para ganhar muitíssimo menos), pecado de olhar apenas para os interesses dos que controlam o Estado e não para o beneficio da maioria. 3. NOSSAS TAREFAS 3.1. Tarefas comuns Nós e nossas autoridades precisamos seguir os princípios de justiça postos por Deus (olhar o mundo com os olhos de Deus, que são de amor, interesse e afeto). Nós e nossas autoridades precisamos hierarquizar corretamente as prioridades nacionais (educação e atendimento), que devem se sobrepor aos interesses individuais e mesmo denominacionais. Nós e nossas autoridades precisamos nos humilhar diante de Deus. O presidente precisa se humilhar. Recentemente, talvez para fazer graça (já que é ateu), ele se disse seguidor de Descartes (razão) e do candomblé (superstição). 3.2. Tarefas dos cristãos Quanto a nós, não podemos incorrer no erro de separar religião de política. A religião não atende todas as necessidades do homem. Muito menos a política. Quando separamos, fazemos o jogo das elites. Não podemos separar o indivíduo da sociedade. Eles se interdeterminam. Um não existe sem o outro. As soluções individuais apenas reforçam o atraso, a miséria e a injustiça. Precisamos aprender a trabalhar em grupo, a pensar segundo os interesses de nosso segmento. Não podemos privatizar o Evangelho, achando que ele só fala para alma. Temos que ler os Salmos, que nos confortam, mas também os profetas, que nos fustigam. Nossa fé deve se traduzir em interesse pelo bem de todos. Não podemos nos deixar seduzir pelo voluntarismo (crença segundo a qual tudo se resolve a partir da vontade, mesmo que individual). É falsa a afirmativa que, se todos os brasileiros aceitarem a Cristo, tudo estará resolvido. As estruturas são muito complexas. Os seres humanos são muito complexos. Aqui somos todos regenerados e temos problemas… Não podemos pregar um evangelho parcial, mas um integral, com todas as suas conseqüências. Não podemos renunciar à consciência crítica. Esta é a maneira de elaborarmos um novo tipo de civismo, sem propaganda e sem ufanismo. Devemos orar pela patria, para que ela passe a chamar a Deus pelo nome. Devemos orar por nossas autoridades (sem perder a dimensão da crítica) para que eles se submetam ao temor de Deus e abandonem os caminhos maus. Devemos orar por nós mesmos, para que nos humilhemos diante de Deus. 4. CONCLUSÃO Temos que ser os sustentáculos do mundo e nós o