PARA LER O LIVRO DE RUTE (José Mauricio Cunha do Amaral)



Total de capítulos: 4

Total de versículos: 85

Tempo aproximado de leitura: 30 minutos

 

AUTOR

 

O autor do livro é desconhecido. A tradição judaica (Talmude), entretanto, aponta Samuel, mas é improvável que ele seja o autor, pois a menção de Davi (4.17,22) pressupõe data posterior. Além disso, o estilo literário do hebraico usado em Rute leva a crer que o livro tenha sido escrito no período da monarquia. Outros estudiosos atribuem a autoria do livro a uma mulher o que também é improvável, pelo fato de que as mulheres que sabiam escrever naquela época não tinha proeminência para serem autoras de um livro.

 

DATA

 

A data da composição do livro também é difícil de ser estabelecida. O livro pode ter sido escrito em qualquer momento entre o reino de Davi (c. 1000 a.C) e aceitação do livro no cânon das Escrituras ocorrida no século II a.C. De acordo com cap.1.1, a história se passa no período em que os juízes governavam sobre Israel. Alguns estudiosos questionam essa data, argumentando que os acontecimentos se desenrolam durante um período de paz política, sem nenhum dos males descritos no livro de Juízes. Ademais, a genealogia do final do capítulo 4 sugere que o livro foi escrito depois de Davi ter-se tornado rei. Assim, para alguns, o livro deve ser datado do período pós-exílico.

 

TEMA E MENSAGEM

 

Além da narrativa trazer à lume uma boa história, Rute contém também instrução moral acerca de um Deus que intervém para abençoar a vida de seus filhos em tempos de adversidade. A narrativa retrata, portanto, a capacidade das mulheres em superar dificuldades numa sociedade predominantemente masculina. Outro fato que merece ser destacado é a questão da solidariedade. Quando Noemi estava achando a vida desanimadora, encontra em sua nora uma filha, que por outro lado, a adota como mãe. Deus controlou através da sua soberania os acontecimentos, de modo a trazer amor e segurança àqueles que confiaram nele, ao mesmo tempo que entrelaçava suas vidas com o propósito que tinha para o mundo.

 

ESBOÇO DO LIVRO

 

I. Introdução: Noemi perde todo o que tinha (1.1 – 5)

II. Noemi volta de Moabe (1.6 – 22)

A. Rute apega-se a Noemi (1.6-18)

B. Rute e Noemi voltam a Belém (1.19-22)

III. Rute e Boaz encontram-se nos campos da colheita (cap.2)

A. Rute começa a trabalhar (2.1-7)

B. Boaz demonstra bondade para com Rute (2.8-16)

C. Rute volta a Noemi (2.17-23)

IV. Rute vai a Boaz na eira (cap.3)

A. Noemi dá instruções a Rute (3.1-5)

B. Boaz compromete-se a conseguir a redenção (3.6-15)

C. Rute volta a Noemi (3.16-18)

V. Boaz combina seu casamento com Rute (4.1-12)

A. Boaz encontra-se com um parente anônimo (4.1-8)

B. Boaz compra as propriedades de Noemi e anuncia o casamento com Rute

(4.9-12)

VI. Conclusão: Noemi recebe de volta tudo o que perdera (4.13-17)

VII. Epílogo: Genealogia de Davi (4.18-22)

 

O TEXTO MAIS DIFÍCIL

 

O texto que talvez nos traga maior suspense, se assim podemos dizer, é aquele que narra a decisão do resgatador em abrir mão deste direito (cf. 4.1-12). A transação legal entre Boaz e o parente resgatador mais próximo na presença dos anciãos junto à porta da cidade exemplifica uma negociação exclusivamente masculina daquele tempo. Rute estava sendo trocada como se fosse um bem de Elimeleque e um instrumento para dar continuidade à linhagem do sogro falecido (4.5). O parente resgatador se mostrou disposto a arrematar a propriedade pertencente a Elimeleque, mas recusou-se casar com Rute (4.6). No final deu tudo certo. Boaz arremata a propriedade e se casa com Rute e a história tem um final feliz (4.9,13).

 

O TEXTO QUE MAIS TOCOU O MEU CORAÇÃO

 

O que dizer da atitude de Rute de se deitar junto de Boaz à noite? Seguindo o conselho de Noemi, sua atitude, a princípio, pode-nos parecer leviana:”Lave-se, perfume-se, vista sua melhor roupa e desça para eira” (3.3). Mas não foi. Os fatos comprovam a história. Tanto Rute quanto Boaz eram pessoas íntegras.

Em primeiro lugar, o conselho dado por Noemi à sua nora, visa claramente ao propósito de recorrer à obrigação de Boaz como parente. Rute falou por si mesma, tomou coragem e pediu que Boaz agisse como parente-resgatador e se casasse com ela. Boaz também era um homem íntegro. Ele aceita a proposta de Rute, sem entretanto, coabitar com ela: “Agora, pois, minha filha, não tenhas receio; tudo quanto disseste eu te farei, pois toda a cidade do meu povo sabe que és mulher virtuosa” (Rute 3.11).

Referências bibliograficas:

Bíblia de Estudo NVI / organizador geral Kenneth Backer; co-orgnizadores Donald Burking… [et. Al]. – São Paulo: Editora Vida, 2003.

Comentário Bíblico Africano / editor geral Tokunboh Adeyemo. – São Paulo: Mundo Cristão, 2010.

Comentário Bíblico: Vida Nova / D. A Carson … [et. Al]. – São Paulo: Vida Nova, 2009.

 

JOSÉ MAURÍCIO CUNHA DO AMARAL