A ALEGRIA DE DEUS NOS FORTALECE Neemias 8.10-12 O livro de Neemias começa com um retrato da tristeza. Trabalhando em outro país, Neemias recebeu notícias do seu. E a situação era de chorar: "lá na província estão em grande aflição e opróbrio; também está derribado o muro de Jerusalém, e as suas portas queimadas a fogo" (Neemias 1.3). E Neemias chorou por vários dias, ao ponto de seu chefe notar (Neemias 2.2). A tristeza de Neemias é de um tipo. Ela surge de um problema nacional e se torna pessoal. Ela é filha de um acontecimento: a assolação da sua terra: . Neemias não chora por viver em outro país. Ele estava bem nesta condição. Podemos dizer que estava adaptado à condição, que não lhe incomodava mais. A tristeza dele tipifica uma tristeza: aquela provocada por um acontecimento. Quanto à causa, a tristeza de Neemias é claramente conseqüência do pecado. A relação é causal: o evento (devastação) decorria do pecado da desobediência. Muitas tristezas, destas que experimentamos, vêm-nos por causa de acontecimentos que nos surpreendem, como ocorreu com Neemias. Ele estava triste: os fatos foram conseqüências do pecado, mas não do seu pecado. Em outras palavras, a tristeza de Neemias não adveio do seu pecado. Nem toda a tristeza advém do nosso pecado. A história de Neemas, portanto, lança luzes sobre duas fontes de tristeza: os acontecimentos e os pecados. Há uma terceira fonte de tristeza: é a tristeza sistêmica, que nos acompanha sempre, fazendo-nos chorar. Precisamos considerar cada uma separadamente, tendo em mente as atitudes de Neemias. 1. QUANDO A TRISTEZA VEM DO PECADO Comecemos pela tristeza que vem de acontecimentos produzidos por nosso pecado. A dor de Neemias vinha de um pecado nacional. Os pecados da sociedade em que vivemos nos fazem chorar. Neemias chorou. Além de chorar, Neemias pediu perdão por seu povo. Além de pedir perdão, Neemas se dispôs a reparar os muros caídos. Neemias empenha a sua vida para por fim à desolação de sua terra. Ele foi da oração à ação, que deve ser sempre o nosso movimento. Estes dois movimentos lhe trouxeram a alegria de volta, alegria que celebrou, como lemos no capítulo 10. "E Esdras abriu o livro à vista de todo o povo (pois estava acima de todo o povo); e, abrindo-o ele, todo o povo se pôs em pé. Então Esdras bendisse ao Senhor, o grande Deus; e todo o povo, levantando as mãos, respondeu; Amém! amém! E, inclinando-se, adoraram ao Senhor, com os rostos em terra. (…) E Neemias, que era o governador, e Esdras, sacerdote e escriba, e os levitas que ensinavam o povo, disseram a todo o povo: Este dia é consagrado ao Senhor vosso Deus; não pranteeis nem choreis. Pois todo o povo chorava, ouvindo as palavras da lei. Disse-lhes mais: ‘Ide, comei as gorduras, e bebei as doçuras, e enviai porções aos que não têm nada preparado para si; porque este dia é consagrado ao nosso Senhor. Portanto não vos entristeçais, pois a alegria do Senhor é a vossa força’. Os levitas, pois, fizeram calar todo o povo, dizendo: ‘Calai-vos, porque este dia é santo; por isso não vos entristeçais’. Então todo o povo se foi para comer e beber, e para enviar porções, e para fazer grande regozijo, porque tinha entendido as palavras que lhe foram referidas". (Neemias 10.5-6, 9-12 — ARA) Nossa dor pode vir de um pecado nacional, mas pode vir de um pecado pessoal. Precisamos admitir nosso pecado, reconhecer nossa condição, pedir perdão a Deus e voltar a sorrir. Só o faremos, se pedirmos a Deus que nos examine, de modo a nos permitir reconhecer que colhemos o fruto de nosso pecado. Muitas de nossas lágrimas poderiam ser evitadas, se tivéssemos ficado atentos à Palavra de Deus. Nesse caso, só uma atitude cessa a tristeza: o arrependimento diante do pecado cometido. Só com a confissão vem a alegria. Se for o seu caso, confesse e comece a viver. A alegria gera em nós força para a vida. 2. QUANDO A TRISTEZA VEM POR CAUSA DOS ACONTECIMENTOS DA VIDA Há uma segunda fonte de tristeza: são os acontecimentos que nos sobrevêm, sem que os tenhamos provocado, sem que nós tenhamos cometido pecado. Neste caso, se é o seu caso, então, não farei como os amigos de Jó, pelo que não lhe trarei nenhum peso adicional, dizendo, por exemplo, que a culpa é sua. Mas direi que lhe cabe perguntar-se: "Desde quando estou triste? Foi um acontecimento difícil (uma perda, uma enfermidade) que me roubou o prazer de viver? " Não faça de conta que não está triste, porque está e deve estar. Jesus mesmo se entristeceu ao ponto de suar sangue. Então, se um fato (ou uma sucessão imediata deles) tornou você uma pessoa triste, lembre-se que o luto (não importa qual seja a razão do choro, tendo morrido alguém ou não) é uma experiência necessária, que começa com o reconhecimento da perda, mesmo sob protestos veementes, e segue a passos lentos, até à retomada da vida. A alegria retorna na esteira vagarosa da aprendizagem: todos estamos sujeitos a surpresas dolorosas, que não podem ser nossos senhores. Temos Um, sobre Quem a Bíblia diz que a alegria dEle é a nossa força (Neemias 8.10). Aos poucos, vamos sendo capacitados para retomar nossas atividades, as que forem possíveis, e nos envolver em outras, que nos ajudem a desejar estar com as pessoas, nos mandem sonhar de novo com outras possibilidades de vida e que nos animem a ver que vale a pena viver, admitida a força da saudade. Você ainda voltará a entoar canções alegres. Um dia você olhará para trás e cantará: Senhor, "mudaste o meu pranto em dança, a minha veste de lamento em veste de alegria" (Salmo 30.11). 3. QUANDO A TRISTEZA SE TORNA COMPANHEIRA DE TODOS OS MOMENTOS DA VIDA Há uma terceira fonte de tristeza. Por isto, dirijo-me agora àqueles para quem a tristeza se tornou uma companheira constante.