] DANIEL Número de capítulos: 12 Tempo para a leitura: 1 hora e 45 minutos INTRODUÇÃO O profeta Daniel, cujo nome significa "Deus é meu juiz", foi levado em cativeiro por Nabucodonosor na primeira leva de deportados no ano de 605aC, juntamente com seus amigos Hananias, Misael e Azarias. O livro que leva o seu nome é incluído entre os profetas, mas difere destes pelo fato de não conter mensagens proclamadas em nome do Senhor. Por outro lado, embora contenha uma série de narrativas, inicialmente históricas e depois de revelações que lhe são feitas, o livro de Daniel também não poderia ser classificado como um livro histórico, a exemplo de Reis e Crônicas, pois não tem qualquer preocupação de mostrar o quadro histórico geral, limitando-se aos fatos relativos aos eventos narrados. Em função da dificuldade de correlacionar datas e nomes com as informações vindas de outras fontes, inclusive da própria Bíblia, e também por causa da fantástica acuidade com que Daniel descreve os reinos que sucedem ao babilônico, foi sugerido, por muito tempo, obviamente por pessoas descrentes da Bíblia, que o livro fosse de autoria de alguém que viveu já na era cristã. Quando da descoberta, em 1948, dos escritos de Qumran (pergaminhos que estavam escondidos em vasos de barro, numa caverna próxima ao Mar Morto), foi encontrada, também, uma cópia do livro de Daniel, cuja idade pode ser estimada em 200 a 300aC, fazendo cair por terra qualquer argumento de apoio à hipótese supracitada. Podemos dizer, portanto, que, embora diferente dos livros dos outros profetas, Daniel apresenta as mais "espetaculares" profecias já cumpridas, e várias outras, não menos interessantes, ainda por se cumprir, ao mesmo tempo em que narra histórias que caem todas no rol das favoritas da Bíblia, pela forma maravilhosa como Deus atua através do próprio profeta e de seus amigos. A TEOLOGIA DO LIVRO Como não sou teólogo e não tenho compromisso com qualquer tradição, posso dar asas à imaginação e dizer que a teologia do livro lida com a intimidade que Daniel desenvolve com seu Deus (com a recíproca totalmente verdadeira). É de suma importância para nós porque retrata exatamente a intimidade que todos queremos alcançar, pelo que se reveste de um cunho prático igualado por poucos outros livros do texto sagrado. Ao longo da parte histórica do livro, vemos um Daniel que opta por andar por fé e não por vista. Não importam as circunstâncias porque sua fé lhe diz que Deus proverá. Essa é sem dúvida a principal lição que temos que aprender se queremos andar com Deus. É necessário que aquele que dEle se aproxima creia que Ele existe e que é galardoador daqueles que O buscam (Hebreus 11.6). Esse versículo não é de natureza teórica e, sim, extremamente prática. Implica em não se deixar contaminar com as iguarias da mesa do rei (Daniel 1.5), porque Deus determinara aos judeus o cardápio que deveriam ter. Não importa se aquilo lhes era impingido. Deus proveria. Implica, igualmente, na certeza de que a Deus pertencem os segredos, bem como o desvendar dos mesmos (Daniel 2.28a). Daniel pediu ao rei um tempo para revelar o seu segredo, durante o qual ele e seus amigos dobrariam os joelhos certos de que Deus mostraria a Daniel não apenas o sonho, mas o significado do mesmo. Sem dúvida, a prática da fé impôs que Sadraque, Mesaque e Abedenego se recusassem a dobrar os joelhos a outro Deus, que não Jeová, sabendo que Ele, se quisesse, poderia livrá-los (Daniel 3.17). A forma maravilhosa como o fez nos mostra como a busca da intimidade é recíproca. A fé impõe ainda que Daniel não apenas revele a Nabudoconosor mais um sonho no capítulo 4, mas que mostra o seu amor para com ele, se esforçando por mostrar a necessidade de conversão do monarca. As palavras finais do monarca neste capítulo atestam o sucesso da pregação de Daniel. A fé impõe igualmente que Daniel reconheça o tempo de chegada do juízo de Deus ao pronunciá-lo sobre Belsazar (Daniel 5.27-28), rejeitando, ao mesmo tempo os tesouros e os bens do monarca iníquo. Finalmente, a fé é recompensada maravilhosamente quando Daniel passa uma noite na cova dos leões, mas sai ileso por ter demonstrado a exclusividade de seu culto ao Deus dos céus (Daniel 6.10). A segunda parte do livro, que aparentemente nada tem a ver com o tema, é apenas a fantástica confirmação de tudo o que foi dito até aqui no âmbito da intimidade com Deus. Deus disse que não podia esconder de seu servo Abraão aquilo que estava por fazer, tendo em vista a sua fidelidade (Gênesis 18.17-19). Ele deu testemunho de que Moisés, seu amigo com quem falava face a face, tinha revelação daquilo que estava por fazer (Amós 3.7), enquanto os filhos de Israel viam apenas os Seus feitos (Salmos 103.7). Aqui, mais uma vez, Deus faz revelações maravilhosas ao Seu servo Daniel como recompensa por sua fidelidade. A intimidade com qualquer pessoa inspira confidências. Deus também é assim. Daniel, embora listado entre os profetas menores, apresenta as profecias mais espetaculares, em termos de precisão de realização, de toda a Bíblia. A maior de todas as confidências, qual seja a data precisa do sacrifício do Messias, foi revelada a esse servo íntimo que deve servir de exemplo de inspiração para todos nós. ESBOÇO O livro de Daniel pode ser resumido como a seguir, conforme exposto em BALDWIN, J. G. Daniel – Introdução e Comentário. São Paulo: Mundo Cristão, 1983. PARTE A – Histórias O contexto histórico (1.1-21) As nações e o Deus altíssimo (2.1-6.28) Os sonhos de Nabucodonosor dos quatro reinos e do reino de Deus (2.1-49). Nabucodonosor, o tirano, vê os servos de Deus sendo socorridos (3.1-30). O julgamento de Nabucodonosor (4.1-37). O julgamento de Belsazar (5.1-31). Dario, o persa, vê Daniel sendo socorrido (6.1-28). PARTE B – Visões Daniel tem uma visão de quatro reinos e do reino de Deus (7.1-28). O segundo e o terceiro reino identificados (8.1-27). A oração de Daniel