Quem tem fé vê o que as pessoas normalmente não vêm. Este é o caso de Elias, um profeta do norte de Israel, que obedeceu a Deus no século 9 antes de Cristo, tendo que enfrentar um rei que decidira seguir a um deus fenício da fertilidade, chamado Baal. O preço que pagou foi alto por ficar ao lado de Deus. Elias foi tão marcante na história bíblica que Jesus se comparou a ele, quando disse metaforicamente: "Elias já veio, e eles não o reconheceram, mas fizeram com ele tudo o que quiseram. Da mesma forma o Filho do homem será maltratado por eles” (Mateus 17.12). Somos apresentados ao profeta no contexto de uma seca, que Elias garantiu que duraria alguns anos. Nesse período duro nada lhe faltou, nem água nem comida. O cronista conta assim a história: "Ora, Elias, de Tisbe, em Gileade, disse a Acabe: — Juro pelo nome do Senhor, o Deus de Israel, a quem sirvo, que não cairá orvalho nem chuva nos anos seguintes, exceto mediante a minha palavra". (1Reis 17.1) "Depois de um longo tempo, no terceiro ano da seca, a palavra do Senhor veio a Elias. — Vá apresentar-se a Acabe, pois enviarei chuva sobre a terra. E Elias foi". (1Reis 18.1-2a) Pouco depois, "Elias disse a Acabe: — Vá comer e beber, pois já ouço o barulho de chuva pesada. Então Acabe foi comer e beber, mas Elias subiu até o alto do Carmelo, dobrou-se até o chão e pôs o rosto entre os joelhos. — Vá e olhe na direção do mar –, disse ao seu servo. E ele foi e olhou. — Não há nada lá –, disse ele. Sete vezes Elias mandou: — Volte para ver. Na sétima vez o servo disse: — Uma nuvem tão pequena quanto a mão de um homem está se levantando do mar. Então Elias disse: — Vá dizer a Acabe: "Prepare o seu carro e desça, antes que a chuva o impeça”. Enquanto isso, nuvens escuras apareceram no céu, começou a ventar e a chover forte, e Acabe partiu de carro para Jezreel. O poder do Senhor veio sobre Elias, e ele, prendendo a capa com o cinto, correu à frente de Acabe por todo o caminho até Jezreel". (1 Reis 18.41-46) 1. Com Elias, aprendemos que podemos viver pela fé, que nos faz ver além do que os olhos naturais enxergam. "Ora, Elias, de Tisbe, em Gileade, disse a Acabe: — Juro pelo nome do Senhor, o Deus de Israel, a quem sirvo, que não cairá orvalho nem chuva nos anos seguintes, exceto mediante a minha palavra". (1Reis 17.1) Precisamos saber que Deus é o Senhor da chuva e do sol, fenômenos naturais que ocorrem por razões naturais. Atrás da natureza das coisas, está, no entanto, o Senhor Deus. Quando as coisas naturais acontecem naturalmente, é por causa da intervenção fundadora de Deus. Quando as coisas naturais têm seu funcionamento alterado, é por causa da intervenção realizadora de Deus, seja por sua vontade permissiva ou por sua vontade proativa. A natureza não é divina, nem Deus se esgota nela. Contudo, Deus fala através dela e as chamadas leis naturais foram dadas por Deus. Devemos respeitar essas leis como mandamentos fixos de Deus. Quando pedimos a Deus um milagre, devemos saber que estamos rogando que Ele quebre as leis que criou. Devemos ser parcimoniosos neste tipo de pedido. Devemos até verificar se não infringimos conscientemente as leis. Devemos aceitar quando Deus decide deixar as leis livres para produzir as suas consequências. Devemos pensar nas leis como coisas boas de Deus, logo como manifestações do seu amor para conosco. Elias sabia que a chuva caía sobre a terra por causa dessa vontade de Deus, mesmo que invisível, mesmo que funcionando sob leis espirituais, embora aparentemente naturais. Elias confiava inteiramente no poder deste Deus soberano e sábio. O rei de Israel, Acabe, acreditava no seu próprio poder, ao ponto de acreditar que havia deuses a seu serviço, os quais ele controlava. Acabe é o protótipo daqueles que acham que seguem os padrões vigentes, como se fossem certos só porque todos acham certo. Diferentemente, Elias não segue a multidão; Elias segue a Deus. Ele buscou, como ensinaria Jesus, o reino de Deus em primeiro lugar (Mateus 6.33). Acabe é o protótipo daqueles que acham que as soluções para seus problemas, sejam quais forem, estão na manipulação de pessoas e coisas. Para isto, ele mantinha um séquito de profetas, que se diziam capazes de fazer os deuses estrangeiros Baal e Asera agir conforme a vontade do rei de Israel. Estes assessores montavam a 850, coordenados por sua própria esposa, a fenícia Jezabel. Elias acreditava que só podia contar com o Senhor Deus, único e imanipulável. Elias acreditava que as soluções para os seus problemas, e os da nação, vinham do Deus único, a quem pedia e em quem esperava, confiando que agiria em seu favor, pela fé. Na verdade, os dois estilos de vida nos mostram que "temos que escolher, todos os dias, se queremos seguir Acabe ou Elias". Acabe achava que podia fazer chover. Elias acreditava que Deus podia fazer chover, mandando ou retendo a chuva. Acabe se comunicava com seus deuses por meio de profetas e artifícios. Acabe é o protótipo das pessoas amarradas à superstição, da qual dependia. Elias se comunicava com Deus por meio da oração e se submetia a Deus. Quando o autor do primeiro livro de Reis apresenta sua biografia de Elias, ele começa por mostrar que era um homem de oração. Este homem de oração foi comissionado por Deus para trazer o povo de Israel ao bom caminho de novo, do qual estava afastado por escolha própria e pela influência do sistema comandado por Acabe e Jezabel. O autor deixa implícito que Deus ia usar as condições naturais para fazer o provo refletir e se arrepender. O povo estava satisfeito com seu sistema, sistema que dizia quando ia chover e quando